Estudo evidencia países na “zona vermelha” da vulnerabilidade climática, incluindo dois na Europa

Mais de 2 bilhões de pessoas vivem em nações altamente expostas a riscos climáticos e com acesso limitado a financiamento, aponta novo índice global.


Um novo estudo liderado pela Columbia Climate School, nos Estados Unidos, com apoio da The Rockefeller Foundation, revelou os países mais vulneráveis às mudanças climáticas por meio do Índice de Vulnerabilidade ao Financiamento Climático (CliF).

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Índice identifica países mais vulneráveis a choques climáticos

Segundo o levantamento, mais de 2 bilhões de pessoas vivem em países da “zona vermelha”, onde o risco de desastres climáticos é elevado e o acesso a financiamento é cada vez mais restrito. Das 65 nações listadas como mais vulneráveis, dois terços estão na África. No entanto, Chipre e Ucrânia, ambos localizados na Europa, também aparecem na lista.

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Fonte: OutrasPalavras

Dívidas elevadas aumentam a vulnerabilidade ao clima

O professor Jeff Schlegelmilch, diretor do Centro Nacional de Preparação para Desastres da Columbia Climate School, explica que eventos climáticos extremos estão se tornando mais frequentes e intensos, ao mesmo tempo em que muitos dos países mais ameaçados também enfrentam altos níveis de endividamento.

Esse cenário reduz sua capacidade de acesso ao crédito, comprometendo os investimentos necessários para mitigação e adaptação climática. O resultado é um ciclo vicioso: países respondem a desastres, mas não conseguem se preparar adequadamente para os próximos.

As projeções são alarmantes

De acordo com o Fórum Econômico Mundial, se nenhuma ação significativa for tomada, as catástrofes climáticas poderão causar mais de 14,5 milhões de mortes e US$ 12,5 trilhões em perdas econômicas globais até 2050.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) estima que o déficit anual de financiamento para adaptação climática pode chegar a US$ 387 bilhões por ano. Ao mesmo tempo, juros altos e barreiras ao crédito internacional mantêm os países mais frágeis presos a respostas reativas, sem avanço sustentável.

O que torna o índice CliF diferente?

Schlegelmilch critica os modelos tradicionais de auxílio baseados apenas em PIB per capita ou nível de renda, pois eles não consideram a exposição crescente aos riscos climáticos nem as dificuldades no acesso ao capital.

O novo índice leva em conta uma análise mais completa dos riscos, incluindo capacidade de financiamento, e deve orientar melhor os investimentos e recursos internacionais.

Chipre e Ucrânia também estão em risco

Embora a maioria dos países na zona vermelha esteja na África Subsaariana — 43 dos 65 — Chipre e Ucrânia também foram incluídos. No caso de Chipre, o país aparece nas projeções pessimistas e otimistas para 2050 e 2080, devido à sua vulnerabilidade a terremotos. Já a Ucrânia, em meio a conflitos armados, aparece nas projeções otimistas de 2050 e 2080.

Segundo os pesquisadores, embora esses fatores não estejam diretamente ligados ao clima, eles impactam significativamente os sistemas de gestão de desastres e o acesso ao financiamento internacional, agravando a vulnerabilidade geral.

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Fonte: MeteorologíaenRed

África lidera o ranking de vulnerabilidade

Entre os países africanos mais vulneráveis, 10 aparecem consistentemente nos piores cenários: Angola, Burundi, Gâmbia, Guiné-Bissau, Eritreia, Lesoto, Malaui, Sudão do Sul, Sudão e Zâmbia.

Saliem Fakir, diretor da African Climate Foundation, afirma que o índice complementa os esforços para promover abordagens mais sistêmicas de adaptação climática no continente, especialmente em países sob forte pressão da dívida externa.

Países mais preparados estão na Europa e Ásia

Em contrapartida, os países mais bem equipados para lidar com choques climáticos são, em sua maioria, membros da OCDE. Oito dos 10 mais resilientes estão entre os mais ricos do mundo, sendo metade deles europeus: Dinamarca, Estônia, Noruega, Suíça e Suécia. Os demais são Coreia do Sul, Japão e Estados Unidos.