Engenheiro Florestal desenvolve tecnologia que mede ocos em árvores, prevenindo queda dos vegetais


Belém, conhecida como a “cidade das mangueiras”, enfrenta um problema recorrente durante o período chuvoso da Amazônia: a queda de árvores em vias públicas. Esse cenário, além de causar transtornos, evidencia a fragilidade da arborização urbana e a necessidade de tecnologia mais eficientes para avaliar a saúde estrutural das árvores.

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Tecnologia inovadora

Pensando nisso, o professor e engenheiro florestal Eduardo Saraiva, da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), desenvolveu uma tecnologia inovadora que mede ocos em árvores de forma acessível, precisa e não invasiva. A invenção já foi patenteada pelo Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI) e promete revolucionar o manejo florestal e a gestão da arborização urbana.

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Tecnologia mede ocos em árvores de forma acessível e não invasiva

A tecnologia criada por Saraiva permite avaliar a integridade interna das árvores sem a necessidade de equipamentos caros ou da derrubada da planta. O dispositivo é simples, mas eficaz: ele mede o diâmetro dos ocos dentro do tronco, fornecendo dados técnicos que ajudam a decidir se uma árvore deve ser removida ou preservada. Essa inovação é especialmente relevante para cidades como Belém, onde a queda de árvores durante tempestades é um risco constante para a população e para o patrimônio público.

Como Funciona a Tecnologia?

O dispositivo desenvolvido pelo professor Saraiva opera em três etapas simples:

  1. Perfuração do Tronco: Utilizando uma motosserra ou furadeira, o técnico faz uma pequena abertura no tronco da árvore.
  2. Inserção do Aparelho: O dispositivo é introduzido no orifício e mede o espaço interno, determinando o diâmetro do oco.
  3. Leitura dos Dados: Com base nas medições, os profissionais podem avaliar a extensão dos danos internos e tomar decisões embasadas sobre o futuro da árvore.

O aparelho é feito de aço inoxidável e possui uma haste com um mecanismo de contato e uma régua interna para medir a distância entre as paredes do oco. Atualmente, existem dois modelos: um maior, capaz de medir ocos de até 60 centímetros de diâmetro, e outro mais compacto e leve, ideal para uso em diferentes condições de campo.

Impacto no Manejo Florestal e Urbano

No setor florestal, a presença de ocos em árvores pode comprometer a qualidade da madeira e seu valor econômico. Tradicionalmente, a avaliação desses danos é feita de forma visual e tátil, dependendo da experiência dos operadores. Com a nova tecnologia, o processo ganha precisão técnica, reduzindo erros e permitindo uma seleção mais eficiente das árvores a serem colhidas.

Já no contexto urbano, o dispositivo pode ser uma ferramenta essencial para prevenir acidentes. A queda de árvores em áreas públicas é um problema comum em muitas cidades brasileiras, especialmente durante temporais. Com a capacidade de identificar árvores com ocos ou estruturas internas comprometidas, as equipes de manejo podem agir de forma preventiva, removendo apenas as árvores que representam risco real.

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Transtornos devido queda de árvores em áreas públicas – Imagem: Silmara Lima

“O dispositivo não prevê quedas, mas fornece informações técnicas que ajudam a tomar decisões mais seguras e embasadas”, explica Eduardo Saraiva. Ele ressalta que a tecnologia não substitui a avaliação humana, mas complementa o trabalho dos profissionais, oferecendo dados concretos sobre a integridade das árvores.

Reconhecimento e Próximos Passos

A ideia da tecnologia surgiu em 2019, e a patente foi solicitada em 2020. No final de 2024, o INPI concedeu o registro, validando a originalidade e a importância da invenção. Esse reconhecimento abre caminho para a adoção da tecnologia em larga escala, tanto no setor florestal quanto na gestão urbana.

A equipe da UFRA já está em contato com instituições ligadas ao manejo florestal e à arborização urbana para realizar testes mais amplos. A expectativa é que, em breve, a tecnologia seja incorporada a políticas públicas de gestão ambiental, contribuindo para a segurança das cidades e a sustentabilidade dos recursos florestais.

Um Avanço para a Engenharia Florestal e a Sociedade

A criação dessa tecnologia representa um marco para a engenharia florestal e para a conservação da arborização urbana. Com um método simples, acessível e não invasivo, a invenção de Eduardo Saraiva pode transformar a forma como avaliamos e cuidamos das árvores, tanto nas florestas quanto nas cidades. Além de prevenir acidentes, a tecnologia promove uma gestão mais sustentável e informada, beneficiando o meio ambiente e a sociedade como um todo.

Com o reconhecimento da patente e a perspectiva de implementação em larga escala, a expectativa é que essa inovação se torne um novo padrão para avaliações florestais e urbanas, garantindo maior segurança e eficiência no manejo das árvores.