Maranhão leva informação sobre HIV e Aids para dentro dos serviços de saúde


Informação como cuidado: o Dezembro Vermelho para além das campanhas

Em um país onde o acesso à informação ainda define quem vive mais e melhor, ações educativas em saúde seguem sendo tão estratégicas quanto medicamentos e exames. Foi com esse entendimento que o Governo do Maranhão intensificou, neste mês de dezembro, as atividades do Dezembro Vermelho, levando informações seguras sobre HIV, Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis para dentro dos serviços públicos de saúde. Em São Luís, uma dessas ações aconteceu na Unidade de Especialidades Odontológicas Sorrir Praia Grande, transformando um espaço tradicionalmente associado ao cuidado bucal em um ponto de escuta, orientação e prevenção.

Divulgação - Ag. Maranhão

A iniciativa integra a mobilização coordenada pela Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão, a SES Maranhão, que em 2025 adotou o tema “Nascer sem HIV e Viver sem Aids”. Mais do que um slogan, a proposta reforça uma abordagem contínua, baseada em prevenção combinada, diagnóstico precoce e cuidado permanente. O foco não é apenas alertar para riscos, mas oferecer caminhos concretos para a proteção da saúde sexual e reprodutiva da população.

Prevenção combinada e diálogo direto com a população

Durante a atividade no Sorrir Praia Grande, equipes técnicas da SES dialogaram diretamente com usuários da unidade, esclarecendo dúvidas sobre métodos de prevenção e estratégias de rastreamento das infecções sexualmente transmissíveis. O contato direto permitiu abordar, de forma acessível, temas que ainda carregam estigmas e desinformação, como o uso correto da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e da Profilaxia Pós-Exposição (PEP).

Ao contrário de ações pontuais baseadas apenas na distribuição de materiais informativos, a proposta foi criar um espaço de escuta qualificada. Profissionais de saúde conversaram com as pessoas atendidas, respeitando suas histórias, dúvidas e contextos de vida. Essa escuta ativa é considerada essencial para que a informação não apenas chegue, mas seja compreendida e incorporada ao cotidiano.

Para a Coordenação de Infecções Sexualmente Transmissíveis e Hepatites Virais da SES, o Dezembro Vermelho funciona como um catalisador de práticas que já fazem parte da rotina da rede pública. A campanha amplia a visibilidade dessas ações e reforça o compromisso do Estado com o acesso universal à prevenção, ao tratamento e à qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV.

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Divulgação – Ag. Maranhão

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Saúde que circula: ações nos territórios e nos serviços

A atividade no Sorrir Praia Grande não é um evento isolado. Ela faz parte de uma agenda mais ampla que se estende por diferentes espaços sociais ao longo do mês. Estão previstas rodas de conversa sobre sexualidade e prevenção combinada em universidades, ações de testagem rápida e vacinação em unidades da rede estadual de saúde, além de atividades educativas em ambientes privados de liberdade.

Essa capilaridade reflete uma estratégia de saúde pública que reconhece a diversidade dos territórios e das populações. Ao levar informação para onde as pessoas estão, o Estado amplia o alcance das políticas de prevenção e reduz barreiras históricas de acesso ao diagnóstico e ao cuidado. O encerramento da campanha, previsto para o dia 17 de dezembro, contará com o webinar “Contexto atual: HIV e Aids no Maranhão”, reforçando o diálogo entre gestores, profissionais e sociedade.

A campanha estadual mobiliza os 217 municípios maranhenses, com atenção especial aos territórios considerados prioritários. O objetivo é fortalecer ações integradas que ampliem o acesso ao diagnóstico precoce, ao tratamento oportuno e ao acompanhamento contínuo, em consonância com os princípios do Sistema Único de Saúde, o SUS.

Informação que rompe tabus e salva vidas

Para quem participa das ações, o impacto vai além da consulta ou do atendimento pontual. A auxiliar de faturamento Érica Mendes, de 40 anos, destaca que iniciativas como essa ajudam a romper o silêncio que ainda envolve o tema das infecções sexualmente transmissíveis. Segundo ela, muitas pessoas crescem sem espaço para diálogo sobre sexualidade, seja na família ou na escola, o que perpetua dúvidas e preconceitos.

Levar essas orientações para dentro das unidades de saúde contribui para ampliar a compreensão sobre HIV, sífilis e outras IST, criando um ambiente mais acolhedor e informativo. A informação, quando circula, se multiplica. Uma pessoa orientada tende a compartilhar o conhecimento com familiares e amigos, ampliando o alcance da prevenção.

Na avaliação do Núcleo de Educação Permanente do Sorrir Praia Grande, a articulação com a SES fortalece o cuidado integral. A unidade, vinculada à rede estadual, atua há cerca de dois anos em parceria com as ações educativas, incorporando a promoção da saúde como parte da rotina. A enfermeira Camylla Rodrigues ressalta que a orientação não se limita ao mês de dezembro. Ao contrário, ela se prolonga no tempo e no território, alcançando comunidades inteiras.

Ao transformar espaços de atendimento em pontos de educação e diálogo, o Governo do Maranhão reafirma que a prevenção é uma prática cotidiana. No Dezembro Vermelho, a informação deixa de ser apenas campanha e se consolida como instrumento de cuidado, autonomia e defesa da vida.