Hospedagem em Belém avança e mais países conseguem acomodações, diz diretora executiva da COP 30


Em meio às discussões da Rio Climate Action Week, a diretora executiva da COP30, Ana Toni, trouxe uma atualização animadora sobre um dos principais desafios da conferência: a hospedagem em Belém. Uma semana após a divulgação de que apenas 47 das 196 delegações haviam confirmado acomodação, a situação “já melhorou bastante”, como ela afirmou, indicando que mais países conseguiram encontrar locais para ficar.

Vinicius Loures / Câmara dos Deputados

A diretora executiva da COP 30 participou de um dos painéis do Business Day, dia voltado para debates com representantes do setor privado, nesta quinta (28), no CCBB RJ, como parte do Rio Climate Action Week. Na sua palestra, ela destacou a importância da integração de esforços entre os setores público e privado no combate às mudanças climáticas.

Ana Toni, que esteve com André Corrêa do Lago, presidente da COP30, em uma reunião de ministros da América Latina e Caribe no México, explicou que a força-tarefa criada pelo governo para auxiliar na busca por acomodações já está em pleno funcionamento. As dúvidas dos países foram sanadas, e as delegações estão conseguindo firmar acordos para suas estadias, o que a leva a crer que o tema da logística agora pode dar espaço a assuntos mais urgentes e centrais para a agenda climática.

A diretora executiva participou de um painel voltado para representantes do setor privado, no qual destacou a necessidade de uma atuação integrada entre os setores público e privado para combater as mudanças climáticas. Em sua fala, ela também antecipou a divulgação da sétima carta da presidência, que será focada em convocar o setor privado para a agenda climática. A mensagem é clara: o setor empresarial é um parceiro indispensável na busca por soluções sustentáveis.

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Foto: divulgação

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A COP da implementação e a contribuição brasileira

Ana Toni ressaltou que, após as últimas conferências firmarem grandes metas, como a de triplicar a oferta de energia renovável e a transição para o fim dos combustíveis fósseis, chegou a hora de agir e implementar os acordos. “A COP28 estabeleceu um acordo muito bom, mas você precisa avançar em relação a eles e também monitorar o que foi prometido. A gente não quer só falar dos problemas, mas apresentar soluções. Já existem muitas soluções, o problema é dar escala a elas”, afirmou.

Como exemplo de solução prática, a diretora citou o Combustível Sustentável de Aviação (SAF), uma alternativa de biocombustível que pode reduzir significativamente as emissões de carbono. E, nesse contexto, ela defendeu que o Brasil já é um grande provedor de soluções climáticas, com sua matriz energética relevante de energia renovável e a criação de mecanismos financeiros, como o Fundo Clima, o EcoInvest e o TFFF.

Para ela, um dos grandes legados da COP em Belém será a oportunidade de mostrar ao mundo o potencial do país como exportador de soluções ambientais. “A gente já tem muitas soluções. O Brasil é um grande provedor de soluções climáticas e a COP30 é uma oportunidade grande da gente trabalhar junto com os outros países e mostrar tudo que o Brasil está fazendo para juntar esse objetivo de descarbonização e resiliência climática com coisas muito práticas, regulamentação, instrumentos econômicos, para a gente poder implementá-las. No final, o que importa é a implementação”, pontuou.

Ela também defendeu que, embora o Brasil tenha soluções próprias e ferramentas para avançar, o financiamento de países ricos aos fundos globais de ações climáticas ainda é uma “dívida histórica que será cobrada”. No entanto, resumiu que “a gente não pode ficar sentado esperando” e que o Brasil deve seguir com suas iniciativas.

A escolha de Belém como sede da conferência também foi defendida pela diretora, que destacou o simbolismo da decisão. “Normalmente a gente esquece como essas conferências, que normalmente são em lugares muito glamurosos, Paris e Dubai, afetam a nossa vida no dia a dia. Ter pela primeira vez uma COP na Amazônia vai fazer com que o tema de florestas e soluções baseadas na natureza sejam tratados e valorizados no debate climático de uma outra maneira. Então tem um simbolismo imenso a gente ter uma COP na Amazônia”, concluiu.