Sociobioeconomia do Amapá ganha destaque global na COP30


Em um dos momentos mais simbólicos da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), o Amapá apresentou-se ao mundo como um laboratório vivo de sustentabilidade, inovação e biodiversidade. O estande do estado, inaugurado nesta terça-feira (11), em Belém (PA), marcou o início de uma programação intensa com mais de 150 apresentações de projetos e iniciativas voltadas à sociobioeconomia, ao desenvolvimento verde e à valorização das comunidades tradicionais.

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O evento também foi palco do lançamento do Plano de Apoio à Sociobioeconomia, que consolida políticas públicas voltadas à geração de renda sustentável, integração produtiva e conservação ambiental. A cerimônia contou com a presença do governador Clécio Luís, de autoridades nacionais e locais, além de um público diverso que ocupou o espaço com entusiasmo.

Uma vitrine amazônica de inovação

O estande amapaense tornou-se uma verdadeira vitrine de oportunidades. Reúne instituições de pesquisa, startups, lideranças indígenas e quilombolas, escolas famílias agrícolas e representantes dos poderes Legislativo e Judiciário, além de 14 secretarias estaduais que compartilham experiências e resultados de políticas voltadas à bioeconomia, tecnologia e cultura.

“É um momento histórico. Este espaço mostra a força do Amapá e cria oportunidades reais de negócios e cooperação internacional”, destacou Gutemberg Silva, coordenador da delegação do estado na COP30. Segundo ele, o estande simboliza uma nova fase da economia local, que alia conservação e inovação: “Queremos mensurar os resultados também em termos de parcerias e investimentos que vão permanecer após o evento.”

Entre os destaques, está o projeto Açaí Direct, liderado pelo pesquisador e professor do Instituto Federal do Amapá (Ifap), Bruno Cavalcante. A startup desenvolveu uma plataforma que conecta extrativistas, peconheiros e barqueiros diretamente a compradores de açaí, eliminando intermediários e valorizando o produto amazônico. O projeto recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amapá (Fapeap), por meio do programa Doutor Empreendedor, com investimento de R$ 50 mil. “Viemos em busca de novos investidores e parcerias. O ambiente da COP é ideal para isso”, afirma Cavalcante.

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Arte e ancestralidade como mensagem ambiental

A abertura também teve um momento de expressão artística com o artista amapaense Afrane Távora, que realizou intervenções de pintura corporal nos visitantes, simbolizando a conexão entre a arte, a natureza e a identidade amazônica. “Cada traço representa a vida que corre sob a floresta, como os rios subterrâneos que alimentam as sementes”, explicou o artista. O tradutor inglês Dan Rocha, que participou da performance, descreveu a experiência como “um encontro entre culturas, cores e energia”.

O estado mais preservado do Brasil em evidência

Com 73,5% de seu território protegido por unidades de conservação, terras indígenas e territórios quilombolas, o Governo do Amapá busca demonstrar que desenvolvimento e conservação não são conceitos opostos, mas complementares. Durante os dez dias da conferência, o estande apresentará painéis temáticos conduzidos por órgãos como o Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa), as secretarias de Ciência e Tecnologia (Setec), Cultura (Secult), Meio Ambiente (Sema), Planejamento (Seplan), Povos Indígenas (Sepi) e Relações Internacionais e Comércio Exterior (Amapá Internacional), entre outras.

O esforço é resultado de uma articulação interinstitucional, que envolve também a Agência de Desenvolvimento Econômico do Amapá (Agência Amapá) e a Fundação Marabaixo, reforçando o compromisso do estado com políticas inclusivas e sustentáveis.

A COP da Amazônia

Realizada pela primeira vez na Amazônia, a COP30 reafirma o protagonismo da região nas discussões globais sobre o clima. O Amapá chega a Belém não apenas como participante, mas como referência em gestão ambiental e inovação socioprodutiva. Sua presença expressiva no evento simboliza um modelo possível: o de um território que protege sua floresta e aposta na ciência e na cultura como motores de transformação.