O Fundo JBS pela Amazônia acaba de lançar uma iniciativa que promete transformar a realidade de comunidades rurais em Rondônia. Em colaboração com a organização socioambiental Ecoporé e os Escritórios Verdes JBS, surge o projeto Vitrines de Restauração, uma proposta pioneira que tece a recuperação ambiental com o desenvolvimento socioeconômico. A meta é clara: restaurar áreas degradadas em propriedades rurais, especialmente aquelas ligadas à pecuária, e, ao mesmo tempo, gerar um significativo aumento de renda para os envolvidos, que pode chegar a 60% através da comercialização de sementes nativas. A longo prazo, essa iniciativa ambiciona alavancar a restauração de mais de 3 mil hectares de vegetação nativa, desenhando um futuro mais verde e próspero para a região.


Da teoria à prática uma rede de apoio ao produtor
A concepção do projeto Vitrines de Restauração partiu de uma base sólida: a atuação dos Escritórios Verdes da JBS. Essa iniciativa da empresa oferece um suporte completo e gratuito a produtores rurais, abrangendo assistências técnica, ambiental e gerencial. O foco é duplo: auxiliar na regularização ambiental e incentivar a adoção de melhores práticas sustentáveis. Foram esses escritórios que realizaram o mapeamento dos produtores com Cadastro Ambiental Rural (CAR) válido, identificando as propriedades que possuíam áreas degradadas e necessitavam de recomposição.
Uma vez identificados os parceiros ideais, o Fundo JBS pela Amazônia entrou como o grande financiador da iniciativa, garantindo os recursos necessários para que o projeto saísse do papel. A Ecoporé, por sua vez, assumiu a responsabilidade pela operacionalização do Vitrines de Restauração. Isso inclui tarefas cruciais como o isolamento das áreas a serem recuperadas, a semeadura utilizando a inovadora técnica de muvuca de sementes e a realização de oficinas de capacitação. Paralelamente, os Escritórios Verdes da JBS mantêm um acompanhamento próximo, orientando o desenvolvimento das ações em campo e assegurando que tudo ocorra conforme o planejado. Essa teia de colaboração entre diferentes atores é um exemplo prático de como a sinergia pode gerar resultados impactantes.
Muvuca de sementes: um elo entre ancestralidade e futuro
No coração da metodologia de restauração do projeto está a muvuca de sementes. Inspirada em práticas indígenas ancestrais do Xingu, essa técnica de semeadura direta consiste em uma rica mistura de dezenas de espécies nativas e sementes de adubação verde. Seus benefícios são múltiplos e expressivos: garante uma cobertura rápida do solo, um passo fundamental para evitar a erosão e proteger o solo exposto; fomenta a biodiversidade, recriando ecossistemas ricos e resilientes; e, por fim, favorece a regeneração natural da floresta, acelerando o processo de recuperação ambiental.
Mas o projeto vai além da dimensão ecológica. Ele fortalece a economia de comunidades tradicionais ao valorizar o trabalho da Rede de Sementes da Bioeconomia Amazônica (RESEBA). Essa iniciativa, liderada pela Ecoporé, é composta por um mosaico de saberes e culturas: indígenas, quilombolas e agricultores familiares. São eles os responsáveis pela produção e fornecimento das sementes nativas utilizadas na recomposição vegetal. Esse modelo não só gera renda para essas comunidades, remunerando as pela sua produção, mas também promove a inclusão social e o reconhecimento de saberes ancestrais, muitas vezes negligenciados. É uma ponte entre o passado e o futuro, onde a sabedoria tradicional encontra a inovação para construir um caminho mais sustentável.
Um modelo replicável de restauração e bioeconomia
Lucas Scaracia, gerente executivo do Fundo JBS pela Amazônia, resume a essência do projeto: “O Vitrines de Restauração tem como proposta unir ciência, engajamento comunitário e sustentabilidade para criar um modelo replicável de restauração florestal, fortalecendo a bioeconomia da região, impulsionando práticas produtivas mais responsáveis”. Essa visão de replicabilidade é crucial para que o impacto do projeto se multiplique, alcançando um número cada vez maior de propriedades e comunidades.
O projeto iniciou com a seleção de produtores que demonstraram não apenas interesse, mas também o compromisso de abrir suas propriedades. A ideia é que essas áreas restauradas sirvam como verdadeiras “vitrines” de conhecimento, onde outros produtores possam aprender sobre a técnica da muvuca de sementes e se inspirar a replicá la em suas próprias terras. É uma estratégia de disseminação do conhecimento que se baseia na experiência prática e no exemplo.

Marcelo Ferronato, diretor presidente da Ecoporé, complementa essa perspectiva: “Trabalhamos para que cada propriedade atendida seja não apenas uma área restaurada, mas também um espaço de aprendizagem e replicação. Nosso objetivo é que cada produtor engajado se torne um potencial mobilizador. Acreditamos que soluções baseadas na natureza, como a muvuca de sementes, são chave para aliar conservação e desenvolvimento regional, além de promover a regularização ambiental das propriedades, elemento essencial para integridade das cadeias produtivas e acesso a mercados”. A regularização ambiental, um desafio persistente para muitos produtores, torna se um incentivo adicional para a adesão ao projeto, facilitando o acesso a mercados e garantindo a integridade das cadeias produtivas.
Primeiros passos e a visão de longo prazo
O calendário do projeto já está em andamento. Em julho, a primeira oficina de apresentação do projeto será realizada, marcando o início das atividades de capacitação e engajamento. Entre outubro e novembro, está previsto o começo do plantio com sementes, um momento aguardado que dará vida às áreas degradadas. Nesta fase inicial, o Fundo JBS pela Amazônia investirá mais de 200 mil reais na iniciativa, um aporte financeiro que demonstra o compromisso com os primeiros passos do Vitrines de Restauração.
Apesar de nascer com um foco local, a visão do Vitrines de Restauração é de longo prazo e ambição global. Em um cenário conservador, o projeto tem o potencial de impulsionar a restauração de 100 a 300 hectares ao longo de uma década, utilizando até 21 toneladas de sementes nativas. No entanto, em um cenário mais expansivo e otimista, os números se tornam ainda mais impressionantes: até 3 mil hectares restaurados, com o uso de até 210 toneladas de sementes, mantendo o potencial de incremento de até 60% na renda das comunidades envolvidas.
Esses números não são apenas estatísticas, são indicadores de um futuro possível para a Amazônia, onde a conservação ambiental e o desenvolvimento socioeconômico caminham juntos. O projeto Vitrines de Restauração é um testemunho da capacidade humana de inovar e colaborar para construir um mundo mais justo, próspero e, acima de tudo, verde. É a prova de que é possível aliar a força da indústria, o conhecimento científico e o saber tradicional para criar um impacto positivo duradouro.








































