Marina Silva vê na COP30 chance de Belém virar vitrine global


Marina Silva, ministra do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, voltou a destacar nesta sexta-feira (29) que a realização da COP30 em Belém não se resume apenas a negociações sobre a crise climática. Para ela, a conferência também deixará como legado uma infraestrutura capaz de projetar a capital do Pará no cenário turístico internacional. A declaração foi feita durante entrevista ao programa Mix Atualidades, transmitido pela Super Marajoara TV 50.1.

Belém - Agência Pará

Segundo a ministra, a preparação da cidade para receber um encontro do porte da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima gera efeitos que ultrapassam a pauta ambiental. “Essa estrutura cria uma força gravitacional que depois poderá ser usada pelo turismo”, afirmou. Ela destacou ainda que Belém pode se consolidar como destino para diferentes modalidades, incluindo turismo científico, cultural, social e de observação da natureza. “É a oportunidade de gravar o nome de uma cidade da Amazônia no mapa mundial, de modo que, após a COP30, Belém seja vista como endereço de referência para visitantes do mundo inteiro”, completou.

A conferência como compromisso, não celebração

Apesar de reconhecer os efeitos positivos sobre a economia e o turismo local, Marina Silva fez questão de frisar que a COP não deve ser interpretada como um evento festivo. Para ela, trata-se de um marco de responsabilidade coletiva diante de uma emergência que ameaça setores vitais da sociedade. “A COP30 não é uma festa. É um momento de compromisso profundo com um problema que pode levar ao colapso de sistemas agrícolas, de saúde pública e de abastecimento de água em diversas regiões do planeta”, ressaltou.

O ponto central, segundo a ministra, é a implementação de compromissos já assumidos em conferências anteriores para que a elevação da temperatura global seja limitada a 1,5ºC. Esse objetivo, estabelecido pelo Acordo de Paris, só será possível mediante a mobilização de recursos que permitam às nações em desenvolvimento realizar uma transição justa e sustentável.

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Min. Marina Silva – Marcelo Camargo/Agência Brasil

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O desafio da implementação

Para Marina Silva, a essência das conferências do clima é traduzir compromissos voluntários em ações concretas, principalmente no corte das emissões de gases de efeito estufa. “As COPs precisam lidar com a questão de como os países, cada um de forma voluntária, vão reduzir suas emissões de CO2. É isso que estará em pauta”, explicou.

Ela também relacionou a gravidade da crise climática às recentes ondas de calor que têm afetado diferentes regiões do planeta. Citando números comparativos, destacou que enquanto os conflitos armados somam cerca de 260 mil vidas perdidas, o calor extremo associado à mudança do clima é responsável por aproximadamente 500 mil mortes por ano. O problema, segundo ela, é que “ainda há dificuldade em estabelecer uma relação direta entre esses eventos e a mudança do clima”.

A relevância da COP30 para Belém e para o mundo

A 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) será realizada em Belém entre 10 e 21 de novembro de 2025. Reunindo representantes de 198 países, a COP é considerada o maior espaço global de debate e negociação sobre políticas climáticas.

A realização do encontro na Amazônia é simbólica. Além de representar uma oportunidade de inserir Belém no circuito internacional do turismo, evidencia o papel estratégico da região na contenção do aquecimento global. A floresta é uma das maiores reservas de biodiversidade e de regulação climática do planeta, mas também uma das mais pressionadas por desmatamento e mudanças no uso da terra.

Ao unir compromissos ambientais com legados econômicos e sociais, a conferência em Belém abre espaço para que a Amazônia deixe de ser vista apenas como fronteira de exploração e passe a ser compreendida como território de inovação e soluções globais. A COP30, portanto, carrega uma dupla responsabilidade: a de fortalecer os acordos internacionais em prol do clima e, ao mesmo tempo, projetar uma cidade amazônica para o centro do turismo e da diplomacia mundial.