Amazônia brasileira emite mais carbono que 186 países indica estudo da Infoamazônia


A floresta amazônica, símbolo mundial da biodiversidade, tornou-se também uma das maiores fontes de gases de efeito estufa do planeta. Segundo estudo da InfoAmazonia, as emissões provenientes da Amazônia brasileira superam as de 186 países-membros das Nações Unidas. No ranking global, a região só perde para sete potências: China, Estados Unidos, Índia, Rússia, Indonésia, Irã e Japão.

Amazônia Real/Reprodução

A constatação chama atenção às vésperas da COP30, que acontecerá em novembro de 2025 em Belém (PA). Embora a Amazônia não seja um país, suas emissões lhe conferem peso equivalente ao de grandes economias na discussão sobre o aquecimento global.

Uma floresta com impacto de nação

Com quase metade do território brasileiro, 49% da área nacional, a Amazônia ocupa um lugar único na geopolítica climática. Mas, diferentemente de países altamente industrializados, as emissões da região não vêm principalmente de carros, lixo urbano ou geração de eletricidade. O que transforma o bioma em um gigante do carbono é o desmatamento e a expansão da agropecuária.

As mudanças no uso do solo, responsáveis pelo avanço da fronteira agrícola, destroem a floresta e liberam enormes quantidades de dióxido de carbono. Já a pecuária contribui fortemente por meio da chamada fermentação entérica, os gases liberados pelo gado durante a digestão, principalmente metano, um poluente muito mais potente que o CO₂. Outras práticas, como o manejo inadequado do solo, ampliam ainda mais esse impacto.

Dimensão global do problema

A comparação feita pela InfoAmazonia é contundente: a Amazônia brasileira emite mais carbono do que Portugal, Espanha, França, Luxemburgo, Bélgica, Suíça e Países Baixos juntos. Também supera toda a Oceania e vai além da soma de países vizinhos como Argentina, Chile, Paraguai, Equador, Peru e Bolívia,  mesmo que parte deles também abrigue parcelas da floresta amazônica.

Esse retrato evidencia como a destruição do bioma compromete não apenas o equilíbrio climático do Brasil, mas também o das próximas gerações em escala planetária.

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Reprodução – Infoamaônia

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População pequena, impacto gigante

Menos de 20% da população brasileira vive na Amazônia. Isso significa que não são os hábitos cotidianos das pessoas que mais pesam nas estatísticas climáticas, mas sim atividades econômicas intensivas e predatórias. A floresta, com sua capacidade natural de absorver carbono, deveria atuar como aliada no combate à crise climática. No entanto, ao ser derrubada, transforma-se em fonte líquida de poluição.

A COP30 e o papel do Brasil

Às portas da COP30, o Brasil será colocado sob os holofotes. O encontro reunirá líderes globais em Belém justamente no coração da floresta que, sozinha, emite mais carbono que a maioria dos países presentes à conferência. Isso reforça a responsabilidade do governo brasileiro, por meio de instituições como o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em liderar políticas de combate ao desmatamento.

Mais do que discutir compromissos internacionais, a COP trará para dentro do território amazônico um debate urgente: como transformar a floresta em fonte de desenvolvimento sustentável, reduzindo pressões que hoje a empurram para o colapso climático.

O alerta do estudo

A análise da InfoAmazonia não deixa dúvidas: a Amazônia não pode ser vista apenas como um bioma brasileiro. Seu destino influencia diretamente o clima da Terra. Se a destruição continuar no ritmo atual, a região poderá deixar de ser a “maior floresta tropical do mundo” para se transformar em um dos maiores emissores de carbono do século.

O desafio que se impõe é político, econômico e social. O combate ao desmatamento e a transição para modelos de produção sustentáveis serão determinantes para que a Amazônia volte a ser aliada na luta contra o aquecimento global, em vez de uma ameaça à estabilidade climática mundial.