Evento discute políticas públicas, bioeconomia e investimentos para impulsionar o desenvolvimento sustentável na Amazônia Legal
Desafios sociais e a construção de um novo modelo de desenvolvimento
A Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) promoveu, no dia 20 de agosto de 2025, o seminário “Planejamento do Desenvolvimento Regional: Transformando Desafios em Oportunidades”, reunindo representantes do governo federal, gestores estaduais, lideranças comunitárias, pesquisadores, universidades e o setor produtivo para debater caminhos para um desenvolvimento mais equilibrado e inclusivo na Amazônia Legal. Transmitido pelo canal oficial da Sudam no YouTube, o evento trouxe à tona temas fundamentais para o futuro da região, como os avanços do Plano Regional de Desenvolvimento da Amazônia (PRDA), os planos integrados do Marajó e do Bailique e o Programa de Desenvolvimento Científico, Tecnológico e de Inovação da Amazônia (PDCTIA). O encontro marcou um passo importante no alinhamento de estratégias de crescimento sustentável e cooperação entre governos, academia e sociedade civil.
Logo na abertura, o superintendente Paulo Roberto Dalvão da Rocha destacou a responsabilidade que a Amazônia carrega diante do Brasil e do mundo. Em um discurso firme, ele ressaltou que os desafios da região vão além da preservação da floresta e incluem a necessidade de melhorar a qualidade de vida dos 30 milhões de brasileiros que vivem na Amazônia Legal. “Nós temos o compromisso de manter a floresta em pé, mas também precisamos pensar no desenvolvimento e na dignidade das pessoas que vivem aqui”, afirmou. O superintendente lembrou que a região concentra os piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país, com destaque para situações críticas no Marajó e no Vale do Javari, onde comunidades enfrentam pobreza extrema ao lado de áreas ricas em recursos minerais. A contradição entre a abundância de riquezas naturais e a realidade de populações vulneráveis foi um dos pontos centrais da sua fala.
O evento também abordou a necessidade de repensar o modelo de desenvolvimento adotado até hoje, que, segundo Paulo Rocha, foi “pensado de fora para dentro”, priorizando grandes projetos minerais e agropecuários, mas deixando comunidades locais à margem. A proposta da Sudam é construir um planejamento regional mais participativo, integrando atores locais e respeitando as especificidades de cada território. A intenção é que o crescimento econômico esteja associado à distribuição de renda, à geração de oportunidades e à valorização das cadeias produtivas regionais, principalmente em setores como bioeconomia, inovação e ciência aplicada.

Bioeconomia, inovação e integração regional como vetores do futuro
Durante o Painel 1, conduzido por Georgiene Oliveira, diretora de Planejamento e Articulação de Políticas da Sudam, as discussões giraram em torno das perspectivas para os próximos 30 anos na Amazônia. Georgiene destacou que não é possível falar de futuro sem integrar ciência, tecnologia e gestão pública. A diretora apresentou propostas que incluem o fortalecimento dos fundos regionais, como o Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO) e o Fundo de Desenvolvimento da Amazônia (FDA), além da atração de investimentos privados voltados para inovação e cadeias sustentáveis. “A Amazônia só pode ser pensada com quem vive nela. É preciso ouvir comunidades, lideranças locais e pesquisadores para construir um futuro inclusivo e sustentável”, defendeu.
Um dos pontos de destaque foi a apresentação de dados sobre a Amazônia Legal, que ocupa 59% do território brasileiro, abrigando cerca de 29,8 milhões de habitantes, o equivalente a 13,7% da população nacional. Os investimentos previstos pela Sudam somam R$ 2,3 bilhões entre 2024 e 2027, destinados principalmente à criação de 150 polos de bioeconomia e inovação. A meta é incentivar cadeias produtivas como cacau, açaí, óleos vegetais e biotecnologia, consolidando o potencial da região para gerar riqueza sem comprometer a preservação ambiental. As universidades também desempenham papel essencial nesse processo, com pesquisas que já resultaram em soluções aplicadas diretamente na verticalização de produtos e na valorização dos conhecimentos tradicionais.
Outro eixo debatido foi o fortalecimento dos planos sub-regionais para áreas mais vulneráveis, como os arquipélagos do Marajó e Bailique. A Sudam tem apostado em uma metodologia participativa, reunindo empresários, pescadores, lideranças indígenas, trabalhadores rurais, pesquisadores e gestores públicos na mesma mesa para definir prioridades e caminhos. Essa abordagem busca garantir que o desenvolvimento seja construído a partir da realidade de cada território, valorizando o saber local e a identidade amazônica.
O seminário também reforçou a importância da bioeconomia como vetor de transformação. A integração entre ciência e inovação tecnológica vem gerando alternativas para o aproveitamento sustentável dos recursos naturais, abrindo oportunidades para comunidades tradicionais e pequenos produtores. Exemplos foram apresentados por pesquisadores que trabalham com cadeias como cacau e açaí, que hoje representam não apenas produtos de exportação, mas também novas formas de geração de renda e inclusão social.
Além das discussões técnicas, o evento teve um forte caráter político e estratégico, preparando o terreno para os fóruns estaduais que ocorrerão em setembro e outubro deste ano. Esses encontros envolverão governos estaduais, prefeituras, associações de municípios e organizações sociais, com o objetivo de consolidar propostas conjuntas que serão apresentadas durante a COP30, prevista para Belém em 2025. A expectativa é que os debates resultem em um plano integrado de desenvolvimento sustentável, capaz de alinhar interesses locais e nacionais e atrair investimentos internacionais para a Amazônia.
O seminário mostrou que a Amazônia busca protagonismo na definição do próprio futuro. Ao reunir governos, sociedade civil, academia e setor produtivo, a Sudam aposta em um modelo de desenvolvimento que respeite os limites ambientais e coloque as populações amazônicas no centro das decisões. A convergência entre planejamento, ciência e participação social surge como caminho para transformar desigualdades históricas em oportunidades, com foco na inclusão, inovação e preservação.
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