Embaixador André Corrêa do Lago é nomeado para presidir a COP30 em Belém


A nomeação do embaixador André Corrêa do Lago para presidir a COP30, conferência climática que ocorrerá em Belém, foi recebida com otimismo pela coordenação do Observatório do Clima. A escolha do diplomata, aliado à nomeação de Ana Toni para a Secretaria de Mudança do Clima, é vista como uma aposta acertada, dado o perfil altamente qualificado da dupla para conduzir a missão de promover a ação global contra as mudanças climáticas.

Currículo

Corrêa do Lago, com vasta experiência em negociações multilaterais, terá a responsabilidade de lidar com desafios complexos em um cenário onde o aquecimento global já ultrapassa os limites estabelecidos pelo Acordo de Paris. Ao mesmo tempo, enfrentará uma geopolítica que frequentemente se opõe à ação climática e à colaboração internacional.

A COP30 terá um papel crucial em reafirmar a relevância dos processos multilaterais para enfrentar o maior desafio coletivo da humanidade. Entre as prioridades, estão a aceleração da implementação do Acordo de Paris e o cumprimento das metas estabelecidas no Balanço Global, que exige que a eliminação gradual dos combustíveis fósseis comece ainda nesta década.

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Metas nacionais dos países (NDCs) para 2035

Além disso, a conferência precisará alinhar as metas nacionais dos países (NDCs) para 2035 ao objetivo de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C – um compromisso que, até o momento, não está sendo atendido pelas NDCs propostas. Outro desafio será concluir negociações importantes, como o Objetivo Global de Adaptação, e encontrar formas de mobilizar bilhões de dólares anuais para apoiar a crise climática nos países em desenvolvimento.

Contudo, esses avanços precisam acontecer em um contexto de crescente desconfiança e cooperação reduzida entre os países, especialmente após o fracasso da COP29. A liderança da União Europeia está em declínio e os Estados Unidos têm se mostrado resistentes às iniciativas climáticas. Nesse cenário, a dupla presidência da COP30 terá que navegar pela turbulência geopolítica, além de lidar com questões internas.

Nomeação

A demora de Lula em definir o nome do presidente da conferência indica uma falta de consenso no governo, o que levanta questionamentos sobre o compromisso do Planalto com o evento, especialmente considerando a postura mais ativa demonstrada pelo presidente em 2022, quando parecia disposto a assumir a liderança climática global. Essa incerteza gera ainda mais pressão sobre a definição da agenda e a construção de alianças entre os países.

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O Observatório do Clima, enquanto se prepara para colaborar com o embaixador André Corrêa do Lago, reafirma a importância de um trabalho conjunto entre governo e sociedade civil para o sucesso da COP30. Em sua jornada, a presidência da conferência contará com o apoio e as boas vibrações do Observatório, reconhecendo a necessidade de coragem e determinação para superar os desafios que se avizinham.

Observatório do Clima

Fundado em 2002, o Observatório do Clima é a principal rede da sociedade civil brasileira dedicada à agenda climática, composta por mais de uma centena de organizações, entre ONGs, institutos de pesquisa e movimentos sociais. Seu objetivo é promover um Brasil mais sustentável, igualitário e livre de carbono, comprometido com a luta contra a crise climática. Desde 2013, o Observatório publica anualmente o SEEG, a estimativa das emissões de gases de efeito estufa do Brasil.


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