Ministro diz que Brasil não corre risco energético hoje


O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, assegurou nesta terça-feira (14) que o Brasil não enfrenta risco energético — e descreveu como “pontual e momentânea” a queda de energia registradas em estados das cinco regiões do país. Ele atribuiu o evento a falhas técnicas na infraestrutura do Sistema Interligado Nacional (SIN), e não a um déficit de geração elétrica.

Paulo Pinto/ Agência Brasil

Durante participação no programa Bom Dia, Ministro, organizado pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Silveira reforçou que apagões são caracterizados por falta de capacidade de geração — condição que, segundo ele, não se aplica ao cenário atual. Ele recordou a crise de 2001, quando escassez hídrica comprometeu reservatórios e levou ao racionamento nacional, e disse que o país, hoje, está longe desse patamar.

Interrupção em cadeia: incêndio, desligamentos e recuperação

De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), por volta de 0h32 ocorreu um incêndio em um reator da Subestação de Bateias, no Paraná, que desligou toda a instalação de 500 kV e provocou aplique de carga equivalente a cerca de 10 000 MW nos quatro subsistemas: Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e Norte.

Na ocasião, a região Sul exportava cerca de 5 000 MW para o Sudeste / Centro-Oeste, e o desligamento abrupto provocou um desequilíbrio que acionou o Esquema Regional de Alívio de Carga (ERAC) — mecanismo de proteção que interrompe partes da rede de forma controlada para evitar colapsos sistêmicos.

Segundo o ONS, o restabelecimento ocorreu de forma gradual: em até 1h30min, as regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste voltaram ao normal, enquanto o Sul foi totalmente restabelecido cerca de 2h30 após o evento.

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Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

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Entre a percepção pública e realidade técnica

Silveira argumentou que o uso popular da palavra “apagão” pode gerar confusão em episódios como este. Ele disse que um apagão técnico — termo estrito — ocorre quando falta geração suficiente para atender à demanda. No caso atual, não houve escassez de geração. “Essa interrupção foi pontual, de origem técnica no sistema, e durou cerca de 1h30min”, disse o ministro.

Segundo ele, o sistema elétrico brasileiro — hoje fortemente interligado e sustentado por geração diversificada (hidroelétricas, termelétricas e outras fontes) — oferece “energia suficiente para a demanda do país”. Ele citou que em 2021, uma situação equivalente ocorreu, mas naquela época se deveu a falhas no planejamento de usinas térmicas, algo que ele afirma ter sido sanado no atual modelo.

Por que essa falha provocou apagão generalizado?

Especialistas e registros da imprensa apontam que, apesar da ocorrência ser localizada, ela desencadeou efeitos em cadeia — principalmente porque a subestação atingida tinha papel estratégico de interconexão entre regiões.

Com a interrupção de 10 000 MW de carga, o sistema reagiu desligando trechos em diferentes estados para conter desequilíbrios. O consumo no momento chegou a 72 GW de demanda, segundo Silveira, o que torna a perda de energia expressiva em relação ao total.

Após acionar proteções automáticas, o ONS atuou junto aos agentes de operação e distribuição para restaurar a normalidade. Segundo Silveira, esse tipo de incidente faz parte da “resiliência do sistema”, que é projetado para enfrentar contingências sem comprometer o sistema como um todo.

Lições, limites e o que monitorar

O episódio expôs fragilidades pontuais no sistema de transmissão e a dependência que ele tem de componentes críticos como subestações de alta tensão. Embora o ministério minimize seu impacto sobre a capacidade de geração, ele serve como alerta para manutenção, modernização e investimento em infraestrutura de rede.

Também será importante monitorar os relatórios técnicos resultantes da análise da perturbação — o Relatório de Análise da Perturbação (RAP), que está previsto para ser elaborado nos próximos dias pelo ONS. Uma reunião preliminar já foi anunciada com agentes do setor para apurar causas e responsabilidades.

Para reforçar sua tese, Silveira recorreu à comparação histórica: “Não é o caso agora” — ele quer distanciar o episódio das crises energéticas de 2001 e 2021. No entanto, para muitos analistas, o evento revela que, por mais que a geração esteja segura, a robustez da rede elétrica e a confiabilidade da transmissão são igualmente determinantes para evitar apagões.

O Brasil atravessou uma noite com queda de energia em grande parte do país, mas, segundo as autoridades, não foi um apagão no sentido clássico. Para o governo, a integridade da capacidade energética permanece. Agora cabe à investigação técnica aprofundada — e à capacidade do sistema de se blindar diante de falhas pontuais — evitar que episódios semelhantes se repitam.

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