Tecnologia digital no combate a depressão em idosos
Um estudo inovador em Guarulhos, São Paulo, revelou que o WhatsApp pode ser uma ferramenta valiosa no combate à depressão entre idosos. A pesquisa, liderada por Marcia Scazufca da FM-USP, publicada na Nature Medicine, demonstrou que mensagens regulares pelo aplicativo podem ajudar a superar a solidão e melhorar sintomas depressivos.
O estudo envolveu 603 idosos com mais de 60 anos, todos com sintomas depressivos e usuários do SUS. Eles foram divididos em dois grupos: um de intervenção, que recebeu mensagens motivacionais e educativas do programa “Viva a Vida” duas vezes ao dia; e um grupo-controle, que recebeu apenas uma mensagem educativa. Os resultados foram claros: 42,4% dos idosos do grupo de intervenção mostraram melhora, contra 32,2% do grupo-controle.
A seleção dos participantes foi feita através do PHQ-9, um questionário que mede a gravidade da depressão. Aqueles com pontuação de 10 ou mais foram convidados a participar, abrangendo casos de depressão moderada a grave.
O “Viva a Vida” se destacou por sua acessibilidade, enviando mensagens de voz ou imagens ao invés de texto, considerando o nível de alfabetização dos idosos. A linguagem simples e direta, similar à de programas de rádio populares, e a leitura alternada das mensagens por dois artistas, Ana e Léo, tornaram o conteúdo mais atraente.
Os resultados promissores do “Viva a Vida” apontam para o potencial de intervenções digitais em saúde mental, especialmente em países de baixa e média renda como o Brasil, onde o tratamento convencional pode ser escasso. O baixo custo e a facilidade de implementação sugerem que o programa pode ser adaptado e replicado em outras regiões, ampliando o acesso ao tratamento psicossocial globalmente.
O estudo foi apoiado pela FAPESP e representa um passo significativo para a inclusão digital na saúde mental, oferecendo um modelo replicável e eficaz para o tratamento da depressão em idosos.
Vídeo do Programa Viva a Vida destinado a idosos