Em tempos em que a realização de grandes eventos é constantemente questionada pelo rastro ambiental que pode deixar, a Glocal Amazônia 2025, que começa no dia 28 de agosto em Manaus, pretende mostrar que há alternativas concretas para transformar esse cenário. A proposta da organização é simples de enunciar, mas ousada de executar: montar toda a estrutura do encontro com materiais reciclados, reaproveitados ou de baixo impacto ambiental, provando que a sustentabilidade pode estar presente do palco aos brindes.
Mais do que uma feira de debates, palestras e experiências sobre a Amazônia e o futuro do planeta, o evento se propõe a ser também um exemplo vivo de práticas sustentáveis. Cada detalhe, desde a comunicação visual até a logística energética, foi pensado para reduzir emissões, poupar recursos e sensibilizar o público.
Quem circular pelo espaço perceberá que a cenografia não é apenas estética, mas também pedagógica. Palcos, painéis e mobiliário serão produzidos com madeira de reflorestamento certificada, bambu e OSB — placas feitas a partir de resíduos de madeira que ganham nova vida no formato de superfícies resistentes. As estruturas metálicas, como o box truss de alumínio, também não são novidade recém-produzida: foram reaproveitadas de outros eventos, mostrando que a criatividade e o reuso podem reduzir drasticamente a pegada ambiental.
Na comunicação visual, a lógica é a mesma. Lonas recicladas, tintas à base d’água e placas de PET reciclado vão compor a identidade do evento. Parte da sinalização será digital, em painéis de LED, uma escolha que diminui o consumo de papel e plástico e aponta para uma tendência cada vez mais forte no setor de eventos.
Brindes que ensinam
Os brindes e kits distribuídos ao público deixam de lado o caráter descartável tão comum nesse tipo de encontro. Em vez de canetas plásticas ou panfletos que rapidamente viram lixo, a Glocal oferece itens que podem ser incorporados ao dia a dia: copos reutilizáveis ou biodegradáveis, sacolas de algodão cru, cadernos de papel reciclado, garrafas de alumínio ou vidro. Cada objeto carrega consigo uma mensagem de permanência e responsabilidade.
Outro diferencial está na ambientação do espaço. Plantas naturais em vasos reutilizáveis farão parte da decoração, mas, ao final do evento, não serão descartadas: serão replantadas ou doadas, prolongando o ciclo de vida. Pallets transformados em mobiliário e tecidos de algodão orgânico ou reciclado em cortinas, painéis e uniformes reforçam a narrativa de que a sustentabilidade não é apenas uma diretriz, mas um fio condutor.

Energia limpa e operação consciente
Se a cenografia é um manifesto, a operação do evento não poderia ficar atrás. A Glocal 2025 optou por iluminação 100% em LED, consumo reduzido de energia e geradores movidos a biodiesel. Além disso, pontos de recarga e iluminação terão fontes temporárias de energia solar, mostrando que as soluções renováveis já podem atender às demandas de eventos de grande porte.
A gestão de resíduos também é central. Todo o espaço contará com coleta seletiva, organizada para garantir que papel, vidro, plástico e metais tenham destino adequado. Assim, o impacto ambiental do evento não termina quando as luzes se apagam.
O que se desenha, portanto, é mais do que uma conferência. A Glocal Amazônia 2025 quer se firmar como um laboratório vivo, onde práticas sustentáveis deixam de ser apenas discursos e se materializam em cada detalhe. Ao transformar cenários, brindes e até a operação logística em exemplos concretos, o evento não apenas transmite conhecimento, mas oferece experiências tangíveis de como é possível alinhar grandes encontros com os princípios da economia circular.
Em um momento em que a Amazônia está no centro das atenções globais, a escolha de Manaus como palco para esse experimento não é fortuita. É a própria floresta, com sua abundância e também sua fragilidade, que inspira a busca por soluções. Mostrar que é possível realizar um evento de impacto internacional com baixo impacto ambiental é uma forma de colocar o Brasil — e a Amazônia — na vanguarda da inovação sustentável.
Assim, a Glocal não se limita a reunir especialistas, gestores e ativistas. Ela transforma sua própria infraestrutura em mensagem. Uma mensagem clara: sustentabilidade não é um tema lateral, mas pode e deve estar no centro da experiência coletiva.
saiba mais: Cidades costeiras do Brasil buscam sustentabilidade com iniciativa de certificação






































