Belém (PA) – A abertura do Espaço Teia da Gente, criado pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), marcou o início de uma presença territorializada e afetiva da instituição na COP30. Instalado no Edifício Cristal Corporate, o espaço começou suas atividades em 11 de novembro e se firmou, desde o primeiro dia, como um ambiente pensado para acolher encontros que costuram saberes, trajetórias e demandas concretas de territórios amazônicos e cerratenses.

Na cerimônia de inauguração, lideranças comunitárias, parceiros institucionais e organizações da sociedade civil reforçaram o papel que o IEB vem desempenhando no apoio às comunidades da região. Edneide Barbosa, liderança de Breves (PA), sintetizou esse sentimento ao lembrar que o trabalho do instituto levou formação, saneamento e reflorestamento a dezenas de famílias. Seu relato ecoou como um reconhecimento da importância da presença continuada de organizações que acompanham de perto os processos sociais, ambientais e políticos da Amazônia.
O Teia da Gente nasceu justamente para isso: ser um ponto de encontro entre mundos que, embora muito próximos, frequentemente se veem afastados pelos ritmos da política e pelas complexidades da agenda climática global. A proposta é simples e profunda ao mesmo tempo. O espaço não é apenas uma casa temporária do IEB na COP30; é um território simbólico no qual experiências locais dialogam com os debates que atravessam as negociações internacionais. Como destacou Manuel Amaral, coordenador executivo do IEB, a programação foi tecida de forma participativa e conectada às vivências reais da instituição em campo.

O primeiro dia de atividades, em 12 de novembro, capturou bem essa vocação. Pela manhã, o espaço recebeu um encontro dedicado aos desafios para a permanência de estudantes indígenas no ensino superior, organizado pelo Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN). O debate trouxe relatos de dificuldades enfrentadas por jovens indígenas que precisam conciliar vida acadêmica, compromissos comunitários e barreiras estruturais impostas por universidades ainda pouco preparadas para acolher a diversidade de saberes que esses estudantes carregam. Ao mesmo tempo, o diálogo ressaltou como o avanço de lideranças indígenas no campo acadêmico tem fortalecido suas vozes nas agendas climáticas, territoriais e de políticas públicas.
À tarde, o Teia da Gente se transformou novamente. Agricultores e agricultoras do arquipélago do Marajó, representantes da Malungu, do Observatório do Marajó, gestores municipais e integrantes do IEB participaram do encontro que marcou mais uma etapa do projeto Marajó Resiliente, desenvolvido em parceria com a Fundação Avina. A iniciativa busca fortalecer processos de adaptação climática nos municípios marajoaras, articulando participação social, gestão pública e soluções que partem da realidade de cada território.
A presença dos prefeitos Valentim Lucas de Oliveira (Salvaterra) e Jaime Barbosa (Cachoeira do Arari), além do secretário de Meio Ambiente de Soure, Rubens Amorim, reforçou a adesão institucional ao processo. O momento culminou na assinatura simbólica de um Acordo de Cooperação Técnica, que formaliza o compromisso para a elaboração de três planos municipais de adaptação climática. O gesto, embora simbólico, traduz o movimento crescente de municípios amazônicos em busca de instrumentos concretos para enfrentar os impactos da crise climática.
O contexto mais amplo da COP30 amplia o sentido desse trabalho. Pela primeira vez, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas acontece no Brasil e, mais que isso, na Amazônia. Belém se tornou o epicentro das discussões sobre justiça climática, sociobiodiversidade e governança territorial. Ao mesmo tempo, a cidade vive seus próprios desafios, expostos pela chegada de delegações, visitantes e temas que tensionam sua infraestrutura e políticas locais. O protagonismo de povos e comunidades tradicionais, que chegaram em sua maior delegação da história — três mil lideranças indígenas —, evidencia transformação e pressão por mudanças estruturais.
Com programação até 21 de novembro, o Teia da Gente seguirá recebendo parceiros, movimentos e instituições para rodas de conversa, debates e trocas sobre justiça climática, educação, povos de matriz africana, terreiros, sociobiodiversidade e políticas públicas inclusivas. Mais do que uma agenda, o espaço expressa o propósito central do IEB: tecer pontes entre saberes, territórios e pessoas, fortalecendo caminhos que possam sustentar o bem viver em uma Amazônia em transformação.
SERVIÇO
Espaço Teia da Gente – A Casa do IEB na COP30
De 11 a 21 de novembro de 2025
Edifício Cristal Corporate – Rod. Desembargador Paulo Frota, 1500 – Belém (PA)*








































