Sistema financeiro brasileiro se mobiliza para a transição climática na COP30


Rio de Janeiro, 28 de outubro de 2025 – Em meio às negociações globais para enfrentar a crise climática, três das maiores entidades do setor financeiro no Brasil se unirão em Belém para um fórum inédito. A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA), a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) irão promover o “Fórum de Finanças Sustentáveis” no dia 12 de novembro, às 14h30, na Casa do Seguro, em Belém (PA) — evento paralelo à COP30.

CAIXA e BID

A pauta: mobilizar recursos para uma economia de baixo carbono

O principal objetivo do encontro é apresentar estratégias financeiras, instrumentos sustentáveis e parcerias nacionais e internacionais para canalizar investimentos públicos e privados em direção à transição para uma economia com menos emissões de gases de efeito estufa. O fórum reunirá autoridades públicas e executivos dos bancos, seguradoras e do mercado de capitais.

Na abertura, estarão presentes o presidente da ANBIMA, Carlos André; o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira; e o presidente da Febraban, Isaac Sidney. A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, fará a abertura do painel principal sobre como canalizar recursos à restauração de ecossistemas florestais.

Também figura no programa o diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central do Brasil, Paulo Picchetti, que abordará os desafios estruturais da transição climática.

Setores financeiros como catalisadores da mudança

Segundo Dyogo Oliveira, o fórum representa um marco porque reúne os segmentos bancário, segurador e de capitais, além de parceiros estratégicos como Climate Champions, GFANZ, Pacto Global, BID Invest, PRI e UNEP FI. A proposta é fomentar o alinhamento multissetorial para acelerar ações de adaptação e resiliência.

Carlos André destaca que “desde 2024 todas as COPs são sobre financiamento, com foco muito grande nas questões econômico-financeiras. A união de forças dos mercados de capitais, bancário e de seguros é o caminho para maximizar a canalização de recursos para projetos ligados aos temas ESG, acelerando a transição para uma economia de baixo carbono”.

Isaac Sidney reforça que o Brasil tem condição única de se tornar um hub global de soluções climáticas. Segundo ele, os bancos já criaram taxonomias próprias para mensurar os fluxos de financiamento verde, regras de autorregulação para gerir riscos de desmatamento em setores estratégicos e participaram de emissões de títulos de dívida e créditos ESG — até agosto de 2025 captaram mais de R$ 58 bilhões em operações com impacto social, ambiental e climático positivos.

Logo_COP30_ONU_SEM_LEGENDA-1-400x218 Sistema financeiro brasileiro se mobiliza para a transição climática na COP30

SAIBA MAIS: Manaus prepara Bolsa de Carbono para liderar finanças verdes

Contexto e desafios

A participação ativa do setor financeiro é considerada chave para que os compromissos climáticos avancem além do papel. As entidades afirmam que os mecanismos de incentivo e regulação devem evoluir para que o capital privado contribua de forma efetiva à mitigação e adaptação climática. Por exemplo, a CNseg participa de comissões intersetoriais com a Febraban e a ANBIMA para tratar temas como finanças sustentáveis e economia de baixo carbono.

Também relevante é a discussão sobre a Taxonomia Sustentável Brasileira, que orienta investimentos sustentáveis no país e para a qual a ANBIMA, CNseg e Febraban realizaram reunião aberta no início de 2025.

Importância da COP30 para a mobilização financeira

Em Belém, com palco montado para a COP30, o Fórum de Finanças Sustentáveis assume papel de ponte entre a diplomacia climática e o mercado financeiro. Trata-se de levar ao centro das negociações questões como o financiamento da restauração florestal, a precificação de riscos ambientais e a mobilização de cadeias produtivas sustentáveis. A presença de altos executivos evidencia que o setor financeiro pretende estar na linha de frente da transição ecológica — não apenas como espectador, mas como agente transformador.

O encontro marca um momento de convergência no Brasil: quando entidades tradicionais do sistema financeiro se comprometem abertamente com a agenda climática. O desafio agora é traduzir esse compromisso em números, produtos, instrumentos regulatórios e práticas concretas. A COP30 pode se tornar o palco onde esse movimento ganha escala — e o setor financeiro brasileiro pode mostrar ao mundo que não se trata apenas de discursos, mas de ação estruturada rumo a uma economia de baixo carbono.