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Diretor da Vale cobra políticas públicas para ampliar economia circular

No Fórum Mundial de Economia Circular 2025, Bruno Pelli defende incentivos e inovação para reduzir emissões e criar processos produtivos mais sustentáveis no setor de mineração.

Economia circular como oportunidade e desafio

Durante o Fórum Mundial de Economia Circular (WCEF 2025), realizado em São Paulo nos dias 13 e 14 de maio, o diretor global de Serviços Técnicos em Mineração da Vale, Bruno Pelli, afirmou que a empresa encontra dificuldades para expandir suas iniciativas de economia circular por falta de políticas públicas de incentivo.

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Atualmente, apenas 4% das matérias-primas utilizadas pela Vale vêm de materiais circulares. Mesmo com iniciativas inovadoras para colocar no mercado produtos com menor emissão de carbono, a ausência de regulamentação favorável dificulta o avanço.

“Temos um produto com 60% menos emissão de carbono, mas precisamos misturar porque não podemos vender independentemente. Não há espaço legal para chamar de cimento se ele não vem de calcário”, explicou Pelli.

Rentabilidade e sustentabilidade podem caminhar juntas

Contrariando a ideia de que sustentabilidade implica em custos adicionais, o executivo destacou que uma das operações mais rentáveis da Vale é baseada em modelos circulares. “Muitas vezes o circular é ainda mais rentável”, afirmou.

Segundo Pelli, a adoção de processos eficientes, com baixa pegada de carbono, deve ser o foco das empresas. A circularidade deve estar presente não só no produto final, mas também em todas as etapas da cadeia de produção.

Prédios que capturam carbono: inovação como ferramenta

Para o executivo da Vale, a chave está na inovação: “Precisamos desenvolver novos produtos e processos que possibilitem a construção de prédios mais verdes, que capturem carbono e sejam, de fato, carbono negativos”.

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A afirmação reflete uma tendência global: buscar formas de transformar a construção civil, um dos setores mais emissores, em aliada da transição para uma economia de baixo carbono. Isso inclui desde novos materiais até a integração de tecnologias de captura de CO₂.

Políticas públicas como catalisador da transição

Pelli também criticou a ausência de diretrizes claras para produtos sustentáveis no mercado. “Se queremos ser mais circulares, precisamos de políticas que estimulem essa mudança. Não adianta termos produtos mais limpos se a legislação não os reconhece ou limita sua comercialização”, afirmou.

Segundo o diretor, a regulamentação precisa acompanhar a inovação para que o mercado possa evoluir com segurança jurídica, previsibilidade e incentivos adequados.

Sobre o Fórum Mundial de Economia Circular

O WCEF 2025 é organizado pelo Fundo Finlandês de Inovação Sitra em parceria com a FIESP, CNI, ApexBrasil e SENAI. Nesta 9ª edição, o evento reúne especialistas de todo o mundo no Parque Ibirapuera, em São Paulo.

O objetivo é debater soluções viáveis para um novo modelo econômico, com foco em recursos renováveis, reaproveitamento, design circular e redução de resíduos. O evento se consolidou como um dos mais importantes fóruns de economia circular da América Latina.

O papel das grandes empresas na circularidade

Empresas como a Vale têm papel crucial nesse processo. Com operações globais e grande impacto ambiental, a adoção de práticas circulares representa não só um compromisso climático, mas também uma vantagem competitiva diante de consumidores cada vez mais exigentes.

“Não é só sobre ESG ou imagem. Circularidade é sobre eficiência, inovação e competitividade”, resumiu Pelli, destacando a urgência de parcerias entre governo, indústria e sociedade civil para transformar os discursos em prática.

 

Redação Revista Amazônia

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