Países da Europa sofreram os maiores prejuízos por catástrofes climáticas em 2024


Em 2024, as catástrofes climáticas no mundo, inclusive na Europa, causaram enormes danos financeiros, com os dez eventos mais dispendiosos resultando em perdas superiores a 4 bilhões de dólares (cerca de 3,8 bilhões de euros). Um estudo da organização humanitária Christian Aid revelou que o continente europeu sofreu três dos desastres mais custosos, com destaque para a tempestade Boris, que afetou a Europa Central, e as inundações na Alemanha e na Espanha.

Screenshot 2025 01 06 155643
Imagem: Maciej Kulczynski/EPA

Esses números refletem os prejuízos cobertos por seguros, o que indica que os custos reais podem ser ainda maiores. Além disso, os danos humanos causados por esses fenômenos muitas vezes não podem ser quantificados de forma precisa, como destaca a organização.

O relatório também menciona outros desastres meteorológicos extremos que não alcançaram o valor necessário para figurar entre os dez mais caros, mas que, igualmente devastadores, afetaram milhões de pessoas, especialmente em países com menos acesso a seguros e dados mais limitados.

A professora Joanna Haigh, especialista em Física Atmosférica no Imperial College de Londres, destaca a urgência de ações mais eficazes para combater as mudanças climáticas. “Este relatório é um lembrete alarmante de que as mudanças climáticas não podem ser ignoradas e continuarão a piorar até que tomemos medidas concretas para mitigá-las”, afirma. “Governantes que minimizam essa crise só prejudicam suas populações e geram sofrimento global.”

EUA enfrentam os maiores danos financeiros

O estudo identificou os Estados Unidos como os mais afetados pelos desastres climáticos em 2024. O furacão Milton, ocorrido em outubro, foi o evento mais dispendioso, com prejuízos de 60 bilhões de dólares (aproximadamente 57,5 bilhões de euros) e 25 vítimas fatais. Em seguida, o furacão Helene, que atingiu os EUA, Cuba e o México, causou danos de 55 bilhões de dólares (53 bilhões de euros) e 232 mortes.

O impacto das tempestades foi tão grande que, mesmo excluindo os furacões, outras tempestades convectivas resultaram em perdas superiores a 60 bilhões de dólares (57,5 bilhões de euros), além de 88 vítimas.

Em 2024, nenhuma região do mundo ficou imune às catástrofes climáticas. As inundações na China, por exemplo, causaram danos de 15,6 bilhões de dólares (15 bilhões de euros) e mataram 315 pessoas. No Sudeste Asiático, o tufão Yagi, que afetou vários países, resultou em mais de 800 mortes.

Europa também foi severamente afetada

A Europa registou três dos desastres mais onerosos, com a tempestade Boris e as inundações na Alemanha e Espanha totalizando 13,87 bilhões de dólares (13,5 bilhões de euros) em danos. Estes eventos causaram 258 mortes, sendo 226 apenas nas inundações de Valência, em outubro.

Screenshot 2025 01 06 154827
Imagem: Emilio Morenatti/AP

Embora o Reino Unido não tenha figurado entre os dez primeiros deste ano, a Agência Ambiental britânica alertou, em dezembro, que até 2050, um quarto das propriedades da Inglaterra (cerca de 8 milhões) poderão estar sujeitas a inundações, devido aos efeitos das mudanças climáticas.

Catástrofes climáticas mais devastadoras nos países mais pobres

Embora as maiores perdas financeiras tenham ocorrido em países mais ricos, que possuem maior cobertura de seguros e ativos valiosos, países mais pobres também foram duramente atingidos. Muitas vezes, esses locais não têm seguro para se proteger contra desastres climáticos e os danos humanos são incalculáveis.

Entre os eventos mais devastadores, destaca-se o ciclone Chido, que causou grandes destruições nas ilhas de Mayotte, em dezembro, com um número de vítimas estimado em mais de mil pessoas. A grave seca na Colômbia reduziu drasticamente o nível do rio Amazonas, ameaçando a subsistência das comunidades indígenas. As ondas de calor no Bangladesh afetaram 33 milhões de pessoas e intensificaram a crise humanitária em Gaza.

A África Ocidental também foi severamente atingida por inundações que afetaram mais de 6,6 milhões de pessoas em países como Nigéria, Chade e Níger. Já na África Austral, a pior seca da história causou danos a mais de 14 milhões de pessoas em países como Zâmbia, Malawi, Namíbia e Zimbábue.

A necessidade urgente de ação climática

Screenshot 2025 01 06 155749A Christian Aid alerta para a necessidade de uma ação global urgente para combater as emissões de carbono e acelerar a transição para fontes de energia renováveis. A organização defende que é essencial fornecer financiamento aos países vulneráveis, cujos recursos são limitados, para enfrentarem os efeitos devastadores das mudanças climáticas.

Patrick Watt, diretor executivo da Christian Aid, salienta que “as catástrofes estão sendo intensificadas pelas escolhas políticas de continuar a usar combustíveis fósseis e permitir o aumento das emissões”. Ele acrescenta que, em 2025, é crucial que os governos ajam para acelerar a transição ecológica e cumprir suas promessas de redução de emissões e financiamento de soluções climáticas.

“Essas tragédias climáticas são um alerta para o futuro, caso não acelere a transição para um mundo livre de combustíveis fósseis”, afirma Watt. “Elas também destacam a urgência de medidas de adaptação, especialmente em regiões do Sul Global, onde os recursos são escassos e as populações estão mais vulneráveis aos impactos dos fenômenos climáticos extremos.”


Edição atual da Revista Amazônia

Assine nossa newsletter diária