A remota comunidade de Caiambé, às margens do Rio Solimões, em Tefé (AM), tornou-se pioneira ao receber a primeira usina híbrida de energia da Aggreko, no interior do estado. Desde 29 de maio, a localidade opera com um sistema inovador que combina geração térmica, energia solar e baterias de armazenamento, transformando-se em referência para a expansão de modelos energéticos sustentáveis na Amazônia Legal.

Caiambé dá o primeiro passo rumo à transição energética
O projeto integra o programa federal Pró-Amazônia Legal, vinculado ao Ministério de Minas e Energia, e visa reduzir os custos estruturais de geração nas áreas isoladas da região Norte. Com a aprovação de novas fases do projeto no Diário Oficial da União, a expectativa é replicar o modelo de Caiambé em outras 23 comunidades, totalizando 88 MWp de energia solar e 105 MWh em armazenamento com baterias (BESS).

Hibridização: uma resposta aos desafios da Amazônia
Com 1,4 MW de geração térmica, 373 kWp em painéis solares e um sistema de baterias de 1 MW / 500 kWh, a usina de Caiambé promete não apenas estabilidade no fornecimento de energia, mas também significativa redução de impactos ambientais: cerca de 130 mil litros de diesel e 405 toneladas de CO₂ deixarão de ser emitidos anualmente.
Segundo Cristiano Lopes Saito, diretor da Aggreko, atuar na Amazônia exige soluções que vão além da técnica. “Cada comunidade é única. Precisamos respeitar a cultura local, superar desafios logísticos e enfrentar o clima. Estamos aplicando nossa experiência em hibridização num contexto que exige inovação e sensibilidade.”
Tecnologia inteligente para um ambiente desafiador
Fruto de uma parceria com a Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) e com apoio do programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel, o projeto incorporou um sistema de controle automatizado que integra todas as fontes de energia. Essa tecnologia permite operar com eficiência mesmo durante os longos períodos de nebulosidade característicos da região amazônica.
Para Jaqueline Almeida, gerente do projeto, a iniciativa representa muito mais que uma entrega técnica: “Caiambé é um campo de testes real. Cada adaptação realizada aqui pode ser replicada em outras regiões remotas do mundo. Estamos validando uma solução que alia sustentabilidade, confiabilidade e viabilidade operacional.”
Transformação energética e impacto social
Antes da chegada da usina híbrida, os cerca de 3 mil habitantes de Caiambé conviviam com limitações severas no fornecimento de energia, o que impactava saúde, educação e economia local. Com a nova matriz energética, a comunidade passa a contar com fornecimento estável, sustentável e mais econômico, promovendo avanços em qualidade de vida.
Além de fornecer energia a 26 comunidades no Amazonas, a Aggreko gera emprego direto para quase 200 pessoas na região. O compromisso socioambiental também se reflete na gestão rigorosa de resíduos, com descarte e tratamento em Manaus.

Um laboratório na floresta
Para os especialistas envolvidos, Caiambé não é apenas um ponto no mapa. É um espaço de aprendizado contínuo. “Cada dado que coletamos aqui alimenta as decisões sobre os próximos projetos. Estamos construindo um modelo energético a partir do interior da floresta amazônica, com potencial para ser replicado em qualquer sistema isolado do planeta”, reforça Jaqueline.
A experiência mostra que a transição energética é possível mesmo nos contextos mais desafiadores, desde que tecnologia, respeito às comunidades e compromisso ambiental caminhem juntos.










































