O Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO) apresentou um novo projeto que visa estreitar os laços comerciais e de infraestrutura entre o Brasil e seus vizinhos sul-americanos. Em um encontro realizado nesta terça-feira (5/11) com embaixadores de países da América do Sul, o secretário de Articulação Institucional, João Villaverde, detalhou a proposta das cinco Rotas de Integração e Desenvolvimento Sul-Americano. Esse projeto é fruto do Consenso de Brasília e visa estimular o comércio regional e a conexão logística com a Ásia.
Villaverde enfatizou que o desenvolvimento do projeto é contínuo e que seu sucesso depende de colaboração regional. “Este é um processo que está apenas começando. Nossa intenção é garantir que este projeto seja viabilizado com financiamento adequado, pois a integração da América do Sul é um compromisso constitucional para o Brasil, mas não podemos realizá-lo sozinhos”, afirmou o secretário. A iniciativa surgiu após uma demanda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante uma reunião de líderes sul-americanos em 2023, levando ao diálogo com os 11 estados brasileiros que fazem fronteira com países vizinhos para entender melhor suas necessidades e desafios.
Rotas de Integração
- Ilha das Guianas: Conecta os estados de Amapá e Roraima, além de partes do Amazonas e do Pará, com a Guiana, Guiana Francesa, Suriname e Venezuela.
- Multimodal Manta-Manaus: Com foco no Amazonas e partes de Roraima, Pará e Amapá, interligando o Brasil por vias fluviais à Colômbia, Peru e Equador.
- Quadrante Rondon: Inclui Acre, Rondônia e oeste do Mato Grosso, conectando o Brasil com Bolívia e Peru. Considerada “rota do futuro”, o potencial comercial desta região é significativo, com exportações que somaram US$ 1,4 bilhão em 2023, um aumento de 53% em relação ao ano anterior.
- Capricórnio: Liga Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina ao Paraguai, Argentina e Chile por múltiplas vias.
- Porto Alegre-Coquimbo: Integra o Rio Grande do Sul à Argentina, Uruguai e Chile, com ajustes previstos para a conexão entre Córdoba (Argentina) e Coquimbo (Chile).
Financiamento e Infraestrutura
Para viabilizar as obras de integração no território brasileiro, o projeto conta com apoio financeiro significativo: o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) disponibilizou US$ 3 bilhões, enquanto bancos de desenvolvimento regionais – incluindo BID, CAF e Fonplata – somaram outros US$ 7 bilhões. Villaverde destacou o papel do CAF, que sempre teve como foco a integração regional desde sua criação nos anos 1960.
De acordo com Antonio Silveira, gerente do CAF, o sucesso do projeto depende de enfrentar quatro principais desafios: reduzir os custos de aduana com a facilitação do comércio, fornecer infraestrutura de integração, alinhar regulamentações e promover a sustentabilidade ambiental, social e climática.
Contribuições do Novo PAC
Entre os projetos do Novo PAC, foram identificados 190 com potencial para integrar a região, como 40 hidrovias, 35 aeroportos, 21 portos, 65 rodovias, 15 infoviárias, 9 ferrovias e 5 linhas de transmissão de energia. Esses projetos estão distribuídos nas áreas fronteiriças, visando otimizar as rotas de transporte e o comércio regional.
Villaverde pontuou que a implementação dessas rotas de integração permitirá uma redução nos tempos e custos de transporte para a Ásia, aumentando a competitividade dos produtos sul-americanos e ampliando o intercâmbio cultural com países vizinhos. “O Brasil tem papel fundamental para que cada país sul-americano, independentemente de seu porte, tenha a oportunidade de crescer economicamente e expandir seu comércio exterior”, concluiu o secretário.