O Arquipélago do Marajó orgulha-se de ter dois municípios entre os dez maiores produtores de açaí do Brasil, segundo a Nota Técnica “Conjuntura Econômica do Açaí 2024”, desenvolvida pela Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural (Diepsac) da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa). Bagre e Anajás ocupam, respectivamente, a 5ª e 8ª posição nacional em produção de açaí em 2022. O estado do Pará lidera com folga, concentrando mais de 90% da produção nacional e abrigando nove das dez cidades mais produtivas do país.
Bagre é o principal produtor marajoara, colhendo 96,3 toneladas do fruto em 2022, um aumento impressionante de 115% em comparação a 2021. Esse crescimento é o segundo maior do Brasil, atrás apenas de Mocajuba, que registrou um aumento de 514%. Anajás, a terceira cidade do Pará em crescimento de produtividade, aumentou sua produção de 52,2 toneladas em 2021 para 73,1 toneladas em 2022, um crescimento de 40%.
Liderança do Pará na Produção de Açaí
No cenário nacional, nove cidades paraenses estão entre as dez maiores produtoras de açaí, com Codajás, no Amazonas, sendo a única exceção, ocupando a 6ª posição. O Pará se destaca como o protagonista absoluto, com 90,4% da produção brasileira de açaí em 2022, equivalente a 1,7 milhão de toneladas. Amazonas e Maranhão também têm relevância no setor, mas em menor escala.
Desenvolvimento Sustentável
O estudo da Fapespa detalha o potencial produtivo do açaí nos estados e municípios brasileiros, além de abordar exportação, empreendimentos, mercado de trabalho e especialização no cultivo do fruto. Márcio Ponte, diretor da Diepsac, destaca que a exploração sustentável do açaí não só enriquece a biodiversidade local, mas também impulsiona a economia regional, posicionando-se como um produto-chave para o desenvolvimento econômico sustentável.
Evolução da Produção Agrícola
A produção de açaí no Brasil cresceu significativamente nas últimas décadas, passando de 145,8 mil toneladas em 1987 para 1,9 milhão de toneladas em 2022, um aumento de mais de 13 vezes em 36 anos. O Pará, historicamente o maior produtor, consolidou ainda mais sua liderança após 2015 com a adoção do sistema de açaí cultivado, ampliando a diferença de produção em relação ao Amazonas.
Açaí Ganha o Mundo
As exportações de derivados do açaí paraense aumentaram exponencialmente, de menos de 1 tonelada em 1999 para mais de 61 mil toneladas em 2023. Esse crescimento substancial gerou críticas locais devido ao aumento dos preços internos. No Amazonas, as exportações subiram de menos de 1 tonelada para 57 toneladas no mesmo período. O valor das exportações paraenses cresceu de US$ 1,00 em 1999 para quase US$ 45 milhões em 2023.
Empreendimentos e Empregos
Os últimos Censos Agropecuários mostram um aumento significativo no número de empreendimentos associados à produção de açaí no Pará, passando de quase 13 mil em 1996 para mais de 81 mil em 2017, um crescimento de 533% em 22 anos. No mercado de trabalho, o número de vínculos empregatícios formais no setor aumentou 864,5% entre 2010 e 2022.
Crédito Rural e Tecnologia
O crédito rural é um fator crucial para a produção de açaí, com o Pará recebendo recursos destinados ao crédito rural cerca de 30 vezes superiores aos do Amazonas. Em 2023, a maior parte do crédito no Pará foi destinada a investimentos de longo prazo, enquanto no Amazonas predominou o custeio das operações.
O estudo também identificou 14 municípios paraenses com alto potencial de especialização no cultivo de açaí, destacando Igarapé-Miri, Bagre e Ponta de Pedras no Marajó. Estes municípios devem ser priorizados para investimentos públicos e privados na expansão da produção de açaí.
Conclusão
O estudo da Fapespa destaca a liderança do Pará na produção de açaí e a necessidade de diversificação dos produtos derivados do fruto para garantir maior valor agregado e competitividade no mercado global. Marcel Botelho, presidente da Fapespa, enfatiza a importância da verticalização e inovação na cadeia produtiva do açaí para consolidar a liderança do Pará na exportação e agregar valor à bioeconomia do estado.
Fonte: Notícia Marajó