Tecnologia

SuperGround: a startup que transforma ossos em alimentos sustentáveis

Você já imaginou comer um nugget de frango feito de ossos? Ou uma bolinha de peixe feita de cabeças, peles e escamas? Essa é a proposta da SuperGround, uma startup finlandesa que desenvolveu uma tecnologia capaz de transformar tecidos duros de animais em uma pasta comestível, nutritiva e versátil.

A ideia surgiu da vontade de reduzir o desperdício de alimentos e as emissões de carbono da agricultura animal, aproveitando mais a carne, exigindo assim menos animais para serem criados para a mesma produção. Segundo o fundador e inventor-chefe da SuperGround, Santtu Vekkeli, ele tinha uma lista de problemas alimentares não resolvidos há muitos anos, e a utilização de ossos para alimentos sem produtos químicos como enzimas estava na lista há talvez oito anos.

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Para criar a pasta, a startup combinou e ajustou uma série de máquinas existentes, que trituram, aquecem e pressionam os tecidos duros, resultando em uma pasta suave e saborosa, que foi testada pela primeira vez há três anos. A SuperGround agora está procurando se associar a empresas globais de produção de alimentos entusiasmadas com sua missão sustentável.

Benefícios da pasta de ossos

A pasta de ossos tem vários benefícios, tanto para a saúde quanto para o meio ambiente. Em termos de saúde, a pasta preserva a maioria dos nutrientes da carne, como vitaminas sensíveis ao calor, em uma forma utilizável e não desnaturada. Além disso, a pasta tem aproximadamente a mesma quantidade de proteína e gordura que a carne moída, e pode ser enriquecida com outros ingredientes, como fibras, minerais e antioxidantes.

Em termos de meio ambiente, a pasta de ossos pode reduzir as emissões de carbono da agricultura animal, aumentando o rendimento de alimentos em 20 a 70 por cento. Isso significa que menos animais precisam ser criados para a mesma quantidade de comida, o que diminui o impacto ambiental da pecuária. Segundo Vekkeli, as emissões de CO2 diminuirão apenas no cenário em que o consumo de produtos de origem animal não aumente mais do que a solução da SuperGround aumenta a quantidade de alimentos disponível.

Aplicações da pasta de ossos

A pasta de ossos pode ser usada para substituir parte da carne em diversos produtos alimentícios, como nuggets, bolinhos, kebabs, hambúrgueres, salsichas, etc. A pasta é fácil de misturar com produtos alimentícios à base de músculo, sem comprometer seu sabor, cheiro e outras características, como a resistência à mordida. No entanto, a porcentagem de substituição varia de acordo com o tipo de produto e a preferência do consumidor.

Segundo a SuperGround, até 30 por cento de um nugget pode ser feito de pasta de perna, peito, ossos das costas e pontas das asas de frango. Esse número é menor do que para o peixe, no qual os inventores dizem que trocaram com sucesso até 50 por cento da massa de matérias-primas como cabeças, pele, escamas e ossos de peixe. Vekkeli explica que isso se deve ao fato de as pessoas terem uma imagem mais precisa de como os nuggets devem ter gosto em comparação com as bolinhas de peixe, por exemplo. E os produtos de peixe tendem a ser mais macios.

A startup afirma que a maior porcentagem sem alterações nas propriedades sensoriais pode ser usada em kebab de frango e bolinhas de salmão em itens de peixe. A empresa também pretende expandir sua tecnologia para outras fontes de proteína animal, como carne bovina, suína e ovina.

Desafios e perspectivas da pasta de ossos

Apesar dos benefícios e das aplicações da pasta de ossos, a SuperGround ainda enfrenta alguns desafios para popularizar sua inovação. Um deles é a aceitação do consumidor, que pode ter resistência ou repulsa em comer ossos. Para isso, a startup aposta na educação e na transparência, mostrando que os ossos são ótimos materiais para alimentos e que sua pasta é segura, saudável e saborosa.

Outro desafio é a regulamentação e a legislação, que podem variar de acordo com o país ou a região. A SuperGround precisa se adequar às normas sanitárias e aos padrões de qualidade de cada mercado que pretende atuar. Além disso, a empresa precisa lidar com a concorrência de outras soluções sustentáveis para a alimentação, como as carnes vegetais e as carnes cultivadas em laboratório.

Apesar dos desafios, a SuperGround tem uma visão otimista para o futuro. A startup acredita que sua pasta de ossos pode contribuir para uma transição alimentar mais sustentável, reduzindo o desperdício e as emissões de carbono da agricultura animal, sem abrir mão do sabor e da nutrição. A empresa também espera inspirar outras inovações no setor alimentício, que possam resolver outros problemas não resolvidos há anos.

Redação Revista Amazônia

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