Água potável para a Ilha do Combu
À medida que se aproxima a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), a realidade da população da Ilha do Combu, próxima a Belém, ainda é marcada pela falta de acesso à água potável. Em resposta a essa necessidade urgente, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) uniu forças com outras entidades, como a Cooperativa Mista da Ilha do Combu (Coopmic), o Projeto Saúde e Alegria e a startup Composta Belém. Juntas, essas organizações lançaram uma iniciativa para fornecer filtros de balde, que purificam a água, às famílias da região, começando pela comunidade do Murucutú. A tecnologia foi trazida pela organização humanitária internacional Water is Life, que tem como missão garantir o acesso global à água limpa.
Neste primeiro momento, 300 famílias serão beneficiadas com a distribuição dos filtros em agosto. Contudo, a demanda na região é muito maior, e o objetivo é alcançar até 2.000 famílias. Para isso, as organizações buscam parceiros que possam ajudar a ampliar o projeto. A vida de moradores como Lucíola Rodrigues, que precisa navegar por dez minutos de barco para obter água de um poço de qualidade duvidosa, será transformada por essa iniciativa.
Essa ação faz parte de um esforço mais amplo do MAB para melhorar o acesso à água potável na região metropolitana de Belém. Cleidiane Vieira, da coordenação do MAB, destaca a importância da organização comunitária para pressionar por políticas públicas que garantam infraestrutura adequada e qualidade de vida. “Estamos aqui para atender uma necessidade urgente, que é o acesso à água de qualidade. Mas, além disso, buscamos organizar as famílias para reivindicar políticas públicas que garantam esse direito de forma permanente”, explica.
A Tecnologia do Filtro de Balde
A tecnologia implementada pela Water is Life é um filtro de balde equipado com uma membrana de ultrafiltração de 0,1 mícron, capaz de remover 99,99% de vírus, bactérias e outras impurezas da água. O sistema é simples de instalar, fácil de manter e pode garantir água potável por anos, graças à sua função de retrolavagem. Com capacidade para filtrar 1 litro de água por minuto, o filtro atende às necessidades diárias de uma família.
Desde o início da semana, as comunidades da ilha vêm recebendo capacitação sobre o uso adequado dessa tecnologia. Baruk Bendito, envolvido na implementação do projeto, ressalta o impacto positivo que o acesso à água limpa pode ter, especialmente na saúde infantil, permitindo que as crianças se concentrem nos estudos e contribuam para o desenvolvimento econômico local.
Colaboração em Rede
A ação só foi possível graças à colaboração entre várias organizações dedicadas à melhoria das condições de vida nas comunidades amazônicas. Além do MAB e da Water is Life, a iniciativa conta com o apoio do Projeto Saúde e Alegria, que atua há mais de 35 anos na Amazônia promovendo saúde, educação e desenvolvimento sustentável; da startup Composta Belém, que busca soluções inovadoras para problemas socioambientais; e da Cooperativa Mista da Ilha do Combu (Coopmic).
Jussara Salgado, coordenadora do Programa de Infraestrutura Comunitária do Projeto Saúde e Alegria, destaca a importância dessa atuação conjunta. “Nossa região enfrenta uma contradição enorme no acesso à água. Muitas comunidades tradicionais não têm esse direito básico. Através dessa ação colaborativa, estamos trazendo uma solução simples e eficaz para mudar essa realidade”, conclui.