Ibama inspeciona maior embarcação sísmica do mundo e reforça rigor ambiental nas pesquisas marítimas


O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizou, na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, uma vistoria técnica no Ranform Titan, a maior embarcação de pesquisa sísmica do mundo. O navio, de bandeira norueguesa e pertencente à empresa global de aquisição de dados geofísicos TGS, estava em manutenção e abastecimento antes de iniciar suas atividades na Bacia Sedimentar de Pelotas, no sul do Brasil, onde deve começar a operar no dia 24 de novembro.

Divulgação

A ação, conduzida pela equipe da Diretoria de Licenciamento Ambiental do Ibama, teve como foco verificar o cumprimento das condicionantes estabelecidas na Licença de Pesquisa Sísmica emitida pela autarquia. Trata-se de uma etapa crucial para garantir que a operação siga padrões ambientais rigorosos, mitigando os impactos sobre ecossistemas marinhos sensíveis.

O Brasil é reconhecido por possuir um dos marcos regulatórios mais avançados do mundo no licenciamento de atividades sísmicas, um campo que exige constante inovação e vigilância. As normas nacionais buscam assegurar que as pesquisas de prospecção de petróleo e gás natural sejam conduzidas de forma sustentável, conciliando o avanço científico e energético com a proteção da biodiversidade marinha.

Vigilância ambiental e mitigação de impactos

Durante a inspeção, técnicos do Ibama avaliaram itens que vão desde o gerenciamento de resíduos e emissões atmosféricas até o controle de espécies exóticas invasoras e a redução dos impactos acústicos sobre cetáceos e tartarugas. Também foram observados os protocolos de segurança e capacitação da tripulação para garantir condutas sustentáveis a bordo.

A licença emitida pelo Ibama exige uma série de medidas mitigadoras inovadoras, entre elas:

  • monitoramento e reabilitação de animais marinhos encalhados em áreas próximas às operações;

  • implementação de dispositivos para evitar colisões de aves com cabos e estruturas rebocadas;

  • controle de ruídos submarinos gerados pelos equipamentos sísmicos;

  • e uso de telemetria por satélite para acompanhar os padrões de ocorrência e deslocamento de mamíferos marinhos mergulhadores de profundidade.

Essas ações, além de reduzir os impactos ambientais diretos da pesquisa sísmica, contribuem para ampliar o conhecimento científico sobre a fauna marinha brasileira e seus ecossistemas. O Ibama ressalta que cada licença concedida é acompanhada por monitoramento contínuo, que orienta ajustes e aprimoramentos durante a execução dos projetos.

777519bd-8ced-4481-8b6d-725f64d619d8-400x182 Ibama inspeciona maior embarcação sísmica do mundo e reforça rigor ambiental nas pesquisas marítimas
Foto: Dilic/Ibama

SAIBA MAIS: O Ibama sob escrutínio: audiência em Rondônia expõe tensões entre regulação ambiental e produção rural

Como funciona a pesquisa sísmica

A pesquisa sísmica é a primeira etapa da cadeia de exploração de petróleo e gás natural. Nesse processo, canhões de ar comprimido rebocados pelo navio emitem pulsos acústicos que se propagam pelas camadas geológicas do fundo do mar. O eco desses sons é captado por hidrofones — sensores também rebocados pela embarcação — que registram o retorno das ondas sonoras após refletirem nas formações rochosas.

Esses dados são processados e transformados em mapas tridimensionais do subsolo marinho, permitindo identificar possíveis reservatórios de hidrocarbonetos e orientar as fases seguintes da exploração, como a perfuração de poços exploratórios.

Embora o método seja essencial para a indústria de energia, ele também levanta preocupações ambientais. O ruído submarino pode interferir na comunicação e na navegação de animais marinhos sensíveis, como baleias e golfinhos. Por isso, o Ibama adota protocolos rigorosos para garantir que a prospecção sísmica ocorra com responsabilidade e sob supervisão científica permanente.

Tecnologia norueguesa a serviço da eficiência

O Ranform Titan, embarcação norueguesa operada pela TGS, representa o que há de mais avançado em tecnologia sísmica global. Com 24 bobinas de serpentina e seis lanças independentes de emissão acústica, o navio é capaz de operar com alto desempenho e segurança mesmo em condições climáticas adversas.

Essa configuração técnica permite ampliar a área de varredura geofísica, reduzindo o tempo de operação e, consequentemente, diminuindo a pegada ambiental da atividade. A bordo, sistemas automatizados de lançamento e recolhimento dos equipamentos otimizam o uso de energia e minimizam riscos à tripulação e à fauna marinha.

Licenciamento ambiental de ponta

O Brasil ocupa posição de destaque entre os países que mais evoluíram na gestão ambiental da prospecção sísmica. O Ibama mantém um corpo técnico altamente qualificado, que atua desde a análise de risco até o acompanhamento em campo das operações. O licenciamento envolve planos de emergência, relatórios de impacto, auditorias ambientais e protocolos de observação de fauna, garantindo um processo transparente e baseado em evidências científicas.

Ao vistoriar o Ranform Titan, o Instituto reafirma seu compromisso com a governança ambiental, com a segurança energética e com a proteção da biodiversidade marinha — princípios que colocam o país na vanguarda da transição para uma economia mais responsável e equilibrada.