Modelos agroflorestais têm potencial para preservar e recuperar áreas produtivas na Amazônia

Autor: Redação Revista Amazônia

Participantes da segunda plenária-síntese dos Diálogos Amazônicos, orientada ao debate sobre saúde, soberania e segurança alimentar e nutricional na região, os ministros Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) e Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome) apontaram a adoção de sistemas agroflorestais (SAFs) como modelo alternativo para a produção sustentável e redução do desmatamento no território.

“Juntos com o MDS e o Ministério de Meio Ambiente, nós queremos oferecer programas de agroflorestas — florestas produtivas — que você possa recuperar e restaurar parte do que foi destruído ao longo desses anos, com produção que vai dar rentabilidade, para a agricultura familiar e mais desenvolvimento, a partir da articulação de políticas públicas”, adiantou Teixeira, destacando parceria estratégica entre as pastas para promover a conciliação da produção de alimentos com o desenvolvimento e as contribuições para o clima que a Amazônia pode dar.

Os SAFs são modelos produtivos que combinam o plantio de árvores com cultivos agrícolas (ou criação de animais) e são considerados adequados para a Amazônia, porque conciliam a agricultura com a conservação dos recursos naturais. São exemplos de agroflorestas na região os consórcios de mogno com pimenta-do-reino, as florestas plantadas de paricá em sistema silvipastoril, bem como os consórcios silvipastoris de eucalipto com pasto e os SAFs em área de várzea.

De acordo com Teixeira, o Brasil chegará à COP 30, em 2025, não com promessas, mas com entregas efetivas das ações que já estão sendo adotadas pelo Governo Federal. O titular do Desenvolvimento Agrário detalhou algumas dessas medidas e citou programas que anteriormente não chegavam à região Norte, mas que passaram a ser direcionados para os territórios.

O ministro citou o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) que não abrangia a região e agora já é realidade para os estados da Amazônia Legal. “Estamos comprando agora de comunidades indígenas, quilombolas, extrativistas e ribeirinhos até porque a cultura alimentar é o que eles produzem”.

Foto: Audiovisual/PR
Foto: Audiovisual/PR

Não haverá desmatamento na agricultura familiar. Por isso, o crédito vai para práticas sustentáveis. Quem quiser fazer florestas produtivas com açaí, cacau, castanha, café terá juros menores para essa produção de natureza sustentável
PAULO TEIXEIRA
Ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar

CRÉDITO PARA AGRICULTURA FAMILIAR — O Plano Safra também está sendo modelado para a região com o intuito de estimular o investimento em florestas produtivas, tendo em vista a sociobiodiversidade, pensando na preservação ambiental em conjunto com a melhoria de vida das cerca de 30 milhões de pessoas que vivem na região.

“Não haverá desmatamento na agricultura familiar. Por isso, o crédito vai para práticas sustentáveis. Quem quiser fazer florestas produtivas com açaí, cacau, castanha, café terá juros menores para essa produção de natureza sustentável. Isso é, vamos acabar com o desmatamento e restaurar essas áreas com agroflorestas. Esse é o centro da nossa estratégia”, reforçou o ministro, acrescentando que o financiamento será associado a um programa de assistência técnica e extensão rural, e regularização fundiária da terra. “Vai garantir em médio e longo prazo maior sustentabilidade das práticas agrícolas”, acrescentou.

ASSISTÊNCIA TÉCNICA — O ministro Wellington Dias destacou os juros diferenciados para as práticas sustentáveis, com juros de 0,5% para mulheres, pelo Pronaf B, e desconto de 40% para pagamento em dia. Ele apontou a fiscalização como um ponto importante desse processo e ressaltou que a assistência técnica é também uma estratégia importante para verificar se os objetivos estão sendo cumpridos.

Os dois ministros ressaltaram a importância de os povos da Amazônia estarem sendo ouvidos no processo de definição de seus futuros. “Essa cúpula vai ser muito importante porque a máxima é: ‘nada sobre nós sem nós’. Por isso o diálogo com todos os atores da Amazônia, para que participem do desenho desse processo de desenvolvimento”, frisou Teixeira. “O Brasil está ouvindo quem mora na Amazônia, não só na Amazônia brasileira porque o que acontece nos outros países interessa — e devemos prestar contas uns aos outros, e ao mundo”, completou Dias.


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