Tecnologias Sustentáveis Transformam Pecuária no Amazonas


 

A escassez de alimentos para o gado durante a estação seca, de junho a setembro, é um desafio recorrente para os pecuaristas do Amazonas. Produzir e armazenar forragem volumosa para o período seco é uma solução essencial para melhorar a produtividade da pecuária no estado. Este foi um dos principais tópicos discutidos no ‘Dia de Campo’ sobre ‘Tecnologias para Produção Pecuária Sustentável no Amazonas’, organizado pela Embrapa Amazônia Ocidental em parceria com a Secretaria Municipal de Produção Rural e Abastecimento (Sempra) de Manacapuru.

O evento, realizado na Fazenda Rancho Paraíso da Genética, no km 72 da Rodovia AM-070, em Manacapuru, atraiu cerca de 140 participantes, incluindo técnicos agropecuários, produtores rurais, estudantes, professores e profissionais do setor agropecuário. Os temas abordados incluíram manejo de pastagens, melhoramento genético, sanidade animal, implantação de capineira e produção de silagem.

Luiz Antônio Cruz, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Amazônia Ocidental, destacou a importância da pecuária para a economia do Amazonas e do Brasil. Ele enfatizou que a Embrapa e seus parceiros têm desenvolvido diversas tecnologias que permitem aos pecuaristas operar de forma sustentável, garantindo retorno econômico. “Nosso objetivo é apresentar ao pecuarista essas tecnologias que podem melhorar a sustentabilidade da pecuária no estado e mostrar que é possível recuperar áreas degradadas, tornando-as produtivas e reduzindo as emissões de gases de efeito estufa”, explicou Cruz.

Silagem como Solução Sustentável

Jeferson Macêdo, pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, explicou a importância da implantação de capineiras e da produção de silagem como alternativas principais para suplementação alimentar do rebanho durante a estação seca. Ele ressaltou que, durante a época chuvosa, as pastagens produzem uma grande quantidade de forragem, mas essa produção diminui drasticamente na estação seca, que pode durar de três a cinco meses. A suplementação volumosa torna-se então crucial para manter a nutrição adequada do gado.

Macêdo demonstrou a técnica de produção de silagem, desde o corte do capim até o armazenamento adequado. Ele mencionou que a Embrapa avaliou cinco variedades de capim-elefante em Parintins (AM), com destaque para o BRS-Capiaçu e o BRS-Canará pela alta produtividade de matéria seca. “O BRS-Capiaçu, desenvolvido pela Embrapa Gado de Leite (MG), se adapta bem a diferentes tipos de solo e tolera variações climáticas, produzindo cerca de 50 toneladas de matéria seca por hectare ao ano quando bem manejado”, afirmou o pesquisador. Ele destacou que a silagem é uma tecnologia simples, acessível a qualquer produtor.

Recuperação de Pastagens Degradadas

Vanderlei Tavares, técnico da Embrapa, discutiu a recuperação e manejo de pastagens, abordando recuperação do solo, proteção de nascentes e preservação ambiental. Ele explicou que é possível recuperar pastagens em dois a três anos com bons resultados. “No primeiro ano, começamos a trabalhar o solo, e a recuperação inicialmente lenta ganha velocidade, resultando em lucros significativos”, afirmou Tavares.

Romualdo Ramos, secretário municipal de Produção Rural e Abastecimento de Manacapuru, enfatizou o reaproveitamento de áreas degradadas para pecuária, um programa em parceria com a Embrapa que já envolve oito propriedades no município. “As tecnologias demonstram que podemos fazer pecuária no Amazonas sem desmatar novas áreas, recuperando e plantando em terras degradadas”, comentou Ramos.

A propriedade onde o Dia de Campo foi realizado é um exemplo dessas práticas. O proprietário, Ilson Nunes, que também palestrou no evento, destacou a importância da integração de tecnologias, incluindo genética de qualidade, manejo adequado e rotação de pastagens. “É possível manter até sete animais por hectare em pastos bem manejados e adubados, com análise de solo para atender às necessidades específicas”, explicou Nunes.

Sanidade Animal e Eficiência Econômica

Emílio Afonso, da Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Amazonas (Adaf), apresentou ações relacionadas à sanidade animal, incluindo alimentação, higienização das instalações, controle de doenças e cuidados preventivos para garantir produtividade com custos reduzidos.

Muni Lourenço, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas (FAEA) e do Serviço de Aprendizagem Rural (Senar-AM), destacou a importância das informações compartilhadas. “Esses conhecimentos são decisivos para alcançarmos um salto tecnológico na pecuária do Amazonas”, disse Lourenço. Ele ressaltou a necessidade de uma pecuária sustentável que concilie eficiência técnica, econômica e ambiental, aumentando a rentabilidade dos pecuaristas e reduzindo o impacto ambiental.

O evento contou com a participação de alunos de ciências agrárias da Universidade Federal do Amazonas e da Universidade Nilton Lins, técnicos de extensão rural do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Amazonas (Idam) e do Senar de vários municípios, além de produtores rurais.

O Dia de Campo foi concluído com demonstrações de inovações na produção e conservação de forragens de alta qualidade na Fazenda Nilton Lins, no km 69 da rodovia Manuel Urbano.


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