Vale aposta no cobre e anuncia US$ 290 milhões em novo projeto na Amazônia


A Vale S.A. (VALE3), uma das maiores mineradoras do mundo, deu um passo estratégico rumo à expansão de sua presença no mercado global de cobre.

cobre

Licença prévia para extração

A empresa anunciou nesta segunda-feira (16) que obteve licença prévia para o projeto Bacaba, localizado em Canaã dos Carajás, no sudeste do Pará, onde planeja investir aproximadamente US$ 290 milhões durante a fase de implementação.

Essa licença representa o aval inicial do processo de licenciamento ambiental, autorizando a localização e a concepção do empreendimento. Segundo a legislação, ela também define os critérios e condicionantes que devem ser cumpridos nas próximas etapas de desenvolvimento, como as licenças de instalação e operação.

O projeto Bacaba visa prolongar a vida útil do Complexo Minerador de Sossego, inaugurado em 2004 e responsável por introduzir a Vale no segmento de cobre. Com o novo investimento, a companhia projeta uma produção média anual de cerca de 50 mil toneladas de cobre ao longo de oito anos, com início previsto para o primeiro semestre de 2028.

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Fonte: portalcanaa

A empresa afirma que o projeto Bacaba é apenas o início de uma série de empreendimentos na chamada Província Mineral de Carajás, uma das regiões mais ricas em minerais do planeta. Com essa iniciativa, a Vale pretende dobrar sua capacidade de produção de cobre ao longo da próxima década — uma estratégia alinhada com a crescente demanda global por esse metal essencial à transição energética.

Cobre: o metal do futuro

O cobre tem ganhado protagonismo no cenário energético global. Por ser altamente condutor de eletricidade e calor, ele é um insumo crítico para tecnologias de energia limpa, como veículos elétricos, painéis solares, turbinas eólicas e redes elétricas modernas. De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA), a demanda global por cobre pode mais do que dobrar até 2040.

Para o Brasil, intensificar a produção de cobre significa não apenas diversificar sua pauta de exportações, hoje centrada em minério de ferro, petróleo e soja, mas também aumentar a atratividade para investimentos verdes. A presença da Vale em Carajás, somada à infraestrutura logística existente, dá ao projeto Bacaba uma vantagem operacional significativa.

Desafios ambientais e sociais

Apesar do otimismo da mineradora, a expansão de atividades extrativas em áreas de alta sensibilidade socioambiental, como a Amazônia, acende alertas entre ambientalistas e organizações da sociedade civil. Canaã dos Carajás e municípios vizinhos concentram não apenas riqueza mineral, mas também comunidades indígenas, áreas de preservação ambiental e territórios com alta biodiversidade.

Nos últimos anos, a Vale tem buscado fortalecer sua imagem de empresa responsável após os desastres de Mariana (2015) e Brumadinho (2019). O licenciamento prévio do projeto Bacaba exige da empresa uma série de estudos ambientais e o cumprimento rigoroso de condicionantes que visam mitigar os impactos ao meio ambiente e às populações locais.

Segundo especialistas em governança ambiental, a transparência no processo de licenciamento, o diálogo com comunidades afetadas e a adoção de tecnologias menos agressivas ao meio ambiente serão cruciais para garantir que a expansão da mineração de cobre não repita erros do passado.

Um novo ciclo mineral na Amazônia

O Pará tem se consolidado como um dos principais polos da mineração no Brasil, responsável por mais de 35% do valor da produção mineral do país. O projeto Bacaba se insere em um novo ciclo de investimentos que vai além do ferro, mirando metais estratégicos como o níquel, o manganês e agora o cobre.

Além da Vale, outras mineradoras internacionais também têm planos para ampliar a exploração de cobre e outros minerais críticos na Amazônia Legal. O governo federal, por sua vez, sinaliza apoio à expansão da mineração, desde que alinhada às diretrizes de sustentabilidade, descarbonização e inclusão social.

O anúncio da Vale ocorre em um momento estratégico para o Brasil, às vésperas da COP30, que será realizada em Belém em 2025. A presença do evento no coração da Amazônia reforça a importância de investimentos sustentáveis e transparentes que conciliem desenvolvimento econômico e proteção ambiental.