COP30 lança agenda de ação para acelerar soluções climáticas globais


A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém do Pará, anunciou a programação oficial de sua Agenda de Ação, um dos pilares estratégicos do evento. A proposta busca transformar compromissos internacionais em medidas concretas, mobilizando governos, empresas, cidades e comunidades em torno de um verdadeiro mutirão global pelo clima.

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Mais do que um espaço paralelo às negociações políticas, a Agenda de Ação representa o elo entre a diplomacia climática e a prática cotidiana de sustentabilidade. Idealizada sob a coordenação da Presidência da COP30 e dos Campeões de Alto Nível para o Clima, Dan Ioschpe e Nigar Arpadarai, em parceria com a Parceria de Marrakesh, a iniciativa pretende acelerar a implementação de soluções já em curso e dar transparência aos impactos positivos alcançados em diferentes regiões do planeta.

Da diplomacia à prática: um novo ciclo de implementação climática

A Agenda de Ação nasce inspirada nos resultados do Primeiro Balanço Global (Global Stocktake – GST-1), mecanismo previsto no Acordo de Paris para avaliar, a cada cinco anos, o cumprimento das metas de redução de emissões e adaptação climática. O diagnóstico apresentado pelo GST-1 é claro: embora haja avanços, o mundo ainda está distante das metas necessárias para limitar o aquecimento global a 1,5°C.

Com base nessa constatação, a Presidência da COP30 propôs que os resultados do Balanço Global sejam traduzidos em seis grandes eixos temáticos e trinta objetivos estratégicos, estruturados para gerar impacto real e mensurável. Esses eixos orientam a nova fase de compromissos multilaterais, com ênfase em energia limpa, transição justa, adaptação, biodiversidade, finanças sustentáveis e resiliência urbana.

A ambição da Agenda é reunir o que antes se via de forma dispersa: ações locais, compromissos empresariais, investimentos públicos e iniciativas da sociedade civil. Ao colocá-los sob uma mesma plataforma, a COP30 pretende criar um ecossistema de colaboração que ultrapasse fronteiras políticas e ideológicas.

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Marcelo Camargo/Agência Brasil

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Um mutirão global pela ação climática

Durante os dias de conferência em Belém, a Agenda de Ação ganhará vida em dezenas de eventos temáticos, painéis e mesas-redondas. Nesses espaços, lideranças empresariais, representantes de governos subnacionais, cientistas, povos indígenas e ativistas debaterão caminhos para acelerar a transição ecológica e social.

A presença ativa de estados e municípios brasileiros, além de governos locais de outros países amazônicos, reforça a dimensão descentralizada da COP30. Os debates abordarão desde soluções tecnológicas de baixo carbono até o fortalecimento de cadeias produtivas sustentáveis na floresta.

Segundo os organizadores, o objetivo não é apenas discutir metas, mas apresentar projetos, tecnologias e colaborações que possam ser replicadas globalmente. Trata-se de um esforço para conectar o nível macro da governança climática ao micro da ação territorial — a essência do conceito de “mutirão global pelo clima”.

O papel dos Campeões de Alto Nível

Dan Ioschpe, empresário e membro do conselho do World Business Council for Sustainable Development, e Nigar Arpadarai, especialista em diplomacia climática do Azerbaijão, são os responsáveis por articular a ponte entre a política oficial da COP e o universo de atores não estatais.

Ioschpe destaca que a Agenda de Ação é a chance de demonstrar que as soluções para a crise climática não dependem apenas de acordos formais, mas também da convergência entre setores econômicos e sociais. Arpadarai, por sua vez, enfatiza a importância de dar visibilidade às iniciativas já existentes — das cooperativas amazônicas que restauram florestas às cidades que implementam planos de neutralidade de carbono.

Belém como símbolo e vitrine

Sediar a COP30 na Amazônia tem um valor simbólico inegável. A região concentra tanto os desafios quanto as oportunidades da transição climática global. A realização da Agenda de Ação em Belém reforça a ideia de que o futuro sustentável precisa nascer também dos territórios historicamente afetados pelas mudanças climáticas e pela desigualdade socioambiental.

Com a programação inicial já disponível no portal oficial da COP30, o calendário será atualizado continuamente, incorporando novas iniciativas e projetos até o início da conferência. A expectativa é que essa agenda de compromissos práticos deixe um legado duradouro — não apenas para a Amazônia, mas para toda a governança climática internacional.

A Agenda de Ação da COP30, mais do que um documento técnico, é um convite para que o mundo passe da promessa à prática, da meta à transformação, do discurso à ação concreta.