Amazônia avança rumo ao mercado global com novas startups


A presença do Sebrae na Green Zone da COP30 ganhou um novo peso estratégico com o lançamento do Inova Amazônia Global Edition, edital que inaugura uma etapa internacional para pequenos negócios de base florestal. A iniciativa busca transformar empresas amazônicas inovadoras em competidoras globais, conectando-as a mercados, fundos de investimento e centros de conhecimento que moldam a nova economia verde mundial.

Divulgação/Sebrae

A proposta do edital é ambiciosa: selecionar 80 empreendimentos que já passaram por etapas anteriores de aceleração e demonstraram maturidade tecnológica, modelo de negócio sólido e potencial real de escalar operações para fora do país. Esses selecionados irão embarcar em uma jornada intensiva que articula capacitações, mentorias especializadas, rodadas de negócios e missões internacionais, além de acesso privilegiado a investidores que procuram soluções de impacto ambiental com base em bioeconomia.

O movimento sinaliza uma mudança de patamar no posicionamento da Amazônia no cenário global. A região, tradicionalmente vista apenas pelo prisma de seus recursos naturais, passa a ser apresentada como berço de empresas capazes de desenvolver tecnologias, produtos e modelos de produção que unem conservação e competitividade. Segundo o diretor técnico do Sebrae, Bruno Quick, o foco agora é acelerar negócios que já provaram sua viabilidade e conectá-los ao que há de mais avançado no mercado global. Essa aproximação é vista como decisiva para consolidar cadeias produtivas sustentáveis que valorizem a floresta em pé e ampliem o protagonismo econômico da região.

Histórias recentes mostram que essa estratégia não nasce do zero. O próprio Inova Amazônia já impulsionou trajetórias que atravessaram fronteiras. Entre os exemplos mais emblemáticos está a Engenho, criadora do chamado “café de açaí”, que saiu do estágio de protótipo para alcançar prateleiras nos Estados Unidos, na Europa, na Austrália e em países da América Latina. O caso demonstra a capacidade de transformar frutos amazônicos em produtos sofisticados, capazes de dialogar com tendências contemporâneas como alimentação saudável, inovação alimentar e sustentabilidade.

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Outro exemplo é o da Saboaria Rondônia, que construiu uma cadeia produtiva com forte impacto social, baseada em bioativos como buriti e copaíba. Instalado em área rural, o empreendimento consolidou uma rede de fornecimento que fortalece comunidades extrativistas e promove geração de renda entre mulheres da região. É um retrato de como o conhecimento tradicional, quando aliado à inovação, pode se desdobrar em produtos de alto valor agregado com forte conexão territorial.

Desde sua criação em 2021, o Inova Amazônia vem acumulando números que ajudam a explicar por que a iniciativa está pronta para um salto global. São 409 empresas aceleradas, 660 ideias apoiadas e R$ 16 milhões em bolsas concedidas. Um indicador especialmente relevante é que 17% das participantes depositaram patentes, demonstrando capacidade de pesquisa e diferenciação tecnológica. Além disso, 22% receberam algum tipo de investimento e 31% iniciaram processos de internacionalização, uma pista clara de que o potencial de expansão não só existe como vem sendo trabalhado com consistência.

O lançamento do Global Edition dentro da COP30 não foi por acaso. A conferência se tornou uma vitrine mundial para soluções socioambientais, reunindo governos, investidores e instituições preocupadas com modelos de desenvolvimento que garantam preservação e prosperidade. Nesse ambiente, iniciativas que estruturam negócios baseados no uso sustentável da floresta ganham atenção e recursos. A aposta é transformar a Amazônia em polo de inovação verde, criando um ecossistema que permita que pequenas empresas alcancem o cenário internacional com competitividade.

Para os empreendedores selecionados, a nova etapa representa muito mais que capacitação: é a oportunidade de dialogar com fundos que buscam projetos robustos de impacto ambiental, acessar mercados que valorizam produtos rastreáveis e construir redes globais que aceleram a inserção internacional. Para a Amazônia como um todo, significa ampliar rotas econômicas que dependem da floresta viva, geram renda local, estimulam pesquisa e posicionam a região na economia climática que se consolida no século XXI.

Os detalhes completos do edital estão disponíveis na página oficial do Inova Amazônia.