Pesquisadores encontram árvores em extinção no Brasil

Autor: Redação Revista Amazônia

Durante uma expedição científica realizada entre os dias 22 e 27 de julho de 2024, pesquisadores identificaram pelo menos 10 espécies de plantas ameaçadas no Cerrado, região da Mantiqueira e Chapada dos Veadeiros, em Goiás. A iniciativa faz parte da implementação do Plano de Ação Nacional para a Conservação da Flora Ameaçada de Extinção da Bacia do Alto Tocantins (PAN Bacia do Alto Tocantins), dentro do Projeto Pró-Espécies: Todos contra a extinção.

Importância dos registros encontrados

Os registros obtidos durante a expedição são fundamentais para a confirmação da presença dessas espécies na região e para a avaliação de suas condições de vulnerabilidade. Liderada pelo pesquisador Marcelo Trovó, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), a expedição contou também com a participação de outros pesquisadores, como Pedro Henrique Cardoso, Wellerson Picanço Leite e Mylena Cabrini.

Espécies em destaque

Um dos grandes achados da expedição foi a Paepalanthus longiciliatus Trovó, uma pequena erva da família Eriocaulaceae, encontrada apenas às margens da estrada que liga Niquelândia a Colinas do Sul, em Goiás. Classificada como “Criticamente em perigo” (CR) de extinção, essa espécie é considerada uma “CR Lacuna”, pois não está protegida por nenhum mecanismo de conservação.

Marcelo Trovó expressou surpresa e satisfação ao encontrar uma população saudável da planta, mesmo sendo registrada na beira da estrada. A última vez que a espécie havia sido coletada foi há mais de 12 anos. O pesquisador destacou a importância desse reencontro, que permitirá novas análises genéticas para aprimorar os esforços de conservação.

Outra planta que chamou a atenção foi a Stachytarpheta glazioviana, da família Verbenaceae, conhecida por suas flores pretas. Essa espécie está classificada como “Em perigo” (EN) devido à perda de habitat causada pela agricultura e pastagem.

Novas descobertas

Além de registrar as espécies ameaçadas, a equipe também coletou amostras de plantas classificadas como “Dados insuficientes” (DD) e identificou três novas espécies que estão em estudo para confirmação e publicação científica. Essas descobertas são essenciais para ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade do Cerrado e reforçam a necessidade de estratégias de conservação mais eficazes.

Marcelo Trovó comentou que a quantidade de plantas floridas encontradas foi surpreendente, possivelmente devido ao regime alterado de chuvas na região. Isso aumentou a diversidade e quantidade de espécimes coletados durante o estudo.

Impacto para o plano de ação

Marcio Verdi, coordenador do PAN Bacia do Alto Tocantins, destacou a relevância dos resultados da expedição, que contribuem diretamente para o cumprimento dos objetivos do plano. Segundo Verdi, os dados coletados são fundamentais para mapear as populações das espécies ameaçadas e para identificar os principais riscos que elas enfrentam, como a presença de capim-gordura e o impacto de incêndios.

A expedição também reforçou a urgência de medidas de conservação mais intensivas, principalmente para espécies que estão em áreas críticas de proteção. Os pesquisadores enfatizaram a necessidade de agir rapidamente para evitar a extinção dessas plantas.

O PAN Bacia do Alto Tocantins

O Plano de Ação Nacional para a Conservação da Flora Ameaçada de Extinção da Bacia do Alto Tocantins (PAN Bacia do Alto Tocantins) foi oficializado em junho de 2023 e tem validade até 2028. O objetivo é implementar ações que ampliem as medidas de conservação das espécies-alvo, assegurando a preservação dos ambientes e dos serviços ecossistêmicos da região, com a participação da sociedade.

Saiba mais

O PAN contempla 98 espécies, das quais 14 são classificadas como “Criticamente em perigo” (CR), 58 como “Em perigo” (EN) e 26 como “Vulnerável” (VU). Há também espécies categorizadas como “Quase Ameaçadas” (NT) e “Dados Insuficientes” (DD), abrangendo territórios de Goiás e do Distrito Federal.

Coordenado pelo JBRJ, o plano conta com a participação de mais de 100 colaboradores de diferentes instituições. O monitoramento e a execução das ações de conservação estão sendo realizados para garantir a preservação das espécies e criar estratégias eficazes para protegê-las.

Acesse mais informações sobre o PAN Bacia do Alto Tocantins.


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