Empresários da Amazônia se prepararam para assumir papel de destaque na COP30


A poucos meses da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que ocorrerá de 10 a 21 de novembro em Belém, o estado do Pará passa por uma transformação, tanto em sua infraestrutura quanto em sua oferta de serviços. Comerciantes locais, especialmente micro e pequenos empreendedores, estão se mobilizando para receber os visitantes e compartilhar o que há de melhor da hospitalidade e da criatividade amazônicas.

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Entre as inovações que marcarão a presença dos empresários locais na COP30 estão produtos sustentáveis, como biojoias feitas com materiais reaproveitados, peças de moda inovadoras utilizando recursos da Amazônia e artigos de decoração com um forte apelo ambiental. O objetivo é apresentar ao público global a riqueza da biodiversidade local, aliada à sustentabilidade e à criatividade.

Expectativa de Grande Público e Preparativos para a Acomodação

Com a expectativa de receber até 100 mil visitantes durante as duas semanas do evento, incluindo chefes de Estado, delegações, turistas e participantes, Belém se prepara para atender a essa demanda crescente. A cidade conta atualmente com 18 mil leitos em hotéis, número que deve crescer para 22 mil com a inauguração de novas unidades. Além disso, o governo federal está trabalhando para garantir a construção de 500 apartamentos modulares de luxo e a utilização de dois navios de cruzeiro para acomodar até 5 mil pessoas.

O uso de plataformas de hospedagem temporária, como os populares aplicativos de aluguel de imóveis, também está em expansão, com um aumento significativo na oferta de espaços para receber turistas. Em 2023, Belém já recebeu 80,5 mil turistas durante o Círio de Nazaré, e a expectativa é que o movimento seja ainda maior durante a COP30.

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Capacitação e Crescimento no Setor de Turismo

O Sebrae tem desempenhado um papel fundamental na preparação dos empresários locais, oferecendo capacitação para aqueles que desejam se inserir no mercado de turismo. O número de anfitriões cadastrados em plataformas de hospedagem subiu de 700 para 3,5 mil entre 2023 e 2024, e o diretor-superintendente do Sebrae no Pará, Rubens Magno, acredita que o turismo no estado continuará a crescer, não apenas durante o evento, mas também nos meses seguintes.

Empreendedores como Betty Saldarriaga, que oferece hospedagem pós-cirurgia plástica, aproveitam o momento para diversificar seus negócios e atender à demanda turística crescente. Ela destaca que a capacitação recebida ajudou a entender melhor como atuar no mercado de turismo, especialmente durante grandes eventos como a COP30.

Inovação e Sustentabilidade como Pilares de Novos Negócios

A inovação também é um fator-chave para empresários como Nilma Arraes, designer de biojoias que trabalha com materiais reciclados da Amazônia, como a mistura de açaí e resina para a criação de acessórios exclusivos. Para a COP30, ela desenvolveu uma linha de luminárias feitas a partir de escamas de peixe pirapema, uma iguaria da culinária local. Nilma vê a sustentabilidade como a essência do seu trabalho, e a conferência global será uma oportunidade para expandir seus negócios e promover suas criações sustentáveis.

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Outra iniciativa inovadora vem da estilista Val Valadares, que se uniu a uma empresa local especializada em borracha da Amazônia para criar peças de moda exclusivas. Elas utilizam látex produzido por famílias de seringueiros da Ilha do Marajó, com o objetivo de transformar esse material em um “couros amazônicos” 100% sustentável.

Protagonismo e Visibilidade para os Negócios Locais

Screenshot 2025 01 14 184755Além de ampliar suas redes de negócios, os empreendedores locais esperam que a COP30 seja um marco para o reconhecimento de sua atuação. Val Valadares, por exemplo, sonha em abrir um ateliê escola, enquanto Nilma Arraes deseja expandir suas operações, envolvendo ainda mais profissionais na cadeia produtiva de suas biojoias. Francisco Samonek, que coordena um projeto de borracha sustentável na Ilha do Marajó, vê a COP30 como uma oportunidade única de ganhar visibilidade internacional e mostrar o trabalho de centenas de famílias da região.

Esses empresários não apenas desejam lucrar com o evento, mas também buscar o reconhecimento de seu papel na proteção e valorização da Amazônia, contribuindo para um futuro mais sustentável e inovador. Para eles, a COP30 não é apenas uma vitrine para seus negócios, mas uma chance de destacar a força e a relevância da produção local em um cenário global.


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