A partir de 2025, muitos municรญpios brasileiros voltarรฃo suas atenรงรตes para a revisรฃo do Plano Diretor, um instrumento essencial para o desenvolvimento socioeconรดmico. Este tema foi discutido no programa de entrevistas RCD Cidades, da Rede Cidade Digital (RCD), nesta quinta-feira (04), conduzido pelo diretor Josรฉ Marinho.
Pedro Henrique Figueiredo Araรบjo, vice-presidente do Instituto de Gestรฃo Territorial e Geotecnologias (IGTECH), explicou que o Plano Diretor รฉ obrigatรณrio para municรญpios com mais de 20 mil habitantes e para cidades menores que possuam caracterรญsticas especiais, como รกreas mineradoras, rodovias ou atrativos turรญsticos.
Apesar de sua previsรฃo no Estatuto das Cidades desde 2001, muitos municรญpios ainda nรฃo utilizam o Plano Diretor de forma adequada. โO Plano Diretor, os planos setoriais e o cadastro multifinalitรกrio sรฃo fundamentais para a construรงรฃo de cidades inteligentes. Eles atraem investimentos, possibilitam o acesso a recursos e muitas vezes se pagam. Portanto, รฉ crucial que os gestores municipais se atentem a esses instrumentos para garantir o desenvolvimento futuro de seus municรญpiosโ, enfatizou Araรบjo.
Tecnologia como Aliada
Araรบjo tambรฉm ressaltou que a tecnologia รฉ uma grande aliada na construรงรฃo de um Plano Diretor, facilitando o mapeamento da cidade, a identificaรงรฃo de problemas e a coleta e tratamento de dados. โO Plano Diretor deve priorizar a tecnologia no municรญpio. Nรฃo adianta falar de Wi-Fi na praรงa ou lรขmpadas de LED sem uma polรญtica pรบblica consistente. Um Plano Diretor bem elaborado passa por trรชs etapas: diagnรณstico da realidade atual, levantamento topogrรกfico e anรกlise espacialโ, explicou ele. Estas etapas incluem o uso de ferramentas como sensoriamento remoto, geoprocessamento e cartografia para uma avaliaรงรฃo precisa do municรญpio, considerando รกreas urbanas, ambientais e turรญsticas.
Plano de Mobilidade Urbana
O Plano de Mobilidade Urbana foi outro tema abordado no RCD Cidades. Apesar da Polรญtica Nacional de Mobilidade Urbana, de 2012, exigir que os municรญpios desenvolvam polรญticas especรญficas para o setor, muitos ainda nรฃo se adequaram ร s exigรชncias, mesmo com as prorrogaรงรตes. Recentemente, o Tribunal de Contas do Estado do Paranรก (TCE) recomendou que 74 municรญpios do estado elaborem seus planos de mobilidade atรฉ abril de 2025.
โO Plano de Mobilidade Urbana deve mapear problemas de fluxo, trรกfego, seguranรงa e eficiรชncia, alรฉm de envolver a participaรงรฃo popular. Este plano deve seguir a tendรชncia do Plano Diretor, adaptando-se ร s peculiaridades e necessidades de cada municรญpioโ, argumentou Araรบjo. Ele ressaltou que cada municรญpio รฉ รบnico, e tentar replicar um plano de uma cidade para outra nรฃo รฉ eficaz devido ร s diferenรงas nas realidades locais.
Importรขncia da Integraรงรฃo e Participaรงรฃo
ร essencial que os planos de mobilidade sejam integrados com outros planos setoriais e desenvolvidos com um processo participativo, utilizando tecnologia e dados precisos. โA implantaรงรฃo do Plano de Mobilidade deve conversar com os outros planos setoriais, e por isso รฉ importante um processo de construรงรฃo participativa, aderente a dados e informaรงรตes sobre o territรณrioโ, concluiu Araรบjo.
A partir de 2025, a elaboraรงรฃo e revisรฃo dos Planos Diretor e de Mobilidade Urbana serรฃo cruciais para o desenvolvimento sustentรกvel e inteligente dos municรญpios brasileiros, garantindo um futuro mais organizado e eficiente para suas populaรงรตes.