ICMBio realiza queimas prescritas no Cerrado e Amazônia para prevenir grandes incêndios

Autor: Redação Revista Amazônia

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) realiza em vários estados do Brasil as queimas prescritas, importantes ferramentas de prevenção de incêndios florestais. Nos meses de junho e julho, devido às condições climáticas em algumas regiões do país, é ideal que a estratégia seja aplicada, a fim de minimizar os impactos ambientais.

A queima prescrita é o uso do fogo em parcelas da vegetação criando uma barreira natural para evitar o espalhamento das chamas quando ocorrem incêndios florestais, principalmente na época da seca. Com uso do equipamento pinga-fogo, somente é queimado o material seco da vegetação que se acumula no solo e pode agravar os incêndios.

Na Estação Ecológica (Esec) Serra das Araras, localizada no Mato Grosso, as queimas prescritas iniciaram no final de junho. “É o período em que as chuvas cessaram há cerca de três semanas, então há condições de fazer um fogo de forma segura, no que chamamos de janela de queima”, informa o chefe da Esec, Marcelo Andrade. Essa ‘janela’ é uma condição definida para que o fogo se propague dentro de um perímetro definido, com garantia de não se transformar em incêndio florestal.

Andrade explica que essa prática tem uma função ecológica: “O fogo é colocado sobre a vegetação que é tolerante e dependente de fogo. É um fogo brando, que não mata as espécies arbóreas, arbustivas e queima somente o capim seco”. Feita por profissionais, os brigadistas do ICMBio, a técnica está integrada com o Manejo Integrado do Fogo (MIF), um conjunto de estratégias utilizadas pelo órgão há mais de uma década.

No mesmo bioma, o Cerrado, a técnica tem sido aplicada também em outras unidades de conservação, como no Parque Nacional do Araguaia, que teve início das atividades de queima no dia 21 de junho. Na ocasião, contou com apoio de cinco agentes e de uma aeronave a serviço do ICMBio. O helicóptero foi utilizado para otimizar o trabalho dos brigadistas e permitir o acesso a áreas que neste período tem acesso por terra inviabilizado, por serem áreas alagadas.

As ações preventivas buscam garantir proteção à Mata do Mamão, uma região sensível que sofre com o impacto dos incêndios e tem esforços conjuntos do ICMBio, Ibama e Funai para garantir a proteção e integridade da mata. De acordo com o chefe do Parque Nacional do Araguaia, Lino Rocha, as ações devem prosseguir com responsabilidade até o final das janelas de queima, previsto para o dia 15 de julho. Nas porções sul e oeste, as queimas prescritas estão a cargo do Prevfogo, vinculado ao Ibama. Após o fim do período planejado, a gestão do Parque continuará monitorando a região a fim de proteger as áreas mais sensíveis e conter incêndios, se necessário.

Amazônia

De acordo com o coordenador de Manejo Integrado do Fogo (CMIF/ICMBio), João Morita, por questões relacionadas à umidade do ar, à vegetação e à temperatura, as queimas prescritas na região Norte ocorrem no período entre maio e junho. Na Estação Ecológica de Cuniã e na Floresta Nacional de Jacundá, ambas em Rondônia, as ações integram o calendário das unidades e são parte do planejamento do Plano de Manejo Integrado do Fogo (PMIF), em elaboração pela gestão das unidades.

De acordo com a analista ambiental do NGI Cuniã-Jacundá, Salomé Santana, é essencial criar barreiras à disseminação de incêndios, preservando, assim, os campos naturais. Na Estação Ecológica, há histórico de incêndios que ocorreram fora deste período e atingiram mais de 4.000 hectares. Diferente do ocorrido no incêndio, a queima tem baixa severidade e intensidade, mantendo a resiliência do ambiente. Na Floresta Nacional, a queima prescrita também tem o objetivo de realizar o controle de áreas com a presença de espécies invasoras (capim). Futuramente, será desenvolvido um projeto de recuperação com espécies lenhosas nativas da região.

No Parque Nacional dos Campos Amazônicos, onde mais da metade dos incêndios têm causas naturais, como raios, as queimas prescritas aconteceram durante quase todo o mês de junho. O objetivo é proteger matas ciliares e áreas úmidas, como veredas, que são mais sensíveis ao fogo. Ao todo, dezesseis pessoas atuaram nas queimas, cerca de cinco brigadistas por dia em campo.

Comunicação ICMBio


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