Na quarta-feira, dia 8 de outubro de 2025, o governo federal anunciou o terceiro leilão do Programa Eco Invest Brasil, uma iniciativa que já mobilizou mais de R$ 75 bilhões em suas duas primeiras edições. O anúncio traz uma novidade relevante: a introdução de um mecanismo de proteção cambial (hedge) para investidores internacionais — uma aposta na mitigação da volatilidade do real como vetor para atrair capital externo de longo prazo (eco invest brasil).

O Eco Invest Brasil, coordenado pelos Ministérios da Fazenda e do Meio Ambiente e Mudança do Clima, se consolida como ferramenta central de mobilização de capital privado para a transformação ecológica da economia brasileira. Esta terceira rodada será voltada a investimentos de participação societária (equity) em empresas e startups com atuação em setores como bioeconomia, transição energética e economia circular com prioridade para projetos de superalimentos, hidrogênio verde, biocombustíveis sustentáveis, bioplásticos e reciclagem de baterias.
O prazo para as instituições financeiras interessadas apresentarem suas propostas vai até 19 de novembro de 2025. Parte dos recursos deverá ser canalizada por meio do Fundo Clima, ampliando o apoio a negócios inovadores e sustentáveis no país.
Capital catalítico, inovação e escala
Desde sua criação em 2024, o Eco Invest Brasil adota o conceito de capital catalítico: o Estado assume risco inicial mais elevado para gerar confiança e atrair aportes privados. Nos dois leilões anteriores, o programa já havia mobilizado mais de R$ 75 bilhões — com cerca de R$ 46 bilhões vindos de investidores estrangeiros.
No primeiro leilão, homologado em novembro de 2024, o mecanismo alocou R$ 6,81 bilhões de capital público catalítico, com potencial de alavancar até R$ 44,36 bilhões em investimentos privados e públicos em projetos verdes nos próximos anos. Já o segundo leilão, com foco em recuperação de áreas degradadas, contou com demanda de R$ 17,3 bilhões e projeta viabilizar até R$ 31,4 bilhões em investimentos até 2027, visando restaurar cerca de 1,5 milhão de hectares degradados.
Essa escala crescente demonstra o amadurecimento da agenda verde nacional e o interesse crescente do setor financeiro em produtos que conjugam impacto socioambiental e retorno sustentável.
Proteção cambial como inovação estratégica
A grande novidade do terceiro leilão é o mecanismo de proteção cambial, pensado para amortecer o risco de oscilação do real e tornar os investimentos externos mais previsíveis. Em outras palavras: um estímulo para que capital estrangeiro se comprometa por prazos mais longos no ecossistema verde brasileiro.
Paralelamente, com base no modelo do Eco Invest, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) lançou a plataforma FX Edge, uma iniciativa global que busca mitigar risco cambial em economias emergentes, com base em ferramentas similares às do programa brasileiro. O modelo brasileiro de financiamento climático sobressaiu como referência mundial, apontando caminhos para outros países que enfrentam barreiras similares ao captar recursos verdes.

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Implicações econômicas e sociais
A migração do modelo de financiamento via dívida para participação societária significa que o programa busca maior envolvimento e comprometimento de empresas emergentes e inovadoras, especialmente em seus estágios de crescimento, startup ou escala. Isso permite que empreendimentos com maior risco inicial — mas alto potencial de impacto — captem recursos que antes lhes eram inacessíveis.
Ademais, ao incorporar o Fundo Clima como via de destinação parcial, o leilão reforça o entrelaçamento entre políticas climáticas e modelos de mercado. O Fundo Clima, gerido pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, é um instrumento estruturado para apoiar projetos que mitiguem ou adaptem mudanças climáticas, frequentemente com concessão de recursos reembolsáveis ou subvencionados.
Com esse arsenal, o terceiro leilão reforça dois pontos cruciais: a criação de valor econômico a partir da sustentabilidade e a articulação entre instrumentos públicos e privados para viabilizar essa transição.
Uma agenda verde com pegada brasileira
O anúncio do terceiro leilão do Eco Invest Brasil não é apenas mais uma operação financeira: é uma estratégia de Estado que conjuga risco, inovação e vocação climática. Ao proteger o investidor internacional contra a volatilidade cambial, ao mirar participação societária e ao usar capital público como fator catalisador, o governo avança em um pacto para que o Brasil não seja apenas beneficiário, mas protagonista na agenda global de finanças verdes.
A introdução da proteção cambial e a internacionalização do modelo (via FX Edge) indicam que o Brasil busca exportar essa experiência como ferramenta global — uma narrativa de que proteger florestas, inovar em financiamento e mobilizar capital não são aventuras isoladas, mas uma nova normalidade possível.
Em outras palavras: o Brasil quer se colocar como laboratório e referência para economias emergentes que desejam crescer sem comprometer seus ecossistemas. Rumo à COP30, o Eco Invest se apresenta como pilar desse relevo.









































