A divulgação do resultado do edital Tecnova III marca um novo capítulo na política de inovação do Pará. A iniciativa, conduzida pela Fapespa em parceria com a Finep, não apenas distribui recursos: ela busca reorganizar o ambiente de inovação do Estado, criando condições para que micro, pequenas e médias empresas avancem na criação de soluções tecnológicas capazes de fortalecer a economia regional.

Com mais de R$ 12,7 milhões destinados ao programa, o edital selecionou 23 propostas entre 54 submetidas. Todas passaram por etapas rigorosas de análise — desde requisitos formais até avaliação de mérito — para garantir que os investimentos se concentrem em projetos alinhados às estratégias paraenses de desenvolvimento científico, tecnológico e socioeconômico.
Ao estimular a criação de produtos, serviços e processos inovadores, o Tecnova III reforça uma diretriz que tem ganhado peso na política pública local: inovação não é acessório, é motor de competitividade e soberania econômica.
Fomento que alcança o chão das empresas
O desenho do programa parte de uma lógica concreta: inovação só avança quando há condições para que pequenas empresas assumam riscos tecnológicos. A subvenção econômica prevista pelo edital cobre tanto despesas de custeio quanto investimentos em capital necessárias ao desenvolvimento dos projetos. Cada proposta pode solicitar entre R$ 318 mil e R$ 489,2 mil — valores significativos para negócios que, muitas vezes, têm boas ideias mas pouca margem para financiar seus experimentos.
Segundo o diretor científico da Fapespa, Deyvison Medrado, a intenção é clara: apoiar o desenvolvimento de soluções inovadoras que não apenas dialoguem com o mercado nacional, mas que encontrem ressonância com os setores estratégicos definidos pelo governo estadual. Trata-se, portanto, de induzir um ecossistema de inovação que responda às necessidades e particularidades da economia paraense.
Os recursos utilizados vêm majoritariamente do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), complementados por investimentos próprios do Governo do Pará. Com isso, o Estado fortalece sua presença em uma política nacional que ocorre de forma descentralizada e mobiliza praticamente todas as unidades da federação.

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Capacitação e internacionalização: inovação como trajetória, não apenas projeto
Um dos diferenciais da edição atual é o reforço no apoio à formação das equipes que executarão os projetos. Para além do repasse financeiro, o programa reserva recursos específicos para capacitações, trilhas de aceleração e ações de internacionalização. A lógica é simples, mas estratégica: inovação depende de conhecimento, e conhecimento depende de qualificação contínua.
Em 2023, a Fapespa credenciou aceleradoras e agências especializadas em negócios internacionais, criando uma rede de parceiros capaz de oferecer suporte técnico às empresas selecionadas. Agora, cada negócio aprovado poderá escolher a proposta que melhor se ajusta ao seu estágio de maturidade e ao tipo de inovação que pretende desenvolver.
Esse desenho amplia o impacto do edital. Ele não se limita ao financiamento pontual de protótipos, mas consolida uma trajetória de fortalecimento empresarial. A expectativa é que os projetos apoiados gerem negócios robustos, aptos a competir e a expandir sua atuação para além das fronteiras nacionais.
Uma agenda conjunta para um desenvolvimento mais sustentável
Para o presidente da Fapespa, Marcel Botelho, o programa expressa um movimento coletivo em direção a uma economia de base tecnológica, sustentável e ambientalmente responsável. A articulação entre o Governo do Estado, a Fapespa e entidades empresariais demonstra que inovação, responsabilidade socioambiental e competitividade não são agendas concorrentes — são, na verdade, peças complementares de um modelo de desenvolvimento que mira o futuro sem perder de vista as necessidades locais.
O Tecnova III, ao privilegiar setores estratégicos, busca criar empresas mais preparadas, competitivas e conectadas às demandas contemporâneas. De um lado, incentiva soluções economicamente viáveis; de outro, estimula a produção de tecnologias que respondam aos desafios ambientais e sociais do Pará. Assim, o programa se firma como um instrumento que não apenas financia projetos, mas redefine a vocação inovadora do Estado.










































