A contagem regressiva para a COP30 em Belém envolve mais do que a preparação de eventos e infraestrutura. Uma ação inédita e de grande impacto social e urbano coloca a cidade em movimento: o Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), em parceria com a Prefeitura de Belém, via Secretaria Municipal de Zeladoria e Conservação Urbana (Sezel), mobiliza 300 Pessoas Privadas de Liberdade (PPLs) para serviços de limpeza e manutenção de vias estratégicas da capital.

A iniciativa integra o Programa Construindo Novas Histórias, que oferece reinserção social por meio do trabalho, garantindo direitos trabalhistas e remição de pena — a cada três dias de trabalho, um dia é abatido da pena. Participantes em regime semiaberto realizam atividades externas, retornando à unidade prisional ao fim do dia, fortalecendo a ressocialização e promovendo cidadania.
Os internos realizam roçagem, recolhimento de entulho e manutenção urbana em 11 áreas estratégicas de Belém, definidas pela Sezel, que fornece todos os equipamentos de proteção individual e materiais necessários. Entre as avenidas contempladas estão Marquês de Herval, Visconde de Inhaúma, Pedro Álvares Cabral, Senador Lemos, Augusto Montenegro, Independência, Centenário, Bruno Sechi, Arthur Bernardes, Perimetral e Bernardo Sayão.

VEJA TAMBÉM: Declaração de Belém: como o MPF reposiciona sua atuação climática
Segundo o secretário-adjunto de Gestão Operacional da Seap, Ringo Alex Rayol Frias, o caráter colaborativo da ação reflete um planejamento que combina urbanismo, cidadania e reinserção social. “A Seap participa com 300 pessoas privadas de liberdade, apoiando a Prefeitura e a equipe da zeladoria, para deixar a cidade limpa e pronta para a COP30”, afirmou.
O diretor de Trabalho e Produção da Seap, Belchior Machado, acompanhou o início das atividades e destacou a importância do projeto. Ele ressalta que a parceria com a Prefeitura é contínua e estratégica, iniciando o ano com a limpeza de cemitérios e avançando para vias de maior fluxo. “O trabalho prisional é uma ferramenta essencial de reinserção social e de conservação dos espaços públicos”, comentou.
Os moradores da cidade aprovam a ação. A aposentada Antônia Leonor, 78 anos, que reside há décadas na Avenida Marquês de Herval, elogiou o empenho dos internos e destacou o valor simbólico da iniciativa. “É bom para eles e para nós. O canteiro está bonito e isso é uma oportunidade para mudarem de vida”, disse.
Entre os participantes está Ival Sena Dantas, 52 anos, que cumpre pena há 12 anos e integra o programa. Ele relatou a emoção de participar da ação: “Receber a notícia da seleção foi uma alegria enorme. Hoje fazemos parte dessa mudança na cara de Belém, que está ficando ainda mais linda. O Estado mostra que há chances para quem quer recomeçar. Essa oportunidade abre uma porta para a liberdade e transformação pessoal”.
Mais do que embelezar a cidade, o projeto combina cidadania, educação e cuidado com os espaços públicos, criando impacto positivo tanto para os internos quanto para a população. A iniciativa também reforça o compromisso do Governo do Pará e da Prefeitura de Belém em promover práticas inclusivas, sustentáveis e voltadas à responsabilidade social, alinhadas ao cenário internacional de acolhimento e organização que a COP30 exige.
A ação evidencia que a reinserção social pode caminhar lado a lado com a conservação urbana. Ao mesmo tempo em que Belém se prepara para receber delegações internacionais e visitantes, os internos têm a chance de reconstruir suas trajetórias, desenvolver habilidades e participar ativamente da transformação de sua cidade.






































