As ruas de Belém, palco da COP30, tornaram-se uma galeria viva de arte e consciência ambiental. Duas instalações monumentais – Eggcident, do holandês Henk Hofstra, e A Onda, do brasileiro Eduardo Baum – convidam o público a repensar a emergência climática por meio de imagens tão belas quanto perturbadoras. As obras integram a programação especial da Virada Sustentável, o maior festival de sustentabilidade da América Latina, que chega à capital paraense com uma proposta ousada: transformar a cidade em um espaço de diálogo entre arte, ciência e futuro.

As esculturas gigantes ficarão expostas até 21 de novembro, acompanhando o encerramento das discussões oficiais da conferência. Eggcident foi instalada no Boulevard da Gastronomia, e A Onda ocupa o Complexo Turístico Ver-o-Rio, dois espaços simbólicos que conectam o cotidiano dos belenenses à urgência global da preservação ambiental.
Um planeta sob o sol
A instalação Eggcident apresenta ovos fritando ao sol em escala monumental. A cena, ao mesmo tempo lúdica e desconcertante, traduz de forma direta o aquecimento global e o impacto das ações humanas sobre o planeta. Sob o sol amazônico, a obra ganha novas camadas de sentido — um lembrete visual de que a crise climática não é abstrata, mas uma ameaça concreta ao equilíbrio da floresta e à vida que dela depende.
Criada por Henk Hofstra, artista conhecido por intervenções urbanas de grande escala, Eggcident já percorreu cidades europeias e agora ecoa na Amazônia com força simbólica renovada. A montagem em Belém é viabilizada pela Embaixada e Consulados dos Países Baixos no Brasil, como parte de uma colaboração cultural que reforça o diálogo internacional em torno da sustentabilidade e da arte pública.
O plástico que virou mar
Do outro lado da cidade, no Ver-o-Rio, o artista Eduardo Baum ergueu A Onda — uma massa azul ondulante formada por cerca de 30 mil peças plásticas recolhidas em cooperativas de reciclagem. A instalação monumental denuncia o destino invisível dos resíduos descartados de forma irregular e convida à reflexão sobre a urgência da economia circular.
Mais do que uma escultura, A Onda é um manifesto sobre a cultura do descarte e sobre a capacidade humana de transformar lixo em arte, problema em solução. A obra foi viabilizada pelo Ministério da Cultura, com patrocínio da Accor, por meio da rede Novotel — empresas que vêm investindo em ações de conscientização ambiental e redução de impactos nas cadeias do turismo e da hospitalidade.

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Arte como tradução da urgência climática
As instalações são parte de um circuito que coloca a arte como ponte entre ciência e emoção. A Virada Sustentável, em parceria com a Organização das Nações Unidas no Brasil, aposta na força da cultura para traduzir questões complexas como a mudança do clima em experiências sensoriais e participativas.
A escolha de Belém como cenário não é por acaso. Às vésperas de receber líderes mundiais, a cidade torna-se laboratório vivo de inovação, onde o debate sobre o futuro do planeta ganha cores, sons e formas. “A arte, quando ocupa o espaço público, desperta o olhar para o que muitas vezes passa despercebido”, explica a curadoria do festival, que completa 15 anos ampliando o diálogo sobre sustentabilidade e impacto social positivo.
Mais do que denunciar, as obras convidam à reconstrução de vínculos — com o ambiente, com a cidade e com o outro. Em tempos de polarização e exaustão informativa, a arte oferece uma linguagem de reconexão. Ao caminhar entre ovos gigantes fritando ou sob o fluxo plástico de uma onda imóvel, o espectador é chamado a se reconhecer parte do problema e da solução.
Uma celebração coletiva
Durante a COP30, a Virada Sustentável realiza também uma programação paralela de experiências criativas, debates e exibições audiovisuais. A proposta é aproximar o público da pauta climática com uma mensagem propositiva, mostrando que sustentabilidade pode ser sinônimo de beleza, diversidade e esperança.
As informações detalhadas das atividades em Belém estão disponíveis no site da Virada Sustentável e no perfil oficial no Instagram.
Belém, por alguns dias, transforma-se não apenas na capital da Amazônia, mas em símbolo global de um novo tipo de engajamento — aquele em que arte e ação se encontram sob o mesmo sol, buscando resfriar um planeta que pede socorro.







































