Às vésperas da COP30, marcar presença no ambiente educacional tornou-se estratégia essencial — e o Observatório do Clima (OC) embarca nessa missão com o projeto Estação Central da COP. A iniciativa foi pensada para munir professores, gestores e coletivos pedagógicos com ferramentas — físicas e digitais — que permitam inserir nos currículos escolares o debate sobre mudanças climáticas, justiça ambiental e o papel transformador da participação juvenil.

O ponto de partida é simples: acessar a plataforma da Estação Central da COP, inscrever-se e ter acesso imediato ao kit digital com conteúdos elaborados por especialistas em clima. Posteriormente, quem desejar poderá concorrer ao envio do kit impresso, limitado em número de unidades, ao realizar uma atividade com estudantes e registrá-la em vídeo. O prazo para envio desses vídeos vai até 27 de outubro de 2025, com sugestão de que cada produção contenha também uma mensagem da comunidade escolar para a COP30.
Ao transformar salas de aula em “estações” de debate e descoberta, o projeto visa dialogar com estudantes do ensino fundamental (últimos anos) e do ensino médio, fomentando curiosidade sobre os fenômenos climáticos e a urgência de respostas sociais, políticas e científicas. Os kits incluem um guia passo a passo para implantação da Estação, materiais de ambientação (como cartazes, bandeiras, adesivos e bottons), e conteúdos de estudo — como o almanaque climático, o guia ilustrado “Eunice”, um álbum de figurinhas temático, um guia do Acordo de Paris e textos introdutórios sobre a COP.
Não se trata apenas de distribuir conteúdo: o OC aposta em multiplicação ativa. Ao solicitar o kit físico, o educador deve colocar os materiais em prática, criar oficinas, rodas de conversa, exposições ou atividades criativas e registrar o resultado em vídeo. As produções são exibidas nos canais da Estação Central e são também uma vitrine para boas práticas pedagógicas territoriais — uma forma de valorizar iniciativas locais e inspirar outras escolas.

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Há um duplo propósito nesse esforço: primeiro, ampliar o acesso a conteúdos educativos confiáveis e bem construídos; segundo, conectar a lógica curricular com os desafios globais, contribuindo para que jovens compreendam que decisões tomadas na COP também reverberam no cotidiano local — nas cidades, nas florestas, nas periferias. A coordenadora de engajamento e mobilização do OC, Joana Amaral, sintetiza essa ambição ao afirmar que o projeto busca “circular informações relevantes, acessíveis e fortalecer o protagonismo dos jovens na compreensão e defesa ambiental”.
Outro ponto importante do projeto é seu alinhamento com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Os materiais foram concebidos para dialogar com metas de aprendizagem, como o incentivo à consciência socioambiental, ao reconhecimento das transformações climáticas e à construção de autonomia reflexiva em face de cenários ambientais regionais e globais.
O Observatório do Clima, fundado em 2002, é uma rede consolidada na agenda ambiental brasileira. Conta hoje com 162 organizações de diversas áreas (sociedade civil, institutos de pesquisa, movimentos socioambientais) e coordena projetos como o SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa). Desde 2013, o SEEG tem disponibilizado dados sobre emissões nacionais, setoriais e locais, servindo como base técnica e informativa para políticas, pesquisas e educação.
Ao investir em educação climática num momento de alta visibilidade — com a realização da COP30 em Belém — o OC busca ampliar a conscientização ambiental no país. Se o palco formal da conferência exigirá negociações diplomáticas e políticas, a Estação Central da COP aposta numa ocupação cidadã da sala de aula: cada aluno que compreender melhor o clima, cada estudante que questionar políticas ambientais, cada mensagem enviada à COP30 constitui uma peça do diálogo mais amplo entre ciência, sociedade e poder.
Pois a crise climática não se debate apenas em conferências internacionais: ela conquista espaços também no cotidiano escolar. E se, até agora, o tema já convivia com lacunas curriculares e resistências, iniciativas como essa mostram que é possível tornar a sala de aula parte ativa do debate climático — e não apenas receptora passiva de conteúdos.
A COP30 será palco de grandes decisões e compromissos globais. Se, dentro do pavilhão, governos e delegações negociam metas, nas escolas, jovens bem informados podem ampliar o alcance dessas decisões. A Estação Central da COP é um caminho para aproximar esses mundos — conectar diplomacia e viva experiência local —, formando cidadãos capazes de transformar realidade e pedir conta das escolhas climáticas de agora e de amanhã.









































