As Mulheres na mineração

Autor: Redação Revista Amazônia

Há tempos as mulheres vêm ocupando papel de destaque em diversos segmentos econômicos, industriais e de pesquisa. Uma das primeiras talvez tenha sido a aviadora Amelia Earhart que se tornou a primeira mulher a completar um voo solo sem paradas sobre o Oceano Atlântico. Em 1928, com mais três pessoas, cruzou o Atlântico pilotando uma aeronave. Em 2024, eis que surgem duas outras heroínas ocupando destaque, desta vez, no setor mineral: Ana Sanches e Lúcia Travassos da Rosa Costa.

Ana Sanches, mineira, CEO da Anglo American, é formada em Economia pela UFMG (Universidade Federal do Estado de Minas Gerais), em Belo Horizonte e Ciências Contábeis pela Fumec. Graduada em economia pela UFMG e ciências contábeis pela Fumec. Possui 27 anos de experiência em finanças, auditoria, planejamento estratégico e desenvolvimento de novos negócios. Tem MBA em Finanças pelo Ibmec e Educação Executiva pela Harvard Business School, Columbia University e London School of Economics

Foi escolhida pela Revista Brasil Mineral como Personalidade do Ano do Setor Mineral 2024, com 41,2% dos votos recebidos dos leitores. Mais do que destacar a contribuição profissional para o desenvolvimento do setor mineral no período recente, a escolha de Ana Sanches reflete, especialmente, o novo cenário da mineração brasileira, que tem se esforçado para ser cada vez mais inclusivo e diverso. Antes havia diversas categorias e atualmente a premiação visa apenas um nome entre aqueles que foram indicados pelo Conselho Consultivo da Brasil Mineral.

Ana Sanches foi escolhida pela excelente gestão do seu trabalho como Presidente da Anglo American Brasil, reforçando a afirmação feminina em cargos de direção no segmento mineral, bem assim por sua efetiva atuação como presidente do Conselho Diretor do Ibram, sendo ela a primeira mulher a ocupar tal posto no órgão mineral.

Ana Sanches ingressou na Anglo American em 2012, durante a implementação do projeto Minas- Rio. Entre 2015 e 2021 foi Chief Financial Officer (CFO) das operações de minério de ferro e níquel no Brasil. Em 2018, foi nomeada como uma das mulheres mais influentes na mineração global pelo Women in Mining e, em 2019, ganhou o prêmio Equilibrista do Ibef-MG, como diretora financeira de destaque. Em 2021, se mudou para Londres, na Inglaterra, e, além de seu cargo de CFO das divisões Técnica, Sustentabilidade, Projetos e Desenvolvimento na sede global da empresa, acumulou também, em 2022, o papel de diretora interina da área de Projetos de Capital do Grupo.

Sua premiação será coroada em 25 de novembro, na sede da FIEMG, juntamente com o Fórum “O Papel do Setor Mineral no Enfrentamento das Mudanças Climáticas” e a entrega do troféu às Empresas do Ano do Setor Mineral 2024.

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Outra mulher, a geóloga Lúcia Travassos da Rosa Costa, está sendo premiada com a medalha de ouro Pandiá Calógeras. Formada pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Lúcia tem doutorado em geotectônica e evolução crustal pela mesma instituição, em parceria com a Universidade de Ciências de Montpellier (França) e ingressou no Serviço Geológico do Brasil (SGB), sucessor da tradicional CPRM, em 1996, atuando em diversos projetos geológicos na Amazônia. Ocupou o cargo de gerente de Geologia e Recursos Minerais da Superintendência Regional de Belém (2012­2017) e chefe do Departamento de Geologia (2017-2022), sendo responsável pela coordenação nacional de programas de mapeamento geológico e geologia regional, além de liderar equipes de pesquisadores de todas as unidades da empresa. Atualmente é assessora da Diretoria de Geologia e Recursos Minerais. Tem atuado em diversas ações estratégicas do SGB, a exemplo da implantação da Plataforma do Mapeamento Geológico, do Programa de Residência em Ciências da Terra e do Balanço Social da empresa.

Participou de projetos como Mapeamento Geológico e Integração Geológica Regional no Pará e Amapá. Coordenou projetos de mapeamento geológico e avaliação de potencial metalogenético de Províncias Minerais Amazônicas (Carajás, Tapajós, Gurupi e Renca), e de pesquisa de minerais críticos, agrominerais e insumos para construção civil. Entre 2017 e 2022 esteve à frente do Departamento de Geologia, sendo responsável pelo planejamento e gestão de Programas de Mapeamento Geológico no Território Nacional.

Sua premiação ocorreu durante o 51° Congresso Brasileiro de Geologia (CBG ), quando recebeu a medalha de ouro Pandiá Calógeras, concedida pela Sociedade Brasileira de Geologia (SBG), em reconhecimento à sua trajetória de contribuição para o desenvolvimento das ciências geológicas no Brasil. “Estou muito honrada com este reconhecimento pela Sociedade Brasileira de Geologia, mas ressalto que, embora a medalha concedida seja nominal, estou representando um grupo muito grande de pessoas, todas aquelas que, de alguma forma, contribuíram na minha trajetória profissional. E foram muitas!”, destacou Lúcia, que também integra o Conselho Consultivo da Revista Brasil Mineral.

Dois excelentes exemplos de lideranças femininas emergidas de suas competências, mas que representam toda uma gama de profissionais que existem dispersas nos mais diversos campos da mineração e porque não dizer em todos os segmentos onde o ser humano atua. Ao concluir este artigo é possível observar dois grandes horizontes: um, aquele onde o ser feminino era apenas coadjuvante, exercendo papel secundário e outro, atual, em que as mulheres disputam com competência e dignidade seu espaço profissional, enchendo de orgulho sua classe, as equipes de trabalho e toda a sociedade

Geólogo Alberto Rogério Benedito da Silva


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