Em iniciativa inédita, a presidência da COP30 vai conectar práticas locais que já funcionam com o esforço global de ação climática, valorizando comunidades, jovens e empresas inovadoras.
Uma COP conectada com o mundo real
A COP30, que ocorrerá em novembro de 2025 em Belém (PA), dará um passo inovador na forma como se comunica com o mundo. A presidência da conferência, liderada pelo embaixador André Corrêa do Lago, lançará uma plataforma digital para reunir e divulgar ações climáticas reais já em curso no mundo todo.
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A proposta vai além das metas futuras dos países, conhecidas como NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas). O foco está no que já está sendo feito por agricultores, comunidades, empresas e governos locais para enfrentar a crise climática.
Mutirão global por soluções concretas
O lançamento ocorrerá entre os dias 19 e 23 de maio, durante evento da UNFCCC no Panamá. A plataforma será aberta e acessível, permitindo que qualquer pessoa conheça exemplos inspiradores e replicáveis de mitigação e adaptação climática.
Exemplos citados incluem:
- Projetos de agricultura regenerativa liderados por comunidades rurais
- Jovens que instalam painéis solares em periferias urbanas
- Cidades que restauram manguezais
- Coalizões empresariais para descarbonizar data centers
- Iniciativas de educação ambiental lideradas por comunidades afrodescendentes
Do topo para a base — e vice-versa
Corrêa do Lago define as experiências como “mobilizações de baixo para cima, sem hierarquia”, em contraste com o modelo formal e diplomático das COPs, onde apenas países têm voz e voto.
Para o embaixador, é fundamental que a cooperação climática internacional se conecte com a realidade do cotidiano das pessoas, pois são elas quem implementam as transformações acordadas pelos governos.
“Todo mundo poderá ver o que está funcionando em uma comunidade na Namíbia, ou em uma vila no Brasil, e se inspirar”, afirmou o presidente da COP30.
Nova governança para novos tempos
No novo documento divulgado pela presidência, Corrêa do Lago defende que o modelo atual da ONU precisa evoluir para lidar com uma crise climática mais urgente e complexa.
Inspirado na fala do presidente Lula sobre reformar a governança global, o texto aponta para uma estrutura que alinhe esforços hoje dispersos entre governos, empresas, universidades e comunidades locais.
“A cooperação climática não deve apenas funcionar em 2025, mas estar pronta para 2030, 2035 e 2050”, diz a carta.
Círculos de liderança e sabedoria
Como parte desse esforço, a COP30 criou os “Círculos de Liderança”, grupos temáticos formados por representantes da sociedade civil, governos e setor privado:
- Círculo dos Ex-Presidentes da COP: liderado por Laurent Fabius, da COP21
- Círculo Econômico: coordenado por Fernando Haddad, discute financiamento climático
- Círculo dos Povos Tradicionais: sob liderança de Sônia Guajajara, reúne indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais
- Círculo do Balanço Ético Global: coordenado por Marina Silva, inspirado na encíclica “Laudato si’”
Os círculos têm a missão de elevar a consciência, articular ações e aconselhar a presidência da conferência com base na diversidade de vozes e experiências.
Uma COP feita com e para as pessoas
O esforço da COP30 de criar uma plataforma colaborativa e destacar iniciativas reais sinaliza um novo modelo de diplomacia climática: mais aberto, inclusivo e conectado à realidade.
O “mutirão global” idealizado por Corrêa do Lago propõe que todos os setores da sociedade se reconheçam como protagonistas no combate à mudança climática — e que suas ações ganhem visibilidade internacional.
Se bem-sucedida, a iniciativa poderá transformar o legado da COP30, não apenas pelas resoluções formais que dela saírem, mas pela mobilização global que conseguirá inspirar.