Ciência é o caminho para salvar florestas e conter o aquecimento global

Especialistas destacam em fórum internacional a necessidade de fortalecer a produção científica para enfrentar mudanças climáticas e a perda de biodiversidade


Passados dez anos desde a assinatura do Acordo de Paris por 194 países e a União Europeia, os avanços necessários para limitar o aumento da temperatura global a menos de 2 °C até o fim do século estão longe de se concretizar. Em vez disso, retrocessos e negacionismos climáticos ainda dificultam o progresso da agenda ambiental global.

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Uma década depois do Acordo de Paris

Diante desse cenário, cientistas e autoridades reunidos no Fórum Brasil-França sobre Florestas, Biodiversidade e Sociedades Humanas, em Paris, reforçaram a urgência de recolocar a ciência no centro das decisões políticas. O evento é promovido pela FAPESP e pela Universidade de São Paulo (USP), como parte da FAPESP Week França.

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O papel central da ciência contra o aumento da temperatura global

Na abertura do encontro, a embaixadora do meio ambiente Bárbara Pompili criticou aqueles que continuam negando a origem humana das mudanças climáticas e deslegitimam a importância da biodiversidade. Para ela, atacar a ciência é como tentar culpar o termômetro pela febre.

“É fundamental apoiar-se nos cientistas para compreender a magnitude dos problemas ambientais e buscar soluções conjuntas”, afirmou.

Rita Mesquita, secretária nacional de biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, acrescentou que as soluções mais eficazes para enfrentar o aquecimento global estão ancoradas na preservação da biodiversidade.

Florestas sob ameaça

Giles Bloch, diretor do Museu Nacional de História Natural da França, destacou a complexidade dos ecossistemas florestais, que enfrentam diversas ameaças provocadas pela ação humana e pelas mudanças climáticas. Ele reforçou que as florestas são fundamentais para a regulação climática e para a economia, mas estão sob pressão crescente.

Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP, ressaltou a responsabilidade do Brasil nesse contexto. Com mais da metade do território coberto por florestas, o país desempenha papel estratégico na conservação global. Ele também evidenciou o papel da FAPESP em fomentar a pesquisa ambiental, com milhares de projetos dedicados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, especialmente nas áreas de biodiversidade, mudanças climáticas e recursos hídricos.

Amazônia: patrimônio ecológico e cultural

Eduardo Neves, diretor do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, ressaltou que a floresta amazônica não é apenas um ecossistema natural, mas também um produto de sofisticados conhecimentos desenvolvidos por povos indígenas ao longo de milênios.

Screenshot-2025-06-17-172854 Ciência é o caminho para salvar florestas e conter o aquecimento global

Segundo ele, pesquisas arqueológicas revelam que a Amazônia tem sido ocupada por seres humanos há pelo menos 13 mil anos e que muitas das paisagens conhecidas hoje são resultado da ação desses povos. “A floresta é também um patrimônio biocultural. Não há futuro sustentável sem levar em conta o saber tradicional”, enfatizou.

Cooperação científica internacional

A colaboração entre Brasil e França em pesquisas ambientais é antiga e continua se fortalecendo. Claire Giry, presidente da Agência Nacional de Pesquisa da França (ANR), destacou a excelência científica alcançada por meio das parcerias com a FAPESP.

Durante o fórum, foi assinado um novo memorando de entendimento com o Instituto Francês, que prevê simpósios conjuntos sobre temas como transição ecológica, relações com a África, democracia e globalização justa.

A diretora do instituto, Eva Nguyen Binh, afirmou que essas pautas estão interligadas e devem ser tratadas com profundidade e cooperação internacional.

Fonte: Agência FAPESP