Desde o início de novembro, o navio Costa Diadema, uma imponente embarcação da Costa Cruzeiros, ancorou no recém-reformado Porto de Outeiro, em Belém (PA), e transformou-se em um hotel flutuante para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30). Mais do que uma simples acomodação para delegados, o navio virou palco de uma iniciativa inédita: a primeira visita técnica de agentes de viagem locais a bordo.

Na manhã de 20 de novembro, agentes de viagens da capital paraense embarcaram no Diadema com olhos curiosos e expectativas altas. Eles foram recebidos por executivos de peso, como Dario Rustico, presidente executivo da Costa Cruzeiros para as Américas, e Marco Ferraz, presidente executivo da CLIA Brasil. Esses líderes trouxeram boas-vindas calorosas, destacando não apenas a grandiosidade da armação, mas também a estratégia de conectar mais intensamente a operadora aos agentes locais. A visita tinha um tom simbólico e prático ao mesmo tempo: permitir que os vendedores de viagens conhecessem por dentro o que será oferecido a hóspedes durante a conferência — e fomentar uma visão de longo prazo para cruzeiros na região Norte.
Durante a visita guiada, os agentes exploraram os amplos espaços comuns do navio: subiram ao teatro, caminharam pela promenade externa, visitaram os restaurantes e bares, testemunharam as piscinas e jacuzzis, entraram no spa e checaram os ambientes destinados a crianças e adolescentes. Também conheceram as diferentes categorias de cabines, desde as mais simples até as suítes de luxo. No meio desse tour, a Costa ofereceu um almoço com um menu que misturava sabores da culinária italiana e internacional — uma pequena amostra do serviço sofisticado que espera os hóspedes.
Mais do que entretenimento, a visita técnica permitiu aos agentes entender como o navio está funcionando como parte da estratégia de hospedagem da COP30: o Diadema funciona como um hotel temporário para milhares de participantes. Esse papel é reforçado pela presença de pacotes especiais, desenvolvidos especificamente para a conferência, como os pacotes “Air & Sea” e as experiências chamadas “Sea Destinations”, que combinam a estadia a bordo com roteiros em terra.
Outro momento marcante foi a cerimônia de troca de placas oficializando a estreia do Costa Diadema em Belém. Estavam presentes autoridades como o comandante do navio, Ignazio Giardina, Dario Rustico e Renê Hermann — presidente institucional da Costa Cruzeiros no Brasil —, além de representantes da Companhia Docas do Pará (CDP), da Secretaria Extraordinária da COP30, da Secretaria de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade do Pará, da Polícia Federal e da Anvisa. A troca de placas simboliza não apenas uma visita protocolar, mas o reconhecimento institucional de que Belém, via Porto de Outeiro, se torna rota de cruzeiros internacional.

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Para a Costa Cruzeiros, essa operação tem um significado estratégico: reforçar seu relacionamento com o mercado local, mas também sinalizar confiança no potencial de crescimento da indústria de cruzeiros no Norte do Brasil. Dario Rustico destacou que a região tem uma vocação única e ainda pouco explorada, e que a infraestrutura do Porto de Outeiro — recém-requalificada — é essencial para consolidar esse futuro.
Do lado do poder público, a operação dos navios flutuantes representa mais que uma solução pontual para a COP30. A Companhia Docas do Pará investiu fortemente na modernização do porto, ampliando o píer de 261 para 716 metros em tempo recorde. Segundo a própria CDP, esse investimento foi pensado para deixar um legado sustentável para o turismo e a logística regional, não apenas para a conferência, mas para além dela.
De fato, após a partida dos navios no encerramento da COP, espera-se que o terminal portuário se torne um polo fixo de cruzeiros, contribuindo para um novo capítulo turístico na Amazônia urbana. Segundo a Agência Pará, o evento simbólico da partida dos navios marcou também a consolidação do Porto de Outeiro como rota estratégica para o turismo marítimo e para a conexão da capital paraense com o mundo. O presidente da CDP, Jardel Rodrigues da Silva, declarou que o terminal agora é visto, por comandantes e operadores, como um dos mais adequados no Brasil para receber grandes transatlânticos.
Essa mobilização portuária não surgiu do nada: as obras no terminal eram realizadas desde abril de 2025, em parceria com a Itaipu Binacional, com forte ritmo e engajamento. A construção, complicada e urgente, precisou lidar com as condições desafiadoras da baía, variações de maré, além de reforçar a base do cais para suportar navios de grande calado – tudo isso em poucos meses.

Para muitos agentes locais, a visita não foi apenas técnica, mas também simbólica: ver Belém ganhar projeção internacional por meio de uma rota marítima, sentir na pele a magnitude de um navio de cruzeiro e avaliar os serviços que podem ser comercializados no futuro. É uma oportunidade para ampliar a base instalada de expertise no trade turístico paraense e reforçar a visão de que cruzeiros não são apenas viagens de lazer, mas também parte de projetos maiores de desenvolvimento urbano e sustentável.
Em síntese, a vinda do Costa Diadema para Belém durante a COP30 representa uma confluência entre diplomacia climática, estratégia comercial e desenvolvimento local. A visita técnica para agentes de viagem reforça essa confluência: ao mesmo tempo em que se resolve uma necessidade prática de acomodação para o evento, se planta uma semente para o crescimento do turismo marítimo na Amazônia. E o porto, que antes era apenas ponto logístico, agora surge como porta simbólica — e real — de entrada para a floresta.


















































