A bioeconomia, que visa a geração de produtos e serviços em harmonia com a conservação e regeneração da biodiversidade, está ganhando destaque como um modelo de desenvolvimento sustentável que integra aspectos sociais, econômicos e ambientais.
Inovação no Aproveitamento de Resíduos do Açaí
No Pará, a empresária Ingrid Teles transformou um problema ambiental em uma oportunidade de negócios. Observando o grande volume de sementes descartadas na produção de polpa de açaí, ela iniciou, em 2017, uma pesquisa que levou, em 2022, à criação de uma empresa de cosméticos. “A ideia surgiu ao ver a quantidade de resíduos. Busquei uma solução que fosse um modelo de negócio sustentável e que também tivesse um impacto social. Assim, desenvolvi sabonetes de açaí aproveitando as sementes em uma estrutura de bioeconomia circular”, explica Ingrid.
Desperdício na Produção de Açaí
Apenas 26,5% do açaí é comestível, enquanto o restante, composto por fibra e semente, é geralmente descartado. O Pará, maior produtor nacional de açaí, registrou 1,6 milhão de toneladas do fruto em 2023, segundo o IBGE.
Cacau: Tradição e Inovação no Pará
O cacau, nativo da região e cultivado tradicionalmente, também é um exemplo de bioeconomia. Uma empresa no município de Mocajuba, liderada por Noanny Maia e sua família, está revitalizando a produção de cacau em áreas degradadas. “Quando retornamos à região, vimos a degradação ambiental afetando as famílias produtoras de cacau. Isso nos motivou a criar uma empresa que não apenas melhora a qualidade de vida das famílias, mas também impacta positivamente a cadeia do cacau”, conta Noanny.
A empresa beneficia a produção de 15 famílias, transformando o cacau em barras, nibs, granola, geleia, velas e escalda-pés. “Aproveitamos ao máximo o cacau, buscando a verticalização da produção”, afirma.
Fortalecimento da Bioeconomia
Os empreendimentos mencionados estão alinhados com a Estratégia Nacional de Bioeconomia, lançada pelo governo brasileiro. Esta estratégia busca fortalecer políticas públicas que promovam um sistema econômico sustentável, integrando debates internacionais, como os do G20.
Tradição Ancestral e Modernidade
Segundo Rubens Magno, diretor-superintendente do Sebrae do Pará, o uso sustentável dos recursos naturais é uma prática antiga entre os povos da Amazônia. “Esses povos têm esse conhecimento há muitos anos, mas muitas vezes não reconhecem seu valor”, destaca.
Mercado em Expansão
A bioeconomia na Amazônia tem potencial para movimentar US$ 8,1 bilhões ao ano até 2050. O Sebrae tem trabalhado para formalizar e fortalecer pequenos empreendedores, estabelecendo um polo de bioeconomia em Santarém, que integra pesquisadores, instituições governamentais, investidores e empreendedores.
Objetivo para COP30
Com a COP30 prevista para novembro de 2025 em Belém, o objetivo é mostrar ao mundo a força da bioeconomia na Amazônia, traduzindo um sistema econômico que promove o desenvolvimento social e valoriza os recursos naturais, preservando a floresta. “Queremos apresentar a potência da floresta, tendo a bioeconomia como nossa fortaleza”, conclui Magno.