Como a Amazônia faz chover no Sudeste e salva as nossas cidades

Autor: Redação Revista Amazônia

A influência da Amazônia no clima do Brasil vai muito além de suas fronteiras. O bioma, reconhecido como a maior floresta tropical do mundo, desempenha papel crucial no regime de chuvas, na temperatura e na qualidade do ar das cidades, especialmente nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul. Entender essa conexão é essencial em tempos de mudanças climáticas e urbanização crescente.

O que é a Influência da Amazônia no Clima?

A chamada influência da Amazônia no clima se refere à capacidade da floresta de atuar como reguladora do ciclo hidrológico e térmico em grande parte da América do Sul. Segundo estudos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da National Geographic Brasil, a floresta emite bilhões de toneladas de vapor de água para a atmosfera a cada ano, funcionando como uma “bomba biótica”.

diagramaEsse processo, chamado de evapotranspiração, é a soma da água evaporada do solo e transpirada pelas árvores. O volume é tão imenso que influencia diretamente o clima urbano a milhares de quilômetros de distância.

Floresta Amazônica: A Fábrica de Chuvas do Brasil

A Amazônia é a maior produtora de vapor de água da Terra. A cada árvore que transpira, gotículas de água são liberadas para a atmosfera, formando nuvens carregadas que depois se transformam em chuva. Esse vapor é transportado por correntes aéreas, conhecidas como “rios voadores“, conceito desenvolvido pelo climatologista Antônio Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).

Esses rios voadores levam a umidade da floresta para regiões como o Sudeste, impactando diretamente a disponibilidade de água em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

Se a floresta diminui, a evapotranspiração reduz, os rios voadores enfraquecem e as chuvas da floresta para o Sudeste tornam-se mais escassas. Consequentemente, isso pode levar a crises hídricas severas e aumento da temperatura urbana.

Impactos no Regime de Chuvas

O Ciclo Hidrológico e as Cidades

O vapor d’água amazônico mantém o ciclo hidrológico em equilíbrio. Quando o desmatamento cresce, como apontado pelo MapBiomas, há quebra nesse equilíbrio. Isso impacta diretamente as cidades:

  • Redução da precipitação: Menos chuva para abastecimento de reservatórios urbanos.

  • Irregularidade climática: Aumento de secas e tempestades extremas.

  • Crises hídricas: Como a registrada em 2014-2015 no Sudeste.

O Caso de São Paulo

A crise hídrica que atingiu São Paulo em 2014 evidenciou a dependência do bioma. Pesquisas do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) indicaram que a redução de chuvas estava relacionada ao desmatamento amazônico combinado com um ano atipicamente seco.

Efeitos na Temperatura Urbana

A Amazônia atua como um gigantesco ar-condicionado natural. A floresta regula a temperatura através da absorção de calor e da liberação de umidade. O desmatamento, por sua vez, afeta essa capacidade:

  • Ilhas de calor urbano: Sem a influência refrescante da umidade da floresta, as cidades ficam mais quentes.

  • Aumento de eventos extremos: Ondas de calor intensas tornam-se mais comuns.

O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) reforça que áreas urbanas sofrerão ainda mais com o aumento da temperatura se a destruição da Amazônia continuar.

Qualidade do Ar e Saúde Pública

O ar úmido proveniente da floresta amazônica ajuda a diluir poluentes atmosféricos. Com a diminuição da floresta:

  • A qualidade do ar piora, aumentando problemas respiratórios.

  • O nível de partículas finas sobe, agravando doenças como asma e bronquite.

  • O estresse térmico aumenta, afetando idosos e crianças.

Esses efeitos já são sentidos em cidades como Manaus e Belém, que dependem da integridade florestal para manter um microclima saudável.

Chuvas da Floresta para o Sudeste: Uma Conexão em Risco

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) mostram que o Sudeste é altamente dependente da Amazônia. Sem a floresta, estima-se que São Paulo poderia perder até 40% da sua precipitação anual.

Este dado é alarmante, pois não apenas ameaça o abastecimento de água, mas também a produção agrícola, a geração de energia hidrelétrica e a estabilidade socioeconômica da região.

Como a Urbanização Agrava o Problema

Enquanto a Amazônia sofre com o desmatamento, as cidades brasileiras crescem desordenadamente. A expansão urbana leva à:

  • Supressão da vegetação local, que poderia amenizar o calor.

  • Impermeabilização do solo, que reduz a infiltração da água da chuva.

  • Aumento da poluição atmosférica, que contribui para mudanças climáticas locais.

Ou seja, ao perder a floresta e urbanizar sem planejamento, as cidades brasileiras dobram sua vulnerabilidade climática.

O que Pode ser Feito?

Diversas ações podem ser tomadas para reverter ou minimizar os efeitos:

  • Conservação e recuperação florestal: Projetos de reflorestamento e proteção da Amazônia são essenciais. Saiba mais aqui.

  • Planejamento urbano sustentável: Incentivar a arborização urbana e criar espaços verdes.

  • Redução do desmatamento ilegal: Aplicação de leis ambientais mais rigorosas.

  • Educação ambiental: Promover campanhas de conscientização sobre a importância da floresta para o clima das cidades.

A influência da Amazônia no clima das cidades brasileiras é profunda e vital. Dos rios voadores às chuvas que abastecem o Sudeste, a floresta funciona como uma engrenagem que sustenta a vida urbana. Ignorar essa conexão é colocar em risco não apenas os ecossistemas naturais, mas também a sobrevivência e a qualidade de vida de milhões de brasileiros.

O que são os rios voadores

Os rios voadores são fluxos de vapor d’água que se deslocam pela atmosfera, originados principalmente pela evapotranspiração das árvores da Floresta Amazônica. Esse vapor é transportado por correntes de ar e precipita em forma de chuva em regiões distantes, como o Sudeste brasileiro.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Segundo o site Rios Voadores, esses “cursos de água atmosféricos” são formados por massas de ar carregadas de vapor de água, muitas vezes acompanhadas por nuvens, e são propelidos pelos ventos. Essas correntes de ar invisíveis passam sobre nossas cabeças, carregando umidade da Bacia Amazônica para outras partes do Brasil.

Descubra 4 curiosidades sobre o peixe-boi da Amazônia que você nunca ouviu

Frutas nativas da Amazônia em compotas, sorvetes e sobremesas

A proteção da Amazônia é, portanto, um dever coletivo e urgente. A sobrevivência das cidades depende da saúde da floresta.


Grupo de WhatsApp

Receba notícias diretamente no seu WhatsApp, sem a necessidade de procurar em vários sites ou aplicativos. Com o nosso grupo de WhatsApp, ficar informado nunca foi tão fácil!

 

Canal de WhatsApp

Receba notícias diretamente no seu WhatsApp, sem a necessidade de procurar em vários sites ou aplicativos. Com o nosso canal de WhatsApp, ficar informado nunca foi tão fácil!

Edição atual da Revista Amazônia

Assine para receber nossas noticia no seu e-mail

* indica obrigatório

Intuit Mailchimp