A ciência brasileira vai ocupar o centro do palco na COP30, em Belém (PA), com a inauguração da Agrizone, o primeiro espaço dedicado à agricultura e à inovação sustentável em uma conferência do clima da ONU. A iniciativa marca um momento histórico: pela primeira vez, o setor agropecuário ganha protagonismo dentro do evento global que discute o futuro do planeta.

De 13 a 16 de novembro, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) apresentará ao mundo um conjunto de tecnologias, cultivares, publicações e produtos desenvolvidos ao longo de décadas de pesquisa científica. O espaço, batizado de “Casa das Agriculturas”, vai reunir desde experimentos de campo até experiências sensoriais que conectam ciência, cultura e biodiversidade amazônica.
Um marco para a agricultura na agenda climática
A Agrizone nasce ao lado da tradicional Blue Zone (área diplomática) e da Green Zone (sociedade civil), consolidando um novo eixo de diálogo dentro da COP. O conceito é ampliar o entendimento de que a agricultura — em suas múltiplas formas — é parte essencial da solução climática, e não apenas fonte de emissões.
“A Agrizone é um espaço para mostrar que a produção de alimentos no Brasil é guiada por ciência, inovação e responsabilidade ambiental”, afirma Ana Euller, diretora-executiva de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia da Embrapa. “É uma vitrine viva de soluções brasileiras para o planeta.”

Lançamentos e tecnologias sustentáveis
Durante os dias 13 e 16 de novembro, a Embrapa realizará dois dias de lançamentos oficiais que destacam o papel da pesquisa agropecuária no combate às mudanças climáticas. Entre as novidades está o Protocolo Carne Baixo Carbono, que define critérios para rastreabilidade e redução de emissões na pecuária, integrando manejo sustentável, recuperação de pastagens e eficiência produtiva.
Outro destaque é o baralho educativo de espécies florestais brasileiras, criado em parceria com o Sirrade (Sistema de Informação e Restauração de Áreas Degradadas e Espécies Nativas). Voltado ao público infantil e escolar, o material apresenta de forma lúdica a diversidade da flora nacional, estimulando a educação ambiental desde cedo.
A instituição também lançará novas cultivares de feijão, soja, arroz e milho, fruto de anos de melhoramento genético para maior produtividade e menor impacto ambiental. Na fronteira digital, o aplicativo AgroTAG MFE (Manejo Florestal Extrativista) permitirá que produtores da Amazônia registrem dados de manejo, acompanhem indicadores de sustentabilidade e acessem mercados diferenciados para produtos como açaí, castanha, babaçu e andiroba.
Um espaço para todas as agriculturas
A Agrizone vai muito além da tecnologia. O pavilhão celebra a diversidade das agriculturas brasileiras — familiar, indígena, quilombola, ribeirinha, extrativista e empresarial — em um mesmo território de diálogo. Cada área será representada com vitrines vivas, painéis e demonstrações práticas de sistemas agroflorestais, tratamento de água, manejo integrado de aves e hortaliças e tecnologias sociais de saneamento rural.
O visitante poderá vivenciar a Capoeira do Black, uma instalação sensorial que recria sons, aromas e texturas da floresta amazônica dentro do pavilhão. O espaço combina arte e ciência para despertar o senso de pertencimento à biodiversidade brasileira.

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Gastronomia, cultura e conhecimento compartilhado
O sabor também será protagonista. A Agrizone oferecerá feiras de alimentos regionais, degustações e cooking shows com chefs paraenses e amazônicos, que demonstrarão a riqueza da culinária local — do açaí fresco ao tucupi, do jambu à castanha-do-pará. “O alimento é o ponto de encontro entre ciência, cultura e sustentabilidade”, diz Ana Euller. “Cada prato é resultado de pesquisa, tradição e trabalho coletivo.”
Além das exposições e experiências, haverá lançamentos de livros técnicos e educativos, rodas de conversa sobre bioeconomia, e apresentações artísticas que unem saber popular e inovação tecnológica. A proposta é traduzir a pesquisa agropecuária em experiências acessíveis e sensoriais para todos os públicos.
Entrada gratuita e acesso digital
A Agrizone funcionará de 10h às 18h, com entrada gratuita. Visitantes podem se credenciar pelo site www.embrapa.br/cop30/agrizone ou pelo aplicativo Agrizone, disponível para dispositivos móveis. O cadastro dá acesso à programação completa, vídeos e conteúdos interativos sobre as tecnologias apresentadas.
Com 52 anos de história e mais de mil tecnologias transferidas ao campo, a Embrapa reafirma na COP30 sua missão de unir ciência e sustentabilidade. Em um mundo que busca uma nova relação entre produção e natureza, a Agrizone surge como símbolo do Brasil que produz com conhecimento, diversidade e responsabilidade ambiental.







































