O governo federal anunciou que vai acionar judicialmente hotéis que estejam cobrando valores abusivos para estadias durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada em Belém, em novembro. A medida foi confirmada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, que criticou a postura de alguns empreendimentos, classificando os preços praticados como “estratosféricos” e incompatíveis com a realidade local.

Segundo o ministro, não se trata apenas de uma questão de mercado, mas da imagem internacional da capital paraense. “Não é justo que hotéis – inclusive alguns que utilizam prédios públicos e receberam recursos subsidiados – pratiquem valores impossíveis. O que queremos é que Belém seja lembrada como uma cidade acolhedora, com hospitalidade genuína e preços justos, e não como um destino inacessível”, afirmou.
Disponibilidade de hospedagem além da rede hoteleira
Rui Costa destacou que Belém possui uma ampla rede de imóveis de padrão internacional, disponíveis para aluguel a preços compatíveis com os praticados em grandes eventos globais. O objetivo, segundo ele, é desconstruir a narrativa de que a cidade não teria capacidade para receber os milhares de visitantes esperados para a COP30.
“Essa história de escassez de leitos não corresponde à realidade. Belém tem alternativas variadas, que vão desde hotéis até imóveis de alto padrão que podem ser locados temporariamente. Nossa missão é mostrar, inclusive internacionalmente, que há estrutura suficiente para sediar a conferência com conforto e qualidade”, reforçou.
Apesar disso, o ministro reconheceu que alguns estabelecimentos estão cometendo abusos. Ele confirmou que já iniciou reuniões com a Advocacia-Geral da União (AGU) para discutir soluções jurídicas e administrativas que impeçam práticas exploratórias.

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Um evento de legado duradouro
A realização da COP30 envolve investimentos expressivos da União, que já superam R$ 4 bilhões em obras de infraestrutura e melhorias urbanas. De acordo com o governo federal, esses recursos não se destinam apenas ao evento, mas deixarão benefícios permanentes para a população de Belém.
Entre os projetos mais avançados está a Vila Líderes, com 90% das obras concluídas, que após a conferência será transformada em sede administrativa do governo estadual. O Aeroporto Internacional de Belém, em reforma, já tem 95% de execução finalizada. O Porto Futuro 2 está em fase final, com 99% de conclusão, enquanto o Parque da Cidade terá sua estrutura pronta para ser um dos principais palcos da conferência.
Essas entregas, segundo Rui Costa, comprovam o esforço coordenado entre governos federal, estadual e municipal para garantir que Belém esteja preparada para receber o maior evento climático do mundo.
Mais que infraestrutura: a imagem de Belém
Para o ministro, o grande desafio não é apenas físico, mas simbólico. A COP30 será acompanhada globalmente e deixará uma marca duradoura na percepção sobre Belém e sobre a Amazônia. “Se o legado for a imagem de preços abusivos e inacessíveis, perderemos a oportunidade de mostrar quem realmente somos. Queremos que o mundo veja a cidade como um lugar hospitaleiro, com cultura vibrante e gastronomia singular. Esse é o verdadeiro cartão de visitas que precisamos construir”, disse.
Ele também ressaltou que o sucesso da conferência dependerá da colaboração de todos os setores da sociedade. “Não é apenas uma conferência; é uma chance histórica de mostrar a Amazônia ao mundo e de consolidar Belém como referência em sustentabilidade e hospitalidade. Por isso, pedimos responsabilidade e equilíbrio de todos os atores envolvidos, inclusive da rede hoteleira”, concluiu.
A COP30 reunirá líderes de quase 200 países, representantes de organizações internacionais, cientistas, ativistas e milhares de visitantes, transformando Belém no epicentro do debate climático mundial. O governo federal espera que o evento seja lembrado não apenas pelas negociações, mas pelo acolhimento caloroso e pela organização exemplar do Brasil.




































