A redução do desmatamento no Brasil em 2023, apontada pela Rede MapBiomas, é um sinal de progresso ambiental. No entanto, o retrocesso na destruição das florestas não é suficiente para reparar os danos acumulados ao longo de décadas, sobretudo na Amazônia e no Cerrado. Por isso, restauração florestal ganha protagonismo em ano de COP30, que será sediada no Brasil, no estado do Pará.

Reflorestar para além do desmatamento
Frente a esse cenário, o governo federal tem investido em políticas e programas voltados ao reflorestamento, enquanto o setor privado começa a enxergar oportunidades nos créditos de carbono. No centro dessa nova agenda está a recuperação da vegetação nativa como peça-chave para a mitigação das mudanças climáticas, conservação da biodiversidade e geração de renda.
Planaveg: meta ambiciosa até 2030
O principal programa do Ministério do Meio Ambiente (MMA) para restaurar áreas degradadas é o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), que pretende restaurar 12 milhões de hectares até 2030, com aporte inicial de R$ 1 bilhão. Outra estratégia é a Epanb, que mira a recuperação de 30% das áreas degradadas do país até 2050.
Segundo o MMA, essas metas estão diretamente alinhadas aos compromissos do Brasil no Acordo de Paris, uma vez que o restauro de florestas contribui para a captura de dióxido de carbono (CO₂), um dos principais gases do efeito estufa.
Amazônia e Cerrado: biomas prioritários
Na Amazônia, cerca de 14 mil hectares estão sendo restaurados por meio de projetos voluntários, enquanto outros 258 mil hectares são alvos de medidas compensatórias obrigatórias. Além disso, o Inpe registrou mais de 16 milhões de hectares em regeneração natural. No Cerrado, os projetos voluntários somam 20 mil hectares, com outros 63 mil em processos compulsórios.
Rita Mesquita, secretária de Biodiversidade do MMA, destaca a importância da restauração como vetor de desenvolvimento:
“Restaurar vai além de plantar árvores. É impulsionar uma nova economia baseada em sustentabilidade, com geração de renda, segurança alimentar e valorização das comunidades tradicionais.”
Degradação e reflorestamento:
- Amazônia

- Cerrado

Cadeia produtiva da restauração: entraves e oportunidades
Especialistas alertam que o sucesso da restauração depende da estruturação da cadeia produtiva. Sâmia Nunes, do Instituto Tecnológico Vale, ressalta a importância de planejar a oferta de sementes, mudas e mão de obra qualificada:
“Crescemos muito, mas ainda há incertezas sobre o tamanho da demanda e a capacidade de resposta das regiões.”
A valorização dos saberes tradicionais e o fortalecimento da bioeconomia são pontos centrais, segundo o MMA. Ampliar programas de pagamento por serviços ambientais e investir em pesquisas sobre ecologia são caminhos apontados para consolidar esse novo setor.
BNDES lidera a ‘revolução verde’ brasileira
Desde 2023, o BNDES tem liderado a mobilização financeira para o reflorestamento, com mais de R$ 1,1 bilhão já investidos. Projetos como Floresta Viva, Restaura Amazônia e Florestas do Bem-Estar estão financiando ações em biomas diversos e áreas protegidas, incluindo terras indígenas.
O grande destaque da agenda é o Arco da Restauração, que pretende recuperar 6 milhões de hectares no chamado arco do desmatamento até 2030. A estimativa é remover 1,65 bilhão de toneladas de CO₂ da atmosfera, transformando o Brasil em referência global em restauro ambiental.
ProFlorestas+ e a nova lógica do carbono
Para impulsionar ainda mais o setor, o BNDES lançou o programa ProFlorestas+, que permitirá a contratação de créditos de carbono de projetos de restauração na Amazônia. A primeira etapa prevê a recuperação de 50 mil hectares, com o apoio da Petrobras, que garantirá a compra dos créditos gerados.
Os contratos serão firmados por meio de leilões, com a primeira concorrência prevista para julho. A diretora socioambiental do BNDES, Tereza Campello, acredita que o modelo vai consolidar o mercado:
“Estamos pavimentando o caminho para um restauro florestal em escala. O Brasil tem tecnologia, área e capacidade para liderar essa transformação.”











































