A China está adotando novas políticas para atrair talentos estrangeiros e intensificar sua abertura internacional. Entre as mudanças anunciadas, destaca-se a criação de um visto especial K, voltado para jovens talentos nas áreas de ciência e tecnologia, que deverá entrar em vigor em 1º de outubro de 2025. O novo visto exigirá que os candidatos cumpram critérios estabelecidos pelo governo chinês e apresentem comprovação formal de suas qualificações. Essas medidas fazem parte de uma estratégia mais ampla de modernização da política migratória chinesa, que busca fortalecer sua base de inovação, estimular a cooperação acadêmica e científica e competir no cenário global por cérebros de alta capacidade.

Paralelamente, Pequim expandiu seus regimes de isenção de visto para visitantes estrangeiros de várias regiões. Uma das iniciativas mais relevantes foi a extensão do tempo de permanência para trânsito sem visto: atualmente, cidadãos de 54 a 55 países, inclusive Indonésia, Rússia e Reino Unido, já podem ficar até 240 horas (dez dias) na China em trânsito para outro destino, desde que usem um dos 60 portos designados em 24 províncias. Haojourney+3Conselho de Estado da China+3KPMG+3 Esse regime de trânsito livre amplia as atividades permitidas no país, turismo, negócios, visitas familiares — mas não cobre trabalho, estudos ou jornalismo sem visto específico. visityunnanchina.com+2Visite Pequim+2
Outra mudança significativa é a política de isenção de visto para cidadãos latino-americanos. Desde 1º de junho de 2025 até 31 de maio de 2026, pessoas com passaportes ordinários de Brasil, Argentina, Chile, Peru e Uruguai podem entrar na China sem visto por até 30 dias, para turismo, negócios, visitas familiares ou trânsito. Conselho de Estado da China+2MercoPress+2 Essa medida, inédita para a América Latina, sinaliza uma disposição de facilitar intercâmbios, fortalecer os elos econômicos, culturais e acadêmicos da China com a região. China Daily+1

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Essas políticas combinadas revelam uma mudança de foco. A China está menos restritiva em termos de mobilidade internacional — sem abrir mão, porém, de exigir vistos específicos para atividades que implicam presença prolongada ou responsabilidades legais significativas (trabalho formal, doutorado, atuação como jornalista etc.). Ao criar o visto K, ela sinaliza que valoriza não só o intercâmbio temporário, mas a permanência ou colaboração mais profunda de talentos que possam impulsionar inovação, pesquisa e competitividade. Ao mesmo tempo, ao relaxar os requisitos para trânsito e turismo de curta duração, ela torna o país mais acessível, permitindo que mais pessoas vejam, interajam e, potencialmente, se interessem por oportunidades de colaboração ou investimento.
Para o Brasil, essas medidas têm impactos práticos. A isenção de visto por 30 dias facilita visitas de empresários, pesquisadores, artistas ou estudantes que viajam a trabalho ou a eventos culturais, reduzindo burocracia, custos e tempo. O regime de trânsito estendido pode tornar voos com escalas na China mais atrativos, integrando o país ou cidades chinesas como hubs logísticos ou culturais. E o visto K, quando estiver vigente, poderá abrir portas para brasileiros com alto nível de especialização, pesquisadores, engenheiros, especialistas em TI, ciências biológicas ou exatas, que queiram colaborar ou residir por períodos mais longos na China.
Há, claro, desafios e incertezas. Será necessário entender claramente os critérios para o visto K, os procedimentos administrativos, se haverá regionalização (ou seja, quais províncias ou cidades chinesas aceitarão mais ativamente esses talentos) e condições de permanência, remuneração, residências, etc. Também importará como todas essas novas regras serão efetivamente implementadas nas fronteiras, consulados e escritórios de imigração, experiências de viajantes nas políticas de trânsito mostram que clareza nas regras e comunicação internacional são cruciais para evitar surpresas.
Em resumo, essas políticas anunciam uma China menos hermética, mais conectada, disposta a ser polo atrativo não apenas para turistas e viajantes, mas para jovens cientistas, profissionais especializados e quem está disposto a contribuir em longo prazo. Caso bem-sucedidas, poderão tornar-se parte de uma China mais influente em ciência, educação e cultura global — não apenas pelo seu tamanho ou investimento, mas pela capacidade de atrair talentos internacionais de alto impacto.










































