Brasil Registra 200 Milhões de Hectares Queimados em 39 Anos

MapBiomas mostra Cerrado como bioma mais atingido, seguido pela Amazônia. O Pantanal é o mais prejudicado em relação a área proporcional.

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Autor: Redação Revista Amazônia
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Incêndios florestais atingiram quase 200 milhões de hectares

Nos últimos 39 anos, o Brasil sofreu com queimadas e incêndios florestais que atingiram quase 200 milhões de hectares (199,1 milhões ha), tanto por causas naturais quanto humanas. Este valor representa um quarto do território nacional, segundo um levantamento divulgado pelo MapBiomas, uma iniciativa que envolve ONGs, universidades e empresas de tecnologia para mapeamentos ambientais.

Fatores Climáticos e Agrícolas Intensificam Queimadas

A combinação de mudanças climáticas, como secas prolongadas, e o uso do fogo na agropecuária para renovação de pastagens tem exacerbado as queimadas no país. Estas, quando descontroladas, atingem áreas cada vez maiores, prejudicando a biodiversidade em biomas críticos como o Cerrado e a Amazônia, que juntos representam 86% da área queimada no período de 1985 a 2023.

No Cerrado, 88,5 milhões de hectares foram queimados, correspondendo a 44% do total nacional. Na Amazônia, foram 82,7 milhões de hectares queimados (42%). “Embora as queimadas sejam parte da ecologia de alguns biomas, o aumento da área queimada e a recorrência do fogo em vegetação nativa são preocupantes para a proteção do território, da biodiversidade, dos recursos hídricos e das populações brasileiras”, analisa Daniel Silva, especialista de conservação do WWF-Brasil.

Cerrado: O Bioma Mais Afetado

O Cerrado não só registrou a maior área queimada, mas também teve quase metade de sua área afetada por queimadas ao menos uma vez. Este bioma também teve a maior quantidade de área queimada repetidamente. “O Cerrado sofre com altas taxas de desmatamento, refletindo no aumento das queimadas e no risco de incêndios. Essas mudanças afetam negativamente o equilíbrio ecológico, uma vez que o fogo, um componente natural do Cerrado, está ocorrendo com uma frequência e intensidade que a vegetação não suporta”, explica Vera Arruda, coordenadora técnica do MapBiomas Fogo e pesquisadora do IPAM.

O Cerrado tem um regime de fogo natural, mas esta dinâmica está sendo alterada pelas mudanças climáticas, que elevam as temperaturas na região, além do uso indiscriminado do fogo. “A seca e o desmatamento contribuem para o aumento das queimadas”, afirma Silva.

Amazônia: Vulnerabilidade Elevada ao Fogo

A Amazônia enfrenta riscos elevados com incêndios devido à vegetação não adaptada ao fogo, agravando a degradação ambiental e ameaçando a biodiversidade local. Entre 1985 e 2023, foram queimados 82,7 milhões de hectares no bioma, principalmente por desmatamento e práticas agrícolas. “As queimadas na Amazônia são essencialmente relacionadas a atividades humanas, ocorrendo em áreas recentemente desmatadas para limpeza e renovação de pastagens. Mas a crise climática está aumentando a seca e tornando as florestas mais vulneráveis”, aponta Silva.

Pantanal: O Bioma Mais Queimado Proporcionalmente

Corumbá (MS), no Pantanal, é o município com o maior número de queimadas registradas. Este bioma possui a maior “cicatriz” do fogo, com incêndios que se espalham entre 10 mil e 50 mil hectares em um quarto de sua extensão. Em 2023, o Pantanal enfrentou uma seca alarmante, aumentando o risco de incêndios.

Com 59,2% de sua área queimada, o Pantanal é o bioma mais afetado proporcionalmente. Em 2023, mais de 600 mil hectares foram queimados, 97% dos quais ocorreram entre setembro e dezembro. “A situação crítica do Pantanal, com um aumento de mais de 900% na área queimada em relação ao ano anterior, representa uma pressão enorme para sua biodiversidade e populações”, diz Silva.

Impacto dos Eventos Climáticos

Os incêndios florestais podem ser intensificados por eventos climáticos atípicos. “Desde maio do ano passado, o fenômeno El Niño contribuiu para o aumento da temperatura na região”, explica Marília Guedes Nascimento, pesquisadora do Inpe.

A análise do MapBiomas reforça a urgência de ações para combater as queimadas, proteger a biodiversidade e mitigar os impactos das mudanças climáticas.

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