Fonte: Canal Rural
A mandioca, base da alimentação regional e símbolo da agricultura tradicional amazônica, agora também é matéria-prima para o futuro sustentável. A startup Dooka, em parceria com o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), está revolucionando o setor de embalagens com a criação de bioembalagens biodegradáveis feitas a partir da fécula de mandioca.
Essa alternativa ao plástico e ao isopor atende empresas comprometidas com metas ambientais e ainda valoriza saberes e recursos locais, promovendo desenvolvimento com respeito à floresta.
Em fevereiro de 2025, a Dooka inaugurou sua primeira unidade de produção no município de Lábrea, no sul do Amazonas, uma região frequentemente ameaçada pelo desmatamento. A biofábrica foi criada em parceria com a Associação de Produtores Agroextrativistas da Colônia do Sardinha (ASPACS), que reúne indígenas, ribeirinhos e pequenos agricultores.
“Essas embalagens valorizam os recursos da Amazônia e ainda promovem impactos sociais positivos”, afirma Erika Cezarini, fundadora da Dooka.
O projeto recebeu R$ 1,4 milhão em investimentos por meio do Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio), gerido pela Suframa. A iniciativa conta com apoio da indústria OX Bike, que aplicou parte de sua obrigação de investimento em pesquisa e desenvolvimento na biofábrica.
“A ideia é aproximar o Polo Industrial de Manaus da floresta, incentivando cadeias produtivas sustentáveis”, explica Paulo Simonetti, gerente de inovação do Idesam.
Além da estrutura física, o projeto inclui a capacitação técnica de 11 moradores locais, garantindo emprego qualificado e geração de renda para a comunidade. A meta é viabilizar a produção em escala piloto com alta qualidade, respeitando critérios ambientais e industriais.
A unidade de Lábrea já é capaz de fabricar 120 mil embalagens por mês, voltadas principalmente para os setores de eletrônicos e cosméticos. Estojos para celulares, notebooks e cápsulas biodegradáveis para sementes em reflorestamento estão entre os produtos mais promissores.
O modelo de negócios da Dooka prevê licenciamento social da tecnologia, com uso de equipamentos modulares que podem ser replicados em diferentes territórios. Até 2030, a startup quer implementar o projeto em nove novas localidades, incluindo comunidades do Tocantins, Maranhão e Pará.
Além da mandioca, há estudos para incorporar resíduos do agroextrativismo amazônico, como castanha, açaí e óleos vegetais, na produção de utensílios ecológicos.
Para os moradores, o projeto representa mais do que renda: é símbolo de transformação. “Nunca pensamos em produzir embalagens para celulares com matéria-prima da floresta”, diz Sandra Barros, vice-presidente da ASPACS. Ela afirma que a produção local da fécula de mandioca é o próximo passo, o que deve aumentar ainda mais a autonomia da comunidade.
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