Banzeiro da Esperança: a jornada fluvial que leva as vozes da Amazônia à COP30


De Manaus a Belém, uma expedição cultural e política navega os rios amazônicos para levar mensagens de resistência, sabedoria e esperança à COP30. O “Banzeiro da Esperança”, idealizado pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e pela Virada Sustentável, é mais do que um barco: é um símbolo de união entre comunidades ribeirinhas, povos indígenas, quilombolas e jovens da floresta.

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Partindo de Manaus em 4 de novembro, o barco fará paradas em Parintins e Santarém, antes de atracar em Belém no dia 7, levando a bordo um mosaico de experiências, expressões artísticas e propostas para o futuro da Amazônia. A jornada culminará com a entrega da Carta da Amazônia, documento coletivo com recomendações sobre adaptação climática, conservação ambiental e fortalecimento da sociobioeconomia.

Uma viagem pela Amazônia real

Durante a navegação, painéis, rodas de conversa, oficinas e manifestações artísticas transformarão o barco em um espaço flutuante de aprendizado e intercâmbio. O superintendente-geral da FAS, Virgilio Viana, define a iniciativa como um ato de enfrentamento à injustiça climática: “Quem menos contribuiu para o problema é quem mais sofre seus impactos. O Banzeiro é um movimento para que essas vozes sejam escutadas no coração das negociações globais.”

A programação inclui painéis sobre a COP30 e as agendas climáticas da região, oficinas de audiovisual, murais de memórias, exposições fotográficas e momentos de escuta comunitária. Em Parintins, o barco fará uma parada especial com os bois-bumbás Caprichoso e Garantido, ícones da cultura amazônica.

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Cultura, ancestralidade e ação

Ao chegar a Belém, o “Banzeiro da Esperança” se transforma em um Centro Cultural flutuante, com exposições, apresentações musicais, performances e debates abertos ao público. Segundo André Palhano, cofundador da Virada Sustentável, a arte tem papel essencial na construção de consciência ambiental: “A cultura é uma linguagem de mobilização e esperança. Ela faz as pessoas se conectarem ao que está em jogo — o futuro do planeta.”

Um dos pontos altos da programação será a Mostra Amazônia Negra, dedicada à valorização das expressões afro-amazônicas. A agenda também trará debates sobre sociobioeconomia, oficinas de comunicação e encontros com lideranças que participaram da Jornada de Formação para a COP30, realizada desde julho com apoio de organizações comunitárias.

Mais de mil pessoas participaram dessas formações, que resultaram em 71 planos de ação climática, dos quais 30 foram selecionados para integrar o projeto Banzeiro. Para Valcléia Lima, superintendente adjunta da FAS, o processo fortalece o protagonismo local: “As pessoas da Amazônia precisam ser as primeiras a falar e a serem escutadas. Essa é a essência da COP30.”

A Carta da Amazônia

Durante a COP30, o Banzeiro entregará oficialmente a Carta da Amazônia a representantes governamentais, negociadores e sociedade civil. O documento reunirá propostas sobre financiamento climático, proteção territorial e educação ambiental — fruto de escutas coletivas ao longo do percurso.

A iniciativa é um esforço conjunto entre instituições públicas, movimentos sociais e empresas que compartilham o compromisso de ampliar a participação amazônica nos debates globais sobre clima. Entre os parceiros estão o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), o Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) e a Rede Conexão Povos da Floresta.

Mobilização e parcerias

O projeto é viabilizado pela Lei de Incentivo à Cultura, apresentado pela Sabesp, com realização da FAS, Virada Sustentável e Ministério da Cultura. Conta com patrocínio da Heineken, SPIN, Vale, e WEG, além de apoio da Bemol, Ecosia, Edenred, Instituto Itaúsa e Suzano. A Rede Amazônica é a parceira de mídia oficial do projeto.

Em cada parada, o Banzeiro carrega histórias, canções e ideias que cruzam o rio para chegar a Belém — e de lá, ao mundo. Mais do que uma viagem, é um ato coletivo de esperança, reafirmando que a Amazônia não é apenas território de floresta, mas de futuro.